Mulheres com uma franquia dominam perfil empreendedor no franchising, diz pesquisa
Segundo o levantamento “Perfil do Franqueado & do Multifranqueado”, cresceu o número de franqueados e a maioria quer abrir mais lojas Mulher, branca, entre 36 e 55 anos e que possui apenas uma franquia. Estes indicadores foram predominantes em 2024, segundo a segunda edição da pesquisa “Perfil do Franqueado & do Multifranqueado” realizada pelo instituto Hibou a pedido da consultoria CommUnit, à qual PEGN e Valor tiveram acesso em primeira mão.
O levantamento mostra que o Brasil tem atualmente 61.650 franqueados, que operam mais de 193 mil unidades. O número de empreendedores é 5% acima de 2023. A pesquisa ouviu mais de 500 pessoas, que representam mais de 200 redes de franquia, em outubro de 2024.
Neste ano, os franqueados responderam como se identificam em termos de etnia, segundo os critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A maioria é de empreendedores brancos (79%), seguido por pardos (13%), amarelos (6%) e pretos (2%). Para Denis Santini, CEO da CommUnit, apesar de a amostra não refletir a totalidade do franchising brasileiro, o resultado retrata o desafio do setor em melhorar a representatividade entre os donos de unidades.
Ele avalia que o dado mostra uma oportunidade para que franqueadoras e instituições financeiras melhorem o acesso ao sistema para empreendedores pardos e pretos. “É uma possibilidade para microfranquias [redes com investimento inicial de até R$ 135 mil], que podem ter um papel social para o primeiro empreendedorismo”, diz.
Como no ano passado, a predominância de mulheres (52%) chama a atenção. Elas são maioria entre quem opera apenas uma unidade (60%) e também nas multiunidades (55%), que gerenciam mais de uma franquia da mesma marca. Homens lideram entre multifranqueados multimarca (64%).
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Na rede de ensino de idiomas CNA, por exemplo, 51% das franqueadas são mulheres. A professora Ana Julia Sommer, 22 anos, abriu uma unidade no último mês de novembro, em Frederico Westphalen (RS), cidade que tem pouco mais de 30 mil habitantes. Ela espera recuperar o investimento de R$ 60 mil em até dois anos. A franqueada opera em todas as frentes: pedagógica, comercial, negócios e comunicação. “Ainda assim, é gratificante, porque estou realizando um sonho e atuando em uma área que eu gosto muito.”
Entre os segmentos pesquisados, o mais representativo foi Educação, com 25%, seguido por Moda (20%) e Beleza e bem-estar (16%). 70% dos empreendedores consultados responderam que possuem lojas de rua. A localização é seguida por shoppings (34%) e centros comerciais (19%).
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Vontade de empreender (26%) e oportunidade (22%) lideram as motivações dos franqueados, mas há quem opte pelo setor para diversificar seus negócios (12%). A maior parte dos respondentes (56%) afirma ter outra fonte de renda, sendo as principais outras empresas (39%), aluguéis (30%) e investimentos financeiros (25%).
Luciane Garcia, 51 anos, de Santana de Parnaíba (SP) é uma dessas empreendedoras. Ela trabalha como head de marketing e inovação em uma companhia de serviços de tecnologia para a área de saúde e decidiu empreender com uma microfranquia da Airlocker, de armários autônomos gerenciáveis para pensar na aposentadoria.
Em abril do ano passado, investiu cerca de R$ 100 mil do próprio bolso. Todos os dias, ela dedica duas horas à franquia antes de entrar no emprego e mais duas horas depois de sair. “Cerca de 25% dos meus ganhos são da Airlocker. Em 2025, quero chegar a 50%”, diz.
Mais da metade (58%) dos entrevistados pretende abrir novas franquias, sendo que 56% planejam inaugurar em até um ano. Para 67%, a escolha seria a marca em que já atua, o que é um bom recado para as franqueadoras, na visão de Santini, pois mostra que o investimento do empreendedora está funcionando. “O multifranqueado percebeu que, em um momento de margens apertadas, ele consegue compor sua renda ao abrir mais operações”, diz.
Tadeu e Francine Fernandes, franqueados da The Best Açaí em Vitória (ES)
Divulgação
Essa foi a opção de Tadeu Roberto Fernandes Lima Junior, 43 anos. Em sociedade com a esposa, Francine Fernandes Silva, 30 anos, abriu sua primeira franquia da rede paranaense The Best Açaí em Vitória (ES) há oito meses, com um investimento de R$ 350 mil. Hoje, é dono de três lojas da marca na cidade. “A partir de fevereiro, quero olhar outras cidades para expandir”, conta.
A pesquisa também mostra que há um crescimento na autonomia dos franqueados. “Isso acontece sobretudo nas decisões comerciais, como marketing e campanhas de incentivo”, diz Santini. Segundo os dados, apenas 15% não fazem investimento em canais digitais, e 38% aportam mais de R$ 1 mil por mês em cada loja.
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