Startup de ‘hacker do bem’ capta US$ 13,5 milhões e desembarca no Brasil
A uruguaia Strike já opera em 20 países com soluções de testes de vulnerabilidade usado por empresas como Santander, Mercado Livre e Delivery Hero A Strike, startup uruguaia de cibersegurança, anuncia nesta quarta-feira (26/3) a captação de uma rodada Série A de US$ 13,5 milhões (R$ 77 milhões), liderada pelo FinTech Collective e acompanhada por Galícia Ventures, Greyhound Capital, FJ Labs e Canary. O capital será direcionado para dar início às operações no Brasil, expandir a atuação nos Estados Unidos e ampliar o portfólio.
A startup já atendia algumas empresas que operam no Brasil, como o Mercado Livre, e decidiu que o país deveria ser a próxima fronteira a ser desbravada. “O Brasil é um dos mercados mais visados por hackers, principalmente pelo tamanho do setor financeiro e os atores presentes no país”, aponta Santiago Rosenblatt, CEO e fundador da Strike.
O empreendedor diz que preferiu testar o produto em outros mercados antes de entrar no Brasil. “Estamos crescendo, conhecemos nossos clientes, temos pouco churn [perda de clientes] e metade das empresas com as quais temos fit estão no Brasil. Agora é o momento”, acrescenta. A Strike vai investir US$ 2 milhões (R$ 11 milhões) inicialmente para dar o start nas operações no Brasil, com um escritório em São Paulo.
O time brasileiro já tem cinco pessoas e, até o fim do ano, deve chegar a oito colaboradores. “Nós preferimos começar de forma eficiente, provando as métricas econômicas, tendo a certeza de que a fórmula vai escalar em diferentes mercados. Mostramos aos clientes o porquê de trabalhar conosco e, então, começamos a aumentar o time”, comenta.
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A Strike atende mais de 100 clientes em cerca de 20 países, com foco nos setores de finanças, saúde e tecnologia. Empresas como Santander, Delivery Hero e Okta utilizam as soluções. 70% da receita vem da América Latina, 12% dos Estados Unidos, outros 12% da Europa, e o restante de regiões na Ásia e Oceania. Rosenblatt estima que, em cinco anos, o Brasil deve representar pelo menos 25% da receita da startup.
O fundador tem apenas 28 anos, mas está envolvido com cibersegurança há 22: ele começou a hackear ainda na infância, aos 6 anos, encontrando vulnerabilidades em videogames e serviços de streaming. Mais tarde, já adolescente, descobriu falhas no PayPal que permitiam fazer compras em marketplaces pagando um frete muito baixo.
“Eu percebi que estava errado, que era uma forma de roubo. Entendi que era melhor usar aquilo para ajudar as empresas a se protegerem de outros como eu e comecei a trabalhar para companhias da América Latina e da Europa”, relembra.
Ele recebeu convites para trabalhar em big techs, como Amazon e Facebook, mas desistiu desse sonho para empreender. “Não fazia sentido para mim. As empresas gastavam milhões de dólares na defesa e continuavam sendo invadidas. Por isso, decidi fundar a minha startup para resolver esse problema”, conta.
A Strike foi fundada em 2021 para ajudar empresas a encontrar vulnerabilidades em seus sistemas antes dos hackers, a partir de testes de intrusão (pentesting). Rosenblatt deixou o emprego na Delivery Hero e conseguiu capital com os cofundadores da empresa para tirar o projeto do papel.
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A ideia não é nova: companhias já contratam hackers éticos para fazer os testes, encontrar vulnerabilidades e apontar como melhorar a cibersegurança, mas o processo costuma demorar em torno de três meses. Para resolver isso, a Strike criou uma plataforma que faz experiências em apenas duas horas, monitora vulnerabilidades em tempo real e gera relatórios de conformidade em segundos. O trabalho é feito por uma equipe de mais de 50 especialistas em cibersegurança de países como Estados Unidos, Canadá, Argentina, Espanha, Uruguai e México.
Com o novo aporte, a startup vai lançar as soluções Strike360 e Compliance Suite, que usam inteligência artificial para otimizar testes e oferecer certificações de segurança. O objetivo é automatizar 50% do processo até o fim do ano – incluindo os relatórios ao final da avaliação – com o uso das bases de dados da Strike. “Podemos analisar e compreender tudo o que os especialistas fazem a partir do tráfego que eles produzem ao realizar os testes. Desta forma, os hackers poderão focar no que eles amam, que é a atividade da invasão em si, em vez de gastar tempo com relatórios”, conclui.
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