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Indústria de 80 anos investe em inovação de startup ucraniana para combater mosquitos no Brasil

Indústria de 80 anos investe em inovação de startup ucraniana para combater mosquitos no Brasil


A Marangoni licenciou o desenvolvimento e a distribuição do Mosqitter no país e prevê faturar R$ 1,2 milhão com a nova frente de negócios Para empresas com muitas décadas de história, conectar-se ao que há de mais inovador pode ser difícil. Pensando nisso, Ricardo Marangoni, CEO da indústria familiar Marangoni, assumiu o desafio de frequentar feiras em busca de inovações para o negócio. Foi em uma dessas visitas que ele conheceu o Mosqitter, produto criado pela startup ucraniana de mesmo nome para combater mosquitos, e resolveu licenciá-lo para desenvolvimento e distribuição no Brasil.
A indústria criada por três famílias completou 80 anos em 2024. O core business é a fabricação de radiadores, ventiladores industriais e itens de defesa metálica, como os guard rails das estradas. Ao longo da história, a companhia também criou uma joint venture com a Meiser, indústria alemã, para produzir pisos metálicos usados em ambientes como plataformas de petróleo.
O CEO conheceu o conceito de skunk works – quando um grupo de pessoas trabalha em projetos inovadores, com poucas restrições de gestão – e resolveu aplicar no negócio, criando células independentes para emular um ambiente de startup dentro da indústria, utilizando a estrutura da empresa mãe, mas beneficiando-se da mentalidade e agilidade dos negócios inovadores. Alguns projetos foram desenvolvidos entre 2016 e 2021, sendo o principal deles um aplicativo para pagamento com reconhecimento facial em parceria com uma empresa de maquininhas.
A Marangoni resolveu descontinuar o projeto porque fugia do core da empresa e o CEO saiu em busca de um novo negócio para desenvolver na indústria. Ele conheceu o Mosqitter em uma feira em Las Vegas (EUA). “Tinha tudo o que ele buscava: era uma startup, com software embarcado em um hardware que demandava expertise em fabricação”, conta Pedro Moreira, gerente geral da S Protec, braço da Marangoni criado para tocar o negócio.
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Após a primeira conversa, as máquinas foram importadas para testes científicos em um laboratório que atende Bayer e Johnson & Johnson para a produção de repelentes, e testes empíricos em uma pousada localizada no Pantanal. As avaliações mostraram que o dispositivo reduziu em 93% a tentativa de picadas em humanos.
O Mosqitter promete interromper o ciclo de reprodução de pernilongos em até quatro semanas sem utilizar componentes químicos. Os totens têm um software que libera pequenas quantidades de gás carbônico e um feromônio natural para atrair as fêmeas – aquelas que picam os humanos. O objetivo é fazer com que os machos migrem do ambiente pela falta de fêmeas para se reproduzir. As máquinas podem ser usadas no combate a espécies como Aedes aegypt, Anopheles e Culex – os vetores de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Rede no interior do equipamento com mosquitos atraídos pela tecnologia da Mosqitter
Divulgação
A tecnologia foi criada e patenteada pela startup Mosqitter, fundada pelas ucranianas Anastasiia Romanova e Olga Diachuk. Enquanto a Marangoni negociava o contrato de licenciamento, a guerra com a Rússia teve início, forçando-as a migrar a sede da empresa para os Estados Unidos. A startup opera com a expansão por parceiros: no modelo de distribuição, feito em países como Canadá, Itália e Grécia, a fabricação continua na Ucrânia, mas no caso brasileiro, ambas as fases são feitas pela Marangoni – todos os componentes são nacionais, com exceção do processador (CPU) do equipamento.
A Mosqitter entrou com o processo de patente no Brasil, cedida para a Marangoni. Moreira afirma que também já tem um pedido para receber a carta de exclusividade do produto, emitida pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), o que pode isentá-los de participar de eventuais processos de licitação.
A Marangoni não divulga o investimento feito para iniciar a produção no Brasil, mas precisou fazer adaptações na experiência de uso para adaptar as máquinas ao público nacional. Segundo Moreira, também há uma troca próxima com a startup para desenvolver uma nova versão do software que atenda demandas locais. “Temos peculiaridades do mercado brasileiro. Trabalhamos em parceria com eles para fazer pequenas mudanças para facilitar o uso”, afirma.
A fabricação teve início em novembro de 2023 e, atualmente, a S Protec atende 90 clientes, com 130 máquinas em operação, em ambientes como hotéis – Rosewood, Tangará e Fazenda Boa Vista são alguns deles –, restaurantes e escolas. A startup ucraniana recebe royalties e cobra a ativação de cada CPU importada.
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A S Protec trabalha com venda e locação dos equipamentos. O custo da compra custa em torno de R$ 14 mil e, posteriormente, os clientes precisam seguir adquirindo os insumos, como o sachê com feromônio feito em laboratório, que devem ser trocados a cada 60 dias. Na locação, o contrato é de 18 meses, com custo de R$ 689 por mês. Nos dois casos, o cliente precisa adquirir também um cilindro de CO2.
Segundo o gerente, o equipamento funciona melhor na proteção para áreas mais restritas
Divulgação
Segundo Moreira, a projeção é encerrar 2025 com 250 máquinas vendidas e faturamento líquido de R$ 1,2 milhão. “Faremos mais investimentos em marketing para chegar a esse resultado. É um produto que se autopromove e isso já começou a acontecer, estamos colhendo os frutos e tende a se tornar uma bola de neve”, aponta.
A indústria também pretende vender os equipamentos para o setor público, aproveitando a experiência adquirida com os guard rails, para uso em ambientes como unidades básicas de saúde (UBS) e creches. O diretor declara que conversas já foram iniciadas no interior de São Paulo, em Mogi Guaçu, cidade vizinha à fábrica da Marangoni, a segunda maior no índice de casos de dengue no estado, segundo o g1.
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