Para ser influenciador vale tudo? O que a saga de Maria de Fátima ensina a quem quer empreender no ramo
Interpretada por Bella Campos na nova versão da novela das 21h, a ambiciosa personagem desperta o debate: o que faz uma influenciadora “dar certo”? Especialistas e criadoras de conteúdo respondem A personagem Maria de Fátima (Bella Campos), da novela “Vale Tudo”, da Globo, tem apenas uma certeza na vida: ela quer se tornar uma grande influenciadora e monetizar nas redes sociais com o próprio lifestyle. Dessa forma, a Faty de 2025 repete o que Glória Pires fez com a mesma personagem em 1988, ao adentrar o imaginário coletivo como símbolo de ambição, beleza e desejo de ascensão, mas no contexto atual.
A história extrapolou a novela: Fátima ganhou um perfil oficial no Instagram, que já conta com 369 mil seguidores. Os vídeos postados já tem milhões de views e o feed está impecável. Mas será que isso basta para a personagem alcançar o que almeja na trama?
Para responder a essa pergunta, Pequenas Empresas & Grandes Negócios conversou com especialistas, agência e influenciadoras com um tempo relevante de estrada para saber o que realmente fideliza uma comunidade nas redes. Confira:
O que faria Maria de Fátima viralizar na vida real — e o que faria o público desistir dela
Segundo Fátima Pissarra, fundadora e CEO da Mynd, uma das maiores agências de marketing de influência do país, Maria de Fátima seria uma personagem perfeita para engajamento, mas com um risco: “Ela tem todos os elementos de uma influencer que chama atenção: beleza, atitude e ambição. Mas falta algo essencial: verdade. O público de hoje é rápido em perceber quando tem uma performance forçada. Se ela não tiver uma narrativa autêntica, vai viralizar em um vídeo e sumir no seguinte”.
Na mesma linha, o especialista em tendências digitais e professor do curso de marketing de influência da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Rafael Terra destaca que o sucesso nas redes sociais passa por construção de comunidade. “Se Maria de Fátima se mantivesse presa a uma estética de ostentação, sem escuta e sem vulnerabilidade, ela até poderia fechar campanhas pontuais, mas teria dificuldade em fidelizar. O que sustenta um perfil hoje é consistência de propósito, e não apenas beleza ou polêmica.”
Na prática: o que dizem influenciadoras que vivem do conteúdo
Priscila Pereira (@pricotahelp), 27 anos, viralizou no TikTok ao mostrar sua rotina de corridas sendo uma mulher gorda. “As pessoas querem verdade. Você pode até ter um vídeo de milhões de views, mas se não tiver continuidade, se não tiver uma história ali, não sustenta. Eu sou quem aparece nos vídeos — e quem fala de planejamento na agência. Isso é o que conecta.”
Para Jacira Doce (@jaciradoce), criadora que usa o humor em seus vídeos sobre moda, influenciar vai além de entreter. “Eu falo do que me atravessa. Tem gente que se vê em mim, e isso gera identificação. Maria de Fátima talvez fosse boa em chamar atenção, mas faltaria essa camada de profundidade.”
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Aline Maia (@alineueu), influenciadora que produz conteúdo sobre autoestima e autocuidado para mulheres negras, complementa: “Tem um público que busca referência, representatividade real. Se você entrega só imagem sem reflexão, a conexão é rasa. A galera percebe”.
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Influência como negócio e estratégia
Pereira, que também é estrategista de marketing de influência, conta que existem muitos desafios nos bastidores do mercado de influência digital. “Hoje, muitas marcas nem falam direto com o influenciador. Elas contratam agências de publicidade, que passam para agências de influência, que chegam até o criador. É um ecossistema. Se você não sabe como se posicionar e negociar, acaba se perdendo.”
Nesse sentido, Maria de Fátima teria vantagem: é ambiciosa, sabe se vender e se posicionar. Mas talvez fosse justamente isso que a impediria de criar vínculos duradouros com sua base. A personagem, afinal, sempre foi mais movida pelo interesse do que pelo afeto.
O mundo da influência em 2025 é mais exigente do que o glamour dos anos 1980, quando a primeira versão da novela foi ao ar e a personagem foi interpretada por Glória Pires. É preciso mais do que carão e look do dia. “Não tem fórmula. O que funciona é ser você mesma porque personagem, uma hora, cansa. Você ou o público”, diz Pereira.
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