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Startups da Amazônia enfrentam desafios de visibilidade para mostrar potencial de seus negócios

Startups da Amazônia enfrentam desafios de visibilidade para mostrar potencial de seus negócios


Painel realizado durante o Inova Amazônia Summit discutiu maneiras de colocar luz sobre negócios de inovação no Amapá As startups da Amazônia têm muito potencial, mas falta visibilidade. Esta é a conclusão do painel “Painel Além de global, local: O futuro dos ecossistemas de startups na Amazônia e o poder do território”, realizado durante o Inova Amazônia Summit, evento que estima a presença de mais de 5 mil pessoas entre os dias 21 e 23 de maio, na sede do Sebrae Amapá.
Para Ingrid Barth, chair do Startup20, as empresas da região amazônica se destacam por fazer muito com muito pouco. “Isso significa que o nível de criatividade tem que ser muito acima da média — e definitivamente é muito acima da média”, afirmou em palestra no evento. Entretanto, existe o desafio de alcançar mercado consumidor e outros investidores. “Estamos perdendo muitas oportunidades de ganhar dinheiro com os empreendedores da Amazônia, e os empreendedores também [perdem a oportunidade] de ganhar dinheiro com o resto do Brasil.”
A solução passa pela divulgação do que é feito na região, por meio da realização de mais eventos, como o próprio Inova Amazônia Summit e o Startup20, realizado pela primeira vez em Macapá, no ano passado. “O investidor não faz a menor ideia, e eu também não fazia, do potencial da região. Comecei a tomar essa consciência de um ano para cá”, diz Arthur Garutti, investidor e sócio da ACE Ventures, que está visitando o estado pela terceira vez.
“Esse é um trabalho que vai se retroalimentar. Eu começo a ser um ponto de divulgação para outros investidores, que estão principalmente em São Paulo, para que eles conheçam os empreendedores. Só é possível entender o ecossistema daqui conversando olho no olho”, afirma Gauritti.
Na visão do investidor, os empreendedores poderiam se unir para conquistar mercado e atrair investimentos. “Conversando com os empreendedores, percebi que todos estão tentando resolver, de forma isolada, os mesmos desafios: desenvolver canais de distribuição, criar um e-commerce, entrar no food service — no caso dos alimentos. Mas está todo mundo atuando de forma individual”, afirma. Essa atuação fragmentada dificulta o acesso aos grandes centros de consumo, como Sudeste ou Sul, já que compradores de grandes redes “dificilmente vão conseguir atender todos, porque a agenda deles é muito restrita”.
Garutti defende a criação de um movimento coletivo para levar os produtos amazônicos em bloco aos grandes mercados, o que “pode, inclusive, se transformar em um novo negócio — seguindo o exemplo do cooperativismo”. Esse olhar mais sistêmico, afirma, também contribui para atrair investidores. “É algo duro, mas real: investidores profissionais têm mandatos. Eles não podem investir em qualquer coisa, mesmo que amem o potencial do que está sendo feito aqui. A frase que mais escuto é que o negócio é incrível, mas ainda é muito pequeno.”
“Não é que todo mundo precise se tornar gigante sozinho, mas a força coletiva desses produtos pode, sim, se tornar algo grande. Se vocês estruturarem um projeto — como uma grande distribuidora de produtos da Amazônia, com DNA regional e propósito bem definido — eu tenho certeza: não vai faltar investidor interessado. Dinheiro não será o problema.”
Saiba mais
Alessandra França, fundadora do Banco Pérola, acredita que os empresários devem aproveitar a COP-30 como vitrine para que seus negócios sejam mais conhecidos e recebam investimento para crescer. “Aqui tem muita riqueza que precisa ser mostrada para o Brasil e para o mundo.”
Para ela, é possível que as startups também se destaquem nas finanças. “O Brasil tem um mercado financeiro muito forte, com uma indústria bem posicionada, incluindo grandes bancos e agora as fintechs. Mas bancarizar alguém em uma área remota não é simples, e há um caminho difícil entre ter um serviço financeiro disponível e o público realmente aderir. Coisas do dia a dia, como subir um documento em PDF, baixar um Excel, fazer uma selfie, lidar com celular, e-mail, token — tudo isso ainda é complicado”, diz.
Mas isso também representa uma oportunidade para empreendedores da região: há uma demanda clara por educação financeira e alfabetização digital. “O país tem características territoriais muito marcantes. Não adianta chegar ao Amapá e tentar resolver tudo de fora. São as pessoas locais que conhecem a cultura, indicam os clientes e fazem o processo de entrada acontecer da forma certa.”
Legado do Startup20 para visibilidade das startups
O estado do Amapá entrou no mapa das startups mais fortemente em fevereiro do ano passado, com a realização do Startup20, evento do G20 que apresentou as empresas da região para brasileiros e estrangeiros. Segundo o amapaense Lindomar Goes, presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o ecossistema de inovação da região não é o mesmo desde então.
“Antes do evento, o Amapá tinha 41 startups, e hoje temos 189, segundo dados do Observatório do Sebrae. Foi realmente um boom. Muitas já estavam com a ideia, e então conseguiram transformá-la em startup”, afirma. O sucesso do evento foi tanto que, em três meses, Macapá recebeu o Startup Day, que contou com a presença 1.400 pessoas.
“O Startup20 reforçou a ideia de que o Amapá pode, sim, ser protagonista.”
Barth, que foi uma das responsáveis pela organização do evento, relembra que era um desafio convencer pessoas a irem até Macapá. “As pessoas não sabiam onde fica o Amapá, e nem tinha voo direto de São Paulo. Devido a demanda, começou a ter”, afirma. Porém, ela acredita que o maior legado do evento é fazer o brasileiro conhecer o Brasil.
“Receber pessoas de diferentes estados e ouvir delas que tiveram suas vidas transformadas por essa experiência foi algo marcante. Muitas me disseram que, depois de virem para cá, nada mais foi como antes”, afirma. “Isso desperta a autoestima. As pessoas ficavam tão encantadas que, mesmo não sendo daqui, voltavam aos seus estados mais apaixonadas pelo Brasil. E, na minha visão, o maior desafio que enfrentamos hoje como nação é justamente esse — a construção da autoestima.”
*A jornalista viajou a convite do Sebrae
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