Turbi capta R$ 322 milhões; Kovi é vendida para fintech: os destaques da semana no ecossistema
Startup de locação e assinatura de veículos levantou a maior rodada de sua história, em mix de dívida e equity A semana foi recheada de anúncios no ecossistema de inovação. Se você ficou de fora, trazemos os principais destaques nesta edição da newsletter, como a captação de R$ 322 milhões pela Turbi, de locação e assinatura de veículos, em uma rodada que mesclou equity e dívida.
Também houve anúncios de M&A, a exemplo da aquisição da Kovi pela fintech nigeriana Moove, que foi investida pela Uber, lançamentos do unicórnio QuintoAndar, e o encerramento das atividades do Oxygea, veículo de CVC da Braskem.
Ainda falamos sobre o assunto que movimentou o mundo da tecnologia nesta semana: a ascensão do assistente de inteligência artificial da startup chinesa DeepSeek.
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Boa leitura!
Aportes
Turbi. A startup de locação e assinatura de veículos 100% digital anunciou a maior captação de sua história, com uma emissão de debêntures de R$ 250 milhões e uma rodada Série D de R$ 72 milhões, ambas concluídas no final de 2024. Com o capital, a empresa finalizou a transição para uma frota 100% própria, formada por mais de 5 mil veículos. A startup prevê um crescimento de 40% na receita de locação em 2025 e planeja captar R$ 1 bilhão para expandir ainda mais.
Neospace. Focada em inteligência artificial generativa, a startup recebeu duas injeções de capital. Vendeu 15% do negócio ao Itaú Unibanco por US$ 15 milhões (R$ 88,5 milhões) e captou outros US$ 3 milhões (R$ 17,7 milhões) em uma rodada de investimentos com apoio de investidores-anjo. Fundada em 2024, a NeoSpace desenvolve modelos de IA voltados para indústrias com alto volume de clientes, incluindo o setor financeiro.
Beauty for All. A beautytech, que conecta influenciadores, marcas e consumidores do mercado de beleza, levantou uma rodada de até R$ 15 milhões, liderada pela 4Equity e com participação do Mercado Bitcoin e outros investidores. A maior parte do capital será direcionada para esforços de media for equity, com foco na ampliação de parcerias com influenciadores, TV, mídia out of home e programática para aumentar a visibilidade da marca.
M&A
Kovi. A startup brasileira de aluguel de veículos para motoristas de aplicativos foi adquirida pela fintech nigeriana Moove, investida pela Uber. O valor da transação não foi divulgado, mas o movimento permite que a empresa inicie sua operação em outro continente e amplie a frota para 36 mil veículos. Fundada em 2020, a Moove adota o modelo drive-to-own, em que os motoristas pagam pelo financiamento dos veículos com o valor das corridas, e já opera em 19 cidades ao redor do mundo.
Hand Talk. Especializada em acessibilidade digital com uso de inteligência artificial, a startup foi adquirida pela Sorenson, líder global em soluções de comunicação para pessoas surdas e com deficiência auditiva. Fundada em 2012, a Hand Talk é reconhecida por seu tradutor virtual de linguagem de sinais e já tem mais de 3,3 bilhões de palavras traduzidas, atendendo grandes empresas, como Chevrolet e Samsung. A aquisição visa expandir o alcance das soluções da startup, com a missão de levar a acessibilidade a uma escala global, utilizando IA para criar uma jornada digital inclusiva. O valor do M&A não foi revelado.
Fenômeno
O início da semana foi marcado pela ascensão de um novo assistente de IA. A DeepSeek, uma startup chinesa fundada em 2023, alcançou a liderança nos downloads da AppStore nos Estados Unidos e já é um dos aplicativos gratuitos mais baixados no Brasil.
Criada por Liang Wenfeng, cofundador do fundo de investimentos High-Flyer, a empresa se dedica ao desenvolvimento da Inteligência Geral Artificial (AGI). Com um investimento de US$ 5,6 milhões, Wenfeng e sua equipe lançaram o DeepSeek-R1, um assistente de IA com 671 bilhões de parâmetros, que se mostrou de 20 a 50 vezes mais econômico que os modelos concorrentes em tarefas como reescrever textos, resumir documentos e revisar códigos. O serviço é gratuito, sem limite de mensagens, e está disponível em 69 idiomas, incluindo o português.
A fama repentina da plataforma fez com que algumas das empresas de tecnologia conhecidas como “7 magníficas” – Alphabet (dona do Google), Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla – perdessem juntas mais de US$ 600 bilhões em valor de mercado. Em uma publicação no X, Sam Altman, CEO da OpenAI, elogiou o modelo da chinesa DeepSeek, descrevendo-o como “impressionante”.
Movimentações
IA 1. A Psyche Aerospace, startup de São José dos Campos (SP), anunciou o lançamento de sua inteligência artificial. A Turing, apelidada de “ChatGPT do agro”, foi projetada para integrar dados gerados por robôs e drones utilizados no monitoramento de lavouras. A IA será capaz de adaptar suas respostas a cada produtor, otimizando as operações agrícolas. A plataforma será gratuita para produtores rurais e deve ser lançada em seis meses. O projeto faz parte de um plano maior da empresa, que busca captar R$ 100 milhões para construir uma fábrica que produzirá, em larga escala, drones de pulverização agrícola e outros equipamentos.
IA 2. O QuintoAndar anunciou duas novas soluções baseadas em inteligência artificial. A primeira, chamada QPreço, é uma ferramenta de precificação que usa dados públicos, como IPTU e ITBI, além de informações dos anúncios na plataforma, para ajudar os proprietários a determinar de forma mais assertiva o preço de venda ou aluguel de imóveis. A segunda novidade é uma ferramenta de busca que usa IA generativa. Ela faz uma varredura nos anúncios e mostra opções aos usuários baseada em descrições de preferências que podem ser enviadas por texto ou áudio. Ambas as funcionalidades serão lançadas inicialmente em São Paulo, com planos de expansão.
IA 3. O Google for Startups deu início à segunda edição do AI Academy, programa de aceleração voltado para startups que utilizam tecnologias de IA, machine learning e data analytics do Google Cloud. As 10 startups selecionadas para participar são: Avenue Securities, Azos, Conta Simples, CRMBonus, Gupy, Huna, Kenlo, Jeitto, Nomad e Sólides. O programa oferece workshops, mentorias e laboratórios práticos com o objetivo de capacitar as empresas a alcançar maior maturidade no uso de IA.
São Paulo. A novela em torno do transporte de passageiros por motocicletas na capital paulista ganhou mais um capítulo nesta semana. O juiz Eduardo Gouveia, da 7ª Câmara do Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou, na segunda-feira (27/1), a suspensão imediata do serviço até a decisão final da Justiça. A medida foi tomada em resposta a uma ação civil pública movida pela prefeitura, que solicitava a aplicação de uma multa diária de R$ 1 milhão, além de punição por crimes de desobediência caso as empresas continuassem operando com o serviço. A decisão afeta Uber e 99, que suspenderam temporariamente o transporte de passageiros por motos e afirmaram que irão recorrer da sentença.
Fim da linha
O veículo de Corporate Venture Capital Oxygea, criado pela Braskem em 2023 com a intenção de investir até US$ 150 milhões em startups, teve as suas atividades interrompidas. A informação foi confirmada pela companhia na noite de quinta-feira (30/1), por meio de um comunicado aos acionistas e ao mercado.
“A Braskem decidiu reavaliar e descontinuar novos investimentos na Oxygea, veículo da Braskem voltado para a transformação digital com startups no mercado. A mencionada decisão está alinhada ao direcionamento estratégico da Companhia de reavaliação e priorização de seus ativos e investimentos, tanto operacionais como estratégicos, na busca da otimização da alocação de capital e na sua geração de caixa”, diz a nota.
Sob a liderança do novo CEO, Roberto Prisco Paraíso Ramos, a Braskem iniciou um processo de reestruturação focado em redução de custos e realocação de investimentos, o que incluiu demissões e a reorganização do comitê que aprovava aportes do fundo.
Em junho do ano passado, a Oxygea anunciou seis startups selecionadas para a edição 2024 do seu programa de aceleração focado em sustentabilidade e indústria 4.0: Carrot, EloVerde, A4 Solutions, Flowls, PixForce, Trackfy, Multiledgers, Zaya e Balq. Encerrado em dezembro, o processo contava com a possibilidade de aporte de R$ 2 milhões em startups escolhidas, mas nenhum investimento foi anunciado até o momento da suspensão das atividades do fundo.
Oportunidades
Sustentabilidade. A Prefeitura de São Paulo, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e Bridge for Billions, abriu as inscrições para a segunda edição do BioCidades Empreendedoras, programa de incubação de negócios focado na restauração de ecossistemas urbanos. O programa, que apoiará 50 negócios nas cidades de São Paulo e Curitiba, oferece mentorias e formação para empreendedores em áreas como resiliência climática, bioeconomia e soluções para a adaptação urbana às mudanças climáticas. Com duração de seis meses, o BioCidades visa apoiar empresas em estágio inicial que desenvolvam soluções inovadoras para problemas como enchentes, aumento das temperaturas e escassez de recursos. Os interessados podem se candidatar até 9 de fevereiro pelo site.
Aceleração. O Instituto Caldeira, hub de inovação em Porto Alegre (RS), abriu as inscrições para a oitava turma do Ebulição, programa de aceleração focado em startups em fase de tração, com pelo menos 12 meses de operação e produto validado. Serão selecionadas 15 empresas para uma programação de conteúdo prático, incluindo diagnóstico, mentorias, masterclasses, talks, sessões de matchmaking com investidores e um Demoday. As inscrições podem ser feitas por startups de todo o Brasil e vão até 28 de fevereiro pelo link.
Curtas
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