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Saia customizada para festas juninas viraliza e impulsiona vendas em pequenos negócios

Saia customizada para festas juninas viraliza e impulsiona vendas em pequenos negócios


De acordo com especialistas, a velocidade com que as tendências se espalham nas redes sociais representa uma oportunidade e um desafio para empreendedores Nos últimos meses, uma peça de roupa vem viralizando nas redes sociais: a saia jeans com aplicação de bandeirinhas juninas. Alguns vídeos ultrapassam três milhões de visualizações no TikTok. A tendência, que nasceu no universo do “faça você mesmo” (DIY), com vídeos de internautas recriando roupas em casa, chegou nos pequenos negócios — que agora veem na peça uma oportunidade de aumentar seu faturamento durante as festas juninas.
Joice Silveira, fundadora da Joice Customização, de Curvelo (MG), foi uma das empreendedoras que colocaram a saia junina no portfólio de vendas. Ela trabalha com o DIY desde 2019, começou fazendo reformas e ajustes em roupas para amigas, até decidir abrir sua própria marca. Desde 2023 tem tem uma loja física, mas 70% do seu faturamento vem do e-commerce.
As saias de bandeirinhas vieram por demanda dos próprios clientes, de acordo com ela. “O pessoal via no TikTok e queria. Então decidi aproveitar a viralização. Fiz, postei e foi chuva de pedidos”, afirma Silveira.
Joice Silveira conta com uma loja física, mas 70% do seu faturamento vem do e-commerce.
Divulgação
Em duas semanas, a empreendedora vendeu cerca de 30 saias por R$ 279 cada, faturando R$ 8,3 mil — metade da sua receita mensal. Como a produção é manual e demanda de dois a três dias por peça, ela precisou envolver a família para atender a todos os pedidos. “Tem gente que eu nem consegui responder. Tivemos que recusar algumas encomendas porque a demanda está alta”, diz.
Segundo Cecília Rapassi, sócia-diretora da Gouvêa Fashion Business, o DIY vem ganhando força por atender a três demandas do consumidor: autenticidade, sustentabilidade e protagonismo criativo. “As pessoas querem se expressar de forma única, consumir menos e melhor. Elas estão encontrando nas redes sociais um palco para mostrar sua visão de mundo”, destaca.
A especialista acredita também que outro fator que vem impulsionando a moda é a nostalgia. Para ela, o DIY resgata práticas antigas, manuais e analógicas que “contrastam com o excesso do digital e despertam memórias afetivas”.
“Isso cria uma conexão emocional poderosa com o público. Embora haja um efeito de moda, o movimento DIY como cultura tende a crescer. A estética pode mudar, mas o impulso por customização e autoria deve continuar relevante nos próximos anos”, diz Rapassi.
Para a produção de sua saia customizada, Joice Silveira conta que se inspirou no molde criado pela influenciadora Laura Brito — que, em junho de 2024, postou uma saia feita com retalhos de jeans. O vídeo alcançou 7 milhões de visualizações e rendeu à criadora de conteúdo cerca de 50 mil novos seguidores.
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Em entrevista a PEGN, a influenciadora diz que está acostumada a ver suas criações servirem de centelha para negócios e renda para empreendedores, e que ela própria buscava por ideias dessa forma no começo de sua carreira. “Quando a gente joga uma inspiração na internet, ela vira de todo mundo”, afirma. Ela começou a customizar roupas em 2012.
Natural de Recife, Brito soma mais de 11 milhões de seguidores entre TikTok e Instagram. Segundo ela, suas criações buscam unir moda e cultura nordestina em releituras criativas. “O jeans é algo forte no São João, assim como a bandeirinha. Então, quis unir as duas coisas”, diz.
Neste ano, a influenciadora resolveu customizar um corset e até uma bota usando a mesma técnica da saia. O vídeo, postado em 20 de maio, está com 500 mil visualizações.
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Outra empreendedora que viu as vendas dispararem ao apostar na saia junina foi Luana Leopoldino, 41 anos, de Nova Lima (MG), criadora da marca Diva Que Customiza. Assistente social durante o dia, ela dedica o restante do tempo ao seu e-commerce, fundado em 2013 com peças de bazar.
“A customização apareceu como uma oportunidade quando eu estava desempregada. Uma prima me falou sobre isso e venho estudando e criando desde então”, conta.
Quando viu a saia de bandeirinhas viralizar nas redes, ela enxergou uma oportunidade. “Estou fazendo essas saias há um mês. Me inspirei em outros perfis, mas desenvolvi uma versão dourada e foi sucesso”, diz.
Leopoldino conta que já vendeu 15 saias, cada uma por R$ 279,90, e que leva três dias para produzir duas peças. A empreendedora também vende shorts customizados por R$ 259,90. A expectativa é que seu faturamento, que gira em torno de R$ 5 mil mensais, dobre durante o período junino.
Para Maya Mattiazzo, professora de canais digitais do hub de moda e luxo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a velocidade com que as tendências se espalham nas redes sociais representa uma oportunidade e um desafio para empreendedores.
“Produto tem em todo lugar, mas o que o empreendedor pode oferecer a mais?”, diz a especialista. “No geral, recomendamos que tendências façam parte do mix de um negócio. Mas, veja bem, é uma parte e não o mix todo”, acrescenta.
Mattiazzo relembra que é essencial que o empreendedor adapte o produto a tendência e não o contrário. Segundo a professora, para não perder a linguagem do negócio, todas as peças devem estar relacionadas ao estilo de vida do cliente.
“Um dos pontos mais importantes em tempos de trends digitais é não sair do seu nicho. Não levar a comunicação para algo que não é relevante para o cliente. Se ele não vê valor no DIY, então entregue o produto pronto ou faça sob encomenda. Não é porque é trend que todo mundo gosta ou vai querer fazer”, diz.
De olho nisso, Daniela de Freitas, 31 anos, de Quatá (SP), passou a investir nas customizações no ano passado. Dona da Yourself Store, ela começou vendendo roupas de porta em porta em 2020 e em cinco meses abriu sua loja. Nos últimos cinco anos, a empreendedora focou no varejo e agora vem investindo na customização.
Com uma máquina de costura que ganhou do pai, Freitas passou a fazer, sob encomenda, saias com bandeirinhas que custam entre R$ 297,90 e R$ 317,90. Ela adaptou a estética ao seu estilo e também começou a fazer calças com as bandeirinhas.
“Quando fiz outro modelo de saia, desenhei no papel, coloquei tecido e postei para ver o que o pessoal achava”, diz Freitas. “Comecei a divulgar tarde ano passado, mas neste ano anunciei em março e logo recebi várias encomendas”, acrescenta.
Daniela Freitas passou a investir na customização em 2024
Divulgação
Com a produção, seu terceiro vídeo no TikTok ultrapassou 600 mil visualizações e seus seguidores saltaram de 2 mil para quase 9 mil. Freitas já vendeu 30 saias e 10 calças, faturando R$ 8 mil. A expectativa é produzir mais 50 peças nos próximos meses.
“Agora que vi o poder da customização, pretendo focar nisso, fazer um curso de corte e costura e, quem sabe futuramente, criar minha própria marca”, afirma.
Como aproveitar uma tendência para impulsionar minhas vendas?
Para especialistas consultados por PEGN, cada vez mais o varejo vem escutando sua comunidade, testando rápido e criando produtos que dialogam com o que está viralizando nas redes sociais.
“Muitas marcas estão apostando em cápsulas, edições limitadas e cocriações com influenciadores ou consumidores para capitalizar essas tendências de maneira ágil. Algumas usam até a própria base de dados das redes para tomar decisões de design e produção”, diz Rapassi, da Gouvêa Fashion Business.
Porém, a especialista relembra que a moda é feita de ciclos que vêm e vão e é preciso ter uma proposta de valor sólida, ou seja, criar uma marca com personalidade e uma operação capaz de responder rápido às mudanças.
“O ideal é usar as tendências como combustível para inovar e atrair atenção, mas ancorar o negócio em algo mais duradouro: comunidade, propósito, qualidade de produto ou experiência diferenciada”, destaca.
Dessa forma, o empreendedor deve:
Ficar de olho nas redes sociais: acompanhar hashtags do seu nicho, seguir influenciadores-chave e observar quais conteúdos estão gerando engajamento;
Ser rápido: a velocidade faz a diferença. Reaproveite materiais e teste com seu público antes de produzir em larga escala;
Adaptar a tendência: o recomendado é que você coloque seu estilo no que vem viralizando. O diferencial de um negócio está na sua identidade;
Produzir conteúdo: de acordo com especialistas, o “como foi feito” vende tanto quanto o produto. Dessa forma, conteúdos de bastidores criam conexão.
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