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Receita de bolo anotada há mais de 50 anos por avó romena que fugiu da guerra vira negócio familiar

Receita de bolo anotada há mais de 50 anos por avó romena que fugiu da guerra vira negócio familiar


Mayara e Miriam Zolko, mãe e filha, comandam a Suricake, negócio em São Paulo criado há dois anos Em meio à herança cultural e ao sabor das receitas que resgatam memórias afetivas, Miriam e Mayara Zolko, mãe e filha, transformaram uma lembrança familiar em negócio gastronômico, a Suricake. A empresa, criada em junho de 2022, tem o nome inspirado na criadora da receita, a avó romena de Mayara e mãe de Miriam, dona Surica Meiler, que fugiu da perseguição nazista durante a Segunda Guerra e se estabeleceu em São Paulo.
Basicamente, o prato doce é feito com sete folhas de wafer crocante e finas camadas e cobertura de ganache, mas a combinação dos ingredientes e o ponto certo da calda é segredo que não é compartilhado. Miriam desenvolveu o Suricake a partir da receita de um doce de wafer, anotada há mais de 50 anos no caderno de dona Surica (ainda guardado pela família) e comum no leste europeu.
A princípio, a ideia de transformar o doce em um negócio foi inspirada pelos elogios dos amigos que apreciavam o sabor único e encorajaram a produção para venda. No entanto, Miriam resistia às sugestões, até que Mayara postou uma foto do bolo em seu perfil e recebeu a primeira encomenda, oficializando o começo da empresa.
Produção limitada
Além de Miriam e da filha, também estão à frente do negócio o filho Gabriel e o irmão da empreendedora, Persiu Meiler. O negócio familiar mantém uma estrutura enxuta e dividida: Mayara cuida das redes sociais, Miriam da produção, o tio se encarrega das compras e das entregas premium, enquanto Gabriel administra o tráfego pago.
A produção do Suricake é superartesanal e teve um investimento inicial modesto, de R$ 1 mil, para aquisição de ingredientes e embalagens. Com o aumento das encomendas, surgiu a necessidade de novos investimentos, sobretudo em fotografia do produto e em estratégias para divulgação.
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Em 2023, a demanda alcançou o limite da capacidade de produção, e a família precisou recorrer à ajuda extra para atender a todos os pedidos, o que se repete em períodos de alta demanda – em todas as datas comemorativas, judaicas ou brasileiras, as reservas para encomendas se esgotaram rapidamente.
Depois de avaliar possibilidades de expansão, a família optou por manter a produção em casa, pelo menos por enquanto, priorizando o conforto, a praticidade e a flexibilidade da equipe.
Negócios via rede social
O Instagram é o único canal de vendas e, também, a vitrine da marca. Todos os pedidos devem ser feitos por meio de mensagens diretas, sinalizando quantidade, sabor e formato.
Por conta da produção limitada, as encomendas devem ser feitas sempre até as 14 horas do dia anterior. Não é raro, porém, que ocorra ‘sold out’, atingindo toda a capacidade de produção possível, e seja necessário escolher outro dia para experimentar a sobremesa. A empresa faz entregas em toda a cidade de São Paulo e, quem quiser, pode retirar pessoalmente no bairro de Higienópolis.
O que começou como alternativa mais prática para vender e divulgar o produto, o Instagram acabou se revelando recurso assertivo que motivou a criação de um curso. “Tivemos mais de 30 vídeos que viralizaram organicamente. Um deles chegou a ter mais de 20 milhões de visualizações, o que ajudou bastante na divulgação”, comenta Mayara, que criou o “Método Suricake” para ensinar as técnicas de marketing digital adotadas na empresa.
Em relação ao prato, o Suricake se diferencia não apenas pela receita, mas também pelas parcerias que têm ampliado o portfólio de sabores. Isso porque, hoje, além do sabor tradicional de chocolate, a marca oferece opções como pistache, desenvolvido em parceria com a chef e ex-Masterchef Izabela Dolabela, e café, criado pelo gastrólogo Davi Laranjeira.
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Recentemente, lançaram uma edição limitada de baunilha, em colaboração com a marca Bauni. “As collabs acontecem organicamente, com pessoas que conhecemos e que acreditam no nosso produto. Os sabores de pistache e café são fixos”, explica Mayara.
Eventos corporativos no radar
Os doces têm formatos e preços diferenciados: o prato inteiro, que rende 20 porções, custa de R$ 290 a R$ 350, dependendo do sabor escolhido, enquanto a caixa com 6 unidades varia entre R$ 100 e R$ 120. Há ainda o suribaby, criação recente, que é uma versão míni embalada individualmente e ideal para eventos — o kit com 40 unidades custa de R$ 440 a R$ 560.
As versões menores foram lançadas para atender ao mercado corporativo e é justamente quando ocorrem encomendas do gênero que o negócio encontra seu maior desafio. “Costumam ser mais difíceis por causa do espaço e da capacidade de produção. Já tivemos que bloquear a agenda, mas dedicamos 100% de atenção para eles. No fim deu tudo certo e saíram perfeitos”, comenta a filha.
Os números de vendas e faturamento não são divulgados, nem a expectativa de crescimento. “Agora estamos focadas em melhorias, mas a expansão está naturalmente acontecendo em relação aos contatos e volume de produção”, admite Mayara.
Arquiteta por formação, tendo atuado muitos anos na área, Miriam trouxe para a produção diária a precisão e o detalhismo. Quem acompanha os vídeos postados na conta @wafer.suricake do Instagram se admira com a técnica que ela emprega para cortar os pedaços em tamanhos exatos, graças ao uso de um compasso.
Já a filha, apesar do sucesso crescente da empresa familiar, segue atuando como advogada e trabalha com governança corporativa em uma grande empresa. Ela confessa que ainda não domina todas as receitas. “Sei fazer o suricake de chocolate, mas as demais, ainda preciso aprender”, diz.
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