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Negócios da floresta: como empreendedores da Região Norte impulsionam a bioeconomia

Negócios da floresta: como empreendedores da Região Norte impulsionam a bioeconomia


COP30 joga luz nos estados da Região e mostra como a bioeconomia pode transformar a Amazônia A bioeconomia da Região Norte do Brasil é formada, sobretudo, por pequenos e médios negócios que atuam em diversas cadeias produtivas, entre elas as de alimentos, biojoias, cosméticos, moda e turismo. Em comum, esses empreendimentos têm a missão de contribuir com a diminuição do desmatamento, possibilitando a valorização da floresta em pé como ativo ambiental, econômico e social.
“Dessa forma, reduz-se a dependência de atividades tradicionais, como pecuária e mineração, integrando novos modelos econômicos baseados no uso sustentável da biodiversidade”, afirma Manuele Lima, coordenadora de projetos do Centro de Empreendedorismo da Amazônia. O fortalecimento desses sistemas, acrescenta, “também cria oportunidades de trabalho, especialmente em setores como produção, processamento, logística e comercialização, impactando a geração de emprego e renda”.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém (PA), destaca a importância de incentivar a bioeconomia na Amazônia, impulsionando diversas iniciativas. Uma delas, liderada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae-PA), tem como objetivo preparar o empreendedor para aproveitar oportunidades geradas antes, durante e depois do evento.
“Milhares de visitantes virão para cá querendo conhecer nossa cultura, nossa gastronomia e, principalmente, nossa relação com a floresta, e estamos preparando os donos de negócios para mostrar como utilizamos recursos da biodiversidade para criar produtos e serviços de forma sustentável”, diz o diretor superintendente do Sebrae-PA, Rubens Magno.
Com os olhos do Brasil e do mundo voltados para a região, a expectativa de prosperidade cresce. Contudo, alcançar esse futuro promissor ainda exige um grande esforço. Um estudo do Amazônia 2030 – iniciativa de pesquisadores brasileiros dedicada a criar um plano de desenvolvimento local – revela uma realidade preocupante: é mínima a participação nacional, especialmente da Amazônia Legal (que abrange nove estados e 59% do território), no mercado global de produtos sustentáveis. Segundo a pesquisa, as empresas da região exportam cerca de 60 itens compatíveis com a floresta, gerando um faturamento anual de US$ 300 milhões. No entanto, o potencial real poderia atingir US$ 2,3 bilhões por ano, evidenciando um enorme espaço para crescimento.
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“Ajustes finos ligados a incentivos internos das organizações públicas e privadas são mais difíceis de entender e de consertar do que a falta de dinheiro. Culpamos uma suposta falta de vontade política, de coordenação entre órgãos públicos, mas não enfrentamos as dificuldades reais, que são menores e numerosas”, pontua Salo Coslovsky, professor da Universidade de Nova York e pesquisador do Projeto Amazônia 2030. “Por isso, estou animado com a iniciativa da ApexBrasil [Agência Brasileira de Promoção de Exportações] de investir no programa Exporta Mais Amazônia e nas Mesas Executivas de Exportação”, completa. Para ele, ações como essas “são mais produtivas do que remoer problemas”.
Extrativismo Sustentável

Viabilizar exportações e operações é um caminho repleto de desafios nessa região. “Vejo enorme interesse nacional e internacional de bancos de investimentos, fundos de venture capital, gestores, investidores-anjo e governos. Muita gente captando, mas ainda poucos negócios sendo feitos”, destaca Mariano Cenamo, empreendedor social e diretor da Amaz Aceleradora de Impacto.
Ele ressalta que deve haver uma mudança de mentalidade dos investidores para o impulsionamento de mais negócios: “É preciso considerar reduzir juros e se dispor a correr mais riscos. Na Amazônia, buscamos não só gerar renda e prosperidade, mas também combater problemas ambientais e sociais. Não dá para esperar o mesmo nível de garantia e de crescimento rápido que se espera de uma startup de tecnologia”.
Para Bia Saldanha, economista e empreendedora que atua há mais de 30 anos com ativismo ambiental, há questões sociais e econômicas a serem vencidas. “A Amazônia é problema, mas também solução. Precisamos lidar com o desmatamento, a destruição, a grilagem e a grave crise de segurança pública na região. Mas não estamos mais falando de um território desconhecido. Com a aplicação de tecnologias digitais dá para reduzir custos de produção e transporte, por exemplo, e conectar os povos da floresta para que eles se informem sobre como melhorar processos. Além disso, para o setor privado chegar, é preciso criar condições com políticas públicas básicas”, avalia.
O presidente do Memorial Chico Mendes, Adevaldo Dias, defende a importância de investir nas pessoas. “O que hoje se chama bioeconomia há tempos chamamos de extrativismo sustentável. É necessário formar, orientar e remunerar de forma justa as comunidades que trabalham com os insumos da natureza. Elas dependem da floresta conservada para sobreviver. E, se não forem estimuladas a mantê-la em pé, terão de procurar outras maneiras para se sustentar.”
A COP30 pode ser um divisor de águas, trazendo uma nova perspectiva para que as comunidades que fornecem matérias-primas, os artesãos e os pequenos e médios empresários finalmente sejam reconhecidos como peças-chave da bioeconomia da região. A seguir, conheça a história de seis empreendedores da Região Norte à frente de iniciativas que combinam inovação, sustentabilidade e impacto social.
Beleza Natural
BIOZER DA AMAZÔNIA – Desenvolvendo dermocosméticos, medicamentos fitoterápicos e produtos para a saúde com ingredientes da biodiversidade da Região Norte, Danniel Pinheiro faturou R$ 1,9 milhão em 2024
Divulgação | Ilustração: Getty Images
O conceito “feito na floresta” sempre esteve no DNA do negócio que Danniel Pinheiro, 31 anos, fundou em 2018, em Manaus (AM). No entanto, a Biozer da Amazônia começou a ser idealizada uma década antes, inspirada pelo trabalho de seu pai, Carlos Cleomir, 70, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa) há mais de 40 anos.
Frustrado com o fato de produtos de excelência, desenvolvidos a partir de pesquisas, permanecerem confinados ao meio acadêmico, o biólogo, que tem mestrado e doutorado em biotecnologia focada no desenvolvimento de biocosméticos, dermocosméticos e biofármacos com ativos da Amazônia, decidiu agir.
Em 2016, ele encontrou um parceiro de negócios, Domingos Amaral Neto, 57 anos, com vasta experiência em indústria 4.0 (integração de tecnologias digitais avançadas visando à maior eficiência, personalização e inovação). Dois anos depois, deram início à produção, transformando o conhecimento científico em inovação acessível. “A Biozer foi criada para inserir produtos da biodiversidade amazônica no mercado nacional e internacional, nas fórmulas de dermocosméticos, nos medicamentos fitoterápicos e em produtos para a saúde, como óleos cicatrizantes para diabéticos”, explica Pinheiro.
A empresa tem um laboratório de pesquisa e desenvolvimento capaz de criar formulações do zero para os mais variados produtos: “Não utilizamos base pronta. Somos uma deep tech [startup que desenvolve tecnologias disruptivas baseadas em avanços científicos e de engenharia] e elaboramos sinergias com ativos amazônicos por meio de tecnologia”.
Todo esse know-how é aplicado na Simbioze, marca própria de cosméticos da Biozer – que faz produtos de beleza para o rosto 100% naturais, veganos e de base florestal – e na fabricação para terceiros. Com ambos os braços de negócios, o empreendimento faturou, no ano passado, R$ 1,9 milhão e prevê dobrar esse valor em 2025. Hoje, exporta para cinco países, entre eles os Estados Unidos.
Desde o início, o objetivo foi utilizar insumos amazônicos de maneira que também beneficiasse o ecossistema. Para isso, há parcerias diretas com comunidades extrativistas de diversas regiões do Amazonas, impactando cerca de 2 mil pessoas. Pinheiro faz questão de negociar sem intermediários e de oferecer capacitação técnica, para que a extração seja feita de forma sustentável: “Isso garante a qualidade dos insumos e fortalece a autonomia e a geração de renda”.
Ele destaca ser “gratificante” ver os resultados positivos nas pessoas e na natureza. “Me sinto cumprindo um dever. Como manauara e amazônico, é um orgulho ajudar a manter a floresta em pé.’’
De Belém para Milão
VAL VALADARES – Depois de criar uma coleção-cápsula para a COP30, a estilista, que tem uma grife que leva seu nome, desfilou na Itália e encontrou uma sócia-investidora
Divulgação | Ilustração: Getty Images
Na infância, Val Valadares já usava a criatividade e a imaginação para vestir a sua única boneca de plástico, na comunidade quilombola em Jacundaí, interior do Pará, onde nasceu. “Desde os 4 anos eu sonhava em fazer moda, participar de desfiles internacionais”, recorda.
Mas foi no ano passado que a estilista, hoje com 57 anos, superou suas maiores expectativas. O ponto de virada veio da participação em um projeto para criar uma coleção-cápsula para a COP30, a convite do Sebrae-PA. “Foi um divisor de águas na minha vida profissional.”
A encomenda era desafiadora: desenvolver uma camisa temática marajoara. A empreendedora nunca havia trabalhado com estilo regional, mas criou uma peça que foi sucesso absoluto. Depois disso, ela cresceu no Instagram e foi convidada pelo Brasil Eco Fashion para um desfile em Milão, na Itália. Na volta, encontrou uma sócia-investidora e abriu uma loja na Estação das Docas, complexo turístico-cultural em Belém.
Antes disso, desde 2011, Val Valadares tinha uma grife, a Sob Medida (que mudou para o seu nome no ano passado), e trabalhava com alta-costura para festas, atendendo noivas, debutantes, formandas e outras clientes que desejavam usar suas peças em ocasiões especiais.
Ela conta que nem sequer investia em divulgação porque tinha uma clientela formada, e aumentar a demanda complicaria o fluxo de produção. “Foi apenas a partir de conversas com o Sebrae que passei a ter visão de futuro, a pensar no longo prazo e na possibilidade de expandir meu negócio”, afirma.
A estilista se destaca por sua moda autoral sustentável, utilizando materiais de alta qualidade e ecologicamente corretos, como botões de madeira produzidos artesanalmente. No ano passado, seu trabalho foi reconhecido com o selo Friend of the Earth, da World Sustainability Organization, uma certificação para produtos sustentáveis reconhecida em mais de 50 países.
“Hoje, capacitamos e geramos renda para mulheres ribeirinhas, que fazem o bordado marajoara das nossas peças. Temos oito funcionários contratados e sete prestadoras de serviço”, afirma.
Em 2024, a grife dobrou o faturamento de 2023, e a expectativa é bater R$ 1 milhão neste ano. Em 2025, o foco é a COP30, mas a partir do próximo ano o plano é exportar para o Oriente Médio.
Fruto sustentável
CARVÃO DE AÇAÍ – Com expectativa de alcançar R$ 1 milhão em receita neste ano, a startup fundada por Alex Pascoal retirou 120 toneladas de resíduos da natureza
Divulgação | Ilustração: Getty Images
Nos últimos anos, a polpa de açaí ganhou popularidade, conquistando tanto o mercado interno quanto o externo. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2023, o comércio do purê de açaí alcançou 70 toneladas, um aumento de 41% em relação ao ano anterior. O crescimento evidencia, entre outros aspectos, a grande quantidade de resíduos gerados por essa indústria.
Foi esse cenário que inspirou Alex Pascoal, 23 anos, em Macapá (AP), a encontrar uma solução inovadora: transformar o caroço da fruta em carvão. Ele e o pai, Edson Marques, 49, vinham experimentando os chamados finos de carvão vegetal, o pó residual da produção de carvão tradicional, que geralmente é descartado. “São toneladas de resíduos, e meu pai teve a ideia de reaproveitá-los para produzir carvão novamente”, conta.
Após aprofundar as pesquisas, eles chegaram à fórmula ideal, misturando os finos com o caroço de açaí – e assim nasceu, em 2022, a Carvão de Açaí. CEO da empresa, Pascoal destaca que a iniciativa reaproveita dois tipos de resíduos, beneficiando o meio ambiente e contribuindo para a bioeconomia: “Quando percebemos que o caroço poderia ser usado como carvão, vimos uma oportunidade de retirar esse material poluente da natureza e agregar a algo que, de outra forma, seria descartado”.
O negócio tem como missão produzir um produto sustentável. “Queremos transformar a produção de carvão vegetal, que contribui para o desmatamento e a emissão de gases poluentes, em uma alternativa ecológica”, afirma. O de açaí leva apenas um dia para ser produzido, enquanto o tradicional, feito a partir de madeira, demora de três a cinco dias. Além disso, o processo de fabricação não emite gases poluentes, diferentemente do convencional, que tem um grande impacto no efeito estufa.
“O carvão de açaí também oferece maior rendimento e durabilidade. Ele permanece aceso por mais tempo, gera mais brasa e quase não produz fumaça, o que o torna ideal para churrascos em apartamentos”, argumenta.
Atualmente, a startup conta com uma equipe de seis pessoas e processa cerca de 5 toneladas de matéria-prima por ano. Com um faturamento anual de R$ 140 mil, está prestes a captar novos investimentos, esperando alcançar R$ 1 milhão em receita neste ano.
“Já retiramos 120 toneladas de resíduos de açaí da natureza e mitigamos aproximadamente 260 toneladas de CO₂”, contabiliza.
Sabores do Brasil
MANIOCA – Joanna Martins e Paulo Reis desde 2018 produzem em Belém e comercializam para todo o país caldo de tucupi, shoyu amazônico, especiarias e feijões
Divulgação | Ilustração: Getty Images
“Sonhamos em ver produtos amazônicos no dia a dia da mesa do brasileiro. Assim como as pessoas provam e comem pistache, que vem de fora do país, também podem consumir o tucupi, que é nosso.” Essa visão é compartilhada por Joanna Martins, 44 anos, cofundadora da Manioca, ao lado de Paulo Reis, 33.
Desde 2018, a indústria de impacto socioambiental produz e comercializa, de Belém (PA) para todo o país, temperos e acompanhamentos, com o objetivo de enriquecer as refeições com sabores mais autênticos e brasileiros. “O forte são o caldo de tucupi, o shoyu amazônico [à base de tucupi], as especiarias e os feijões”, conta.
O negócio surgiu a partir de reflexões de Martins durante uma temporada em São Paulo (SP), onde fez faculdade de publicidade. Ela sentia falta dos ingredientes de sua terra e percebeu, à distância, quanto a cultura amazônica era riquíssima e com acesso a tão pouca gente. “Só vi sua potência quando morei fora.”
No entanto, avalia Reis, há o grande desafio de superar a força do hábito: “Você oferece o produto, o consumidor experimenta e gosta. Mas o que queremos é que ele incorpore o ingrediente na sua rotina”. A missão, diz ele, não é simples. Envolve educação e questões mais concretas, como vencer as estradas e fazer a logística funcionar.
Em relação à cadeia produtiva, que demanda formação, treinamento e acompanhamento, o negócio vem colhendo bons resultados. A rede impacta diretamente cerca de cem pessoas, entre comunidades tradicionais, ribeirinhos e produtores da agricultura familiar, ajudando a preservar 257 hectares. Em 2023, contribuiu com o incremento de mais de R$ 350 mil na renda de 29 famílias de fornecedores integrantes do Projeto Raízes, responsável pela compra e assistência técnica, apoiando-os na sua profissionalização.
“Cresci assistindo na TV que a Amazônia não poderia se desenvolver porque precisava ser preservada. O imaginário prega que desenvolvimento é contrário à preservação, mas eles são complementares. Desenvolver é a solução para tudo: clima, território, diminuição das desigualdades”, reflete Martins.
A Manioca pretende interferir nesse processo: “No médio prazo, queremos ser a grande referência de produtos do bioma amazônico”, completa Reis. O faturamento e os aportes não são divulgados, mas a empresa conta com três investidores – ABF (fundo inglês), Amaz e Ajinomoto –, que, além de recursos, trazem o olhar da indústria para melhorar processos.
Joias da selva
SAPOPEMA BIOJOIAS – Com o propósito de valorizar o artesanato caboclo e a cadeia produtiva local, Regina Ramos produz brincos, colares e pulseiras com sementes amazônicas
Divulgação | Ilustração: Getty Images
Sementes de açaí, babaçu, castanha-do-pará, cumaru, ciringa, jarina, paxiúba e sapopema são algumas das matérias-primas utilizadas por Regina Ramos, 38 anos, na Sapopema Biojoias, na região metropolitana de Manaus (AM).
Ela coleta os insumos da floresta ou os adquire de comunidades extrativistas, sempre fazendo uma seleção cuidadosa para transformá-los em brincos, colares e pulseiras, que são vendidos por e-commerce principalmente para São Paulo e Rio de Janeiro, com preços que vão de R$ 20 a R$ 250.
Sua inspiração para as criações vem de sua conexão com a ancestralidade: “Sou cabocla ribeirinha. Minhas peças têm uma pegada mais afro, são diferentes das indígenas, também comuns por aqui”.
A Sapopema Biojoias nasceu com o propósito de valorizar o artesanato caboclo e a cadeia produtiva local. “Integra a bioeconomia e representa uma solução baseada na natureza”, afirma.
Ramos enfatiza que as matérias-primas respeitam o ciclo natural das sementes: são recolhidas no final da safra, quando os animais já se alimentaram e elas foram dispersas pela floresta de forma natural.
A empreendedora compra matéria-prima de produtores da sua comunidade e da região. “Também adquiro peças de madeira reaproveitada de marcenarias, que transformo em gotas, folhas e outros acessórios para enfeitar os colares”, diz. A durabilidade é um princípio fundamental nas suas criações: “Minhas peças não são bijuterias descartáveis. São biojoias resistentes e duradouras”.
O empreendimento nasceu em 2017, após Ramos superar uma depressão pós-parto e se libertar de uma relação abusiva. Em busca de reconexão com suas raízes, ela retornou à comunidade Carão, localizada em Iranduba, que abriga seis famílias.
É lá que mantém seu ateliê e distribui trabalho, de acordo com a demanda, como uma encomenda recente de 800 colares. “As mulheres que contrato trabalham na higienização e no polimento, e cortam e lixam as sementes para eu montar as peças”, fala.
O ano de 2024 foi marcante para a empresa, que recebeu em 2023 um aporte de R$ 30 mil da aceleradora Lab de Impacto, do Impact Hub de Manaus. Esse recurso possibilitou a compra de equipamentos, como uma polidora, para aumentar a produção. “Nossa meta era faturar R$ 50 mil no ano passado, e superamos essa expectativa em 50%.”
A força do cariru
AMAZON BIOPROTEIN – Prestes a lançar um suplemento à base de cariru, Antonia Bezerra gerou mais de 30 empregos diretos e indiretos, especialmente para pequenos agricultores
Divulgação | Ilustração: Getty Images
Após enfrentar desafios pessoais, Antonia Bezerra, 77 anos, de Macapá (AP), encontrou uma saída na educação. Determinada a seguir um antigo sonho, voltou à sala de aula para cursar nutrição. Durante uma apresentação oral, foi surpreendida pelo incentivo de um professor. “Você sabe o que é uma startup?”, perguntou ele, sugerindo que ela se daria bem nesse universo.
Curiosa, mergulhou nas pesquisas. “Aprendi que precisamos focar em um público, identificar seus problemas e oferecer soluções”, explica. Foi então que sua neta, da área de biomedicina, mencionou a falta de suplementos proteicos naturais no mercado. O cariru, uma planta amazônica tradicionalmente consumida há gerações na região, imediatamente veio à sua mente.
Após entender seu potencial nutricional, ela fundou, no ano passado, a Amazon Bioprotein, assumindo o papel de CEO. A startup está na fase final de pesquisa e desenvolvimento do suplemento, com lançamento previsto para este ano. Enquanto isso, produziu um pó nutritivo de cariru, prestes a ser comercializado com a ideia de enriquecer a merenda escolar em escolas do Amapá.
Desde o início do trabalho com essa planta, a Amazon Bioprotein gerou mais de 30 empregos diretos e indiretos, especialmente para pequenos agricultores e comunidades tradicionais, fomentando a economia local. “Nós promovemos a capacitação e boas práticas agrícolas e de manejo”, afirma Bezerra. “Introduzimos o cariru no mercado como um ativo econômico sustentável, destacando-o como um exemplo de recurso regional com grande valor agregado.”
Ela conta que os próximos passos são investir em mais equipamentos para finalizar o suplemento, o que vem sendo possível graças à chegada de um sócio-investidor. A empreendedora está otimista quanto ao futuro. “Nossa expectativa é faturar R$ 1 milhão no primeiro ano de comercialização.”

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