Pedido de chefe a funcionário recém desligado gera debate nas redes: ‘Me demitiu, agora quer favor?’
Relato viralizou e levantou discussão sobre dependência de empresas Logo após ser demitido, um profissional foi procurado por seu antigo chefe para “dar uma força” com um problema técnico que a equipe atual não conseguia resolver. O pedido foi enviado por mensagem de texto e argumentava que “era algo simples, não tomaria mais do que uma hora.” O caso ganhou repercussão quando foi exposto pelo especialista em carreiras do Reino Unido, Ben Askins e foi noticiado por diversos veículos internacionais, como o NYPost.
De acordo com as mensagens as quais Askins teve acesso, o ex-funcionário respondeu que só ajudaria se recebesse o dia de pagamento. Diante da negativa, o gestor apelou para o histórico de amizade entre eles e alegou que estava pedindo um favor. Mas o ex-colaborador foi direto: “Você me demitiu. Não tenho mais nenhuma obrigação com essa empresa. Se quiser meu tempo e meu conhecimento, me pague.” O vídeo de Askins com o relato alcançou 158 mil visualizações no TikTok.
A repercussão do caso trouxe à tona uma questão delicada — e recorrente — em empresas: a dependência de colaboradores-chave e a ausência de processos claros para retenção e transmissão de conhecimento. Diversas pessoas compartilharam histórias parecidas nos comentários. “Uau. Eu teria bloqueado o número e nunca respondido”, disse um. “Quando os empregos não têm nada, eles têm audácia”, escreveu outro.
Askins analisou o caso apontando o que ele chama de “tendência global” das empresas de depender excessivamente de alguns membros da equipe, o que coloca o negócio em risco. “O que você está fazendo demitindo a única pessoa que pode fazer o trabalho?”, perguntou.
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De acordo com o especialista, as empresas devem treinar e criar processos para que as pessoas consigam suprir as necessidades do negócio sem “incomodar” quem está de férias ou já não faz mais parte da equipe.
No Brasil, do ponto de vista jurídico, a recomendação é semelhante. Se, por acaso, houver a necessidade de contatar um ex-funcionário para realizar um serviço pontual, é preciso que exista um contrato e uma remuneração.
“O ideal é formalizar a contratação, mesmo que com escopo limitado. Isso evita riscos trabalhistas — como a caracterização de continuidade da relação de emprego — e reforça a segurança jurídica da empresa”, afirma Bruno Minoru Okajima, sócio especialista em direito trabalhista do Autuori Burmann Sociedade de Advogados.
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De acordo com Matheus Krauze, gestor de RH da SOFT Ice Cream, líderes devem adotar uma cultura organizacional que estimule o compartilhamento de conhecimento desde o início da jornada do colaborador. “Empresas que promovem colaboração entre times, treinamentos constantes e documentação contínua estão mais preparadas para lidar com desligamentos, sem prejuízo à operação”, diz.
Além disso, o RH tem papel fundamental nesse processo. “Ter políticas bem definidas para o desligamento e o pós-desligamento é essencial. Isso inclui deixar claros os limites legais, expectativas e, se necessário, mediar acordos pontuais com ex-funcionários, sempre com base na lei e na transparência.”
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