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Franqueados ‘virais’ dão visibilidade para marcas e atraem novos interessados para redes; veja cuidados

Franqueados ‘virais’ dão visibilidade para marcas e atraem novos interessados para redes; veja cuidados


Nos últimos anos, as marcas têm flexibilizado normas e até revisitado contratos para que franqueados sejam porta-vozes locais As redes sociais se tornaram fundamentais da rotina de pequenos negócios. De acordo com a 9ª edição da Pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, conduzida pelo Sebrae, 70% dessas empresas utilizam ferramentas digitais para se comunicar com clientes e vender — e isso não é diferente nos negócios franqueados. Nos últimos anos, as marcas têm flexibilizado normas e até revisitado contratos para que franqueados sejam porta-vozes locais. Isso tem atraído não só vendas, mas também leads para novas unidades.
De acordo com Ana Vecchi, especialista em expansão de negócios e CEO da Ana Vecchi Business Consulting, a percepção sobre o poder do relacionamento do franqueado na comunidade fez com que as franqueadoras avançassem na mentalidade. “Eles perceberam o valor agregado e o verdadeiro sentido da palavra relacionamento. Quem vem trabalhando corretamente a linguagem de cada mídia, se posiciona claramente no mercado em que atua”, afirma.
A especialista afirma que hoje já é possível encontrar páginas oficiais de marcas que fazem referência às unidades franqueadas, com o nome da loja ou da região em que está localizada (@franquia_nomedaunidade, por exemplo), o que gera mais proximidade com o consumidor. “A interação é maior, os clientes conversam, perguntam e pedem por meio das mídias sociais ou do WhatsApp”, diz.
Essa evolução também passou a ser documentada nas esferas legais que regem o sistema. “Agora os contratos de franquia fazem previsões que deixam mais clara essa relação. Os documentos detalham como fica a situação das redes quando o contrato de franquia termina ou é rescindido. Existem cláusulas que impedem alteração de senha e login ou que determinam que a página seja encerrada, transferida ou devolvida para a franqueadora, por exemplo”, explica Thaís Kurita, sócia do escritório Novoa Prado Advogados.
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Na paranaense Anjos Colchões & Sofás, as redes sociais dos franqueados são criadas pela própria franqueadora, já com identidade visual, nome e estrutura padronizados. “A gestão dos perfis fica sob responsabilidade do franqueado, que deve seguir as diretrizes e padrões estabelecidos, mantendo a linguagem, a estética e o posicionamento da rede”, afirma Leonardo dos Anjos, diretor de franquias da marca.
A empresa afirma receber candidatos interessados em franquias a partir da visibilidade proporcionada por franqueados “virais”, embora não tenha uma métrica exata. “Acreditamos que a conexão direta dos franqueados com seu público, aliada à padronização da comunicação, contribui significativamente para a atração de leads qualificados.”
Ramon Ribas, franqueado da Anjos Colchões & Sofás
Divulgação
Um desses franqueados é Ramon Ribas, 34 anos, sócio de duas unidades da Anjos Colchões & Sofás em Juiz de Fora (MG). Ele conta que optou por utilizar as redes assim que abriu a primeira franquia, em março de 2021. “Estávamos no auge da pandemia, só notícias ruins. Minha esposa, Jacqueline [Ribas], teve a ideia de gravarmos vídeos fazendo coisas mais leves e divertidas. Começamos a fazer o marketing dessa forma e deu certo”, conta.
Atualmente, a primeira loja de Ribas tem cerca de 22 mil seguidores. “Para uma blogueira pode ser pouco, mas para uma loja de colchão no interior?”, brinca. O empreendedor afirma que nunca foi podado pela franqueadora, mas tem normas para seguir, como não falar mal de concorrentes.
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Os vídeos acumulam centenas de milhares de visualizações. Um já ultrapassou 7,6 milhões de espectadores. A estratégia trouxe resultados de vendas, como clientes interessados em adereços que aparecem nas filmagens, e de interessados em abrir a franquia, que são direcionados para a franqueadora. “Eles veem o vídeo e nos perguntam como funciona a franquia, querem saber mais informações”, diz o empreendedor.
Assim como Ribas, a advogada Cíntia Vieira Pereira Bringel, 45 anos, passou a usar as redes sociais para ajudar a turbinar a sua franquia da 3, 2, 1 GO! em Juazeiro do Norte (CE), especializada em viagens, sobretudo para Orlando, nos Estados Unidos. Ela investiu na unidade em dezembro de 2022, mas não sentia que tinha o retorno desejado.
Cíntia Vieira Pereira Bringel, franqueada da 3,2,1 Go!
Divulgação
Em julho de 2023, com o aval da franqueadora, criou a página Orlando para Iniciantes no Instagram. “Eu comecei a abordar o tema da minha forma, e aí as vendas apareceram”, diz. No mesmo ano, ela chegou a 8 mil seguidores, hoje são mais de 25 mil.
“Quando comecei, era 80% advogada e 20% influencer e dona de agência. Hoje, sou 80% dona de agência e influencer e 20% advogada. Eu ainda faço audiências e poucos atendimentos. O resto eu deixei com os meus sócios e agora eu me dedico mais à franquia”.
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Por mês, a empreendedora atende cerca de 20 famílias, clientes captados majoritariamente pelo perfil. Ela também recebe pedidos de informações sobre a marca de franquia. “Tem gente que hoje é franqueado por causa da minha página”, diz. De acordo com a 3, 2,1 GO!, as estratégias de Bringel foram replicadas, e o movimento ajudou a rede a crescer em 30% no número de unidades.
Em Pernambuco, a empreendedora Valdenice Passarini, 41 anos, dona de duas lojas da rede Emagrecentro também ajudou a angariar leads para a franqueadora por meio de sua atuação nas redes sociais. “Tem várias pessoas que foram meus clientes e compraram unidades. Eles disseram que gostavam da leveza que eu transparecia. Quando iniciei, só tinha uma Emagrecentro na região, hoje tem mais de 20, uma perto da outra”, diz.
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Redes sociais demandam tempo e planejamento
Apesar da espontaneidade aparente em seus vídeos mais recentes, Passarini afirma que fugia de redes sociais. “Eu gravava e chorava quando ia assistir. Não queria postar”, conta. Foi a necessidade de impulsionar o negócio que fez com que ela resolvesse assumir a frente dos vídeos para o Instagram de sua primeira unidade, aberta em 2018 em Jaboatão dos Guararapes (PE). Hoje a página tem 80 mil seguidores. “Era muito desafiador no início, mas depois eu peguei gosto.”
Ao ver postagens virais de transformações estéticas de pessoas, percebeu que aquilo poderia ser um caminho. O primeiro teste foi feito com o processo de emagrecimento pelo qual ela mesma passou.
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Assim como outros pequenos empreendedores, Passarini buscou parceria com influenciadores locais, mas o orçamento não era compatível com o que ela poderia pagar. Dessa forma, teve a ideia de oferecer tratamentos para amigos em troca de divulgação. “Comecei a ver que isso tinha muito resultado”.
Após os desafios da pandemia, ela fechou parceria com um influenciador, aumentou o número de seguidores e viu a visibilidade se refletir em incremento no faturamento. “Eu comecei a ser a cara do meu negócio.” Há sete meses, ela abriu uma segunda franquia em Moreno (PE).
Valdenice Passarini, franqueada da Emagrecentro
Carlos Andrade
Para encaixar a produção de conteúdo na rotina, Ribas, da Anjos Colchões & Sofás, decidiu que subiria um vídeo a cada sexta-feira. Os funcionários participam das gravações e até sugerem temas em alta para serem reproduzidos.
Com o tempo e as demandas de um outro negócio da família, focado na locação de empilhadeiras, ele precisou reduzir o ritmo das gravações — o que gerou cobranças dos seguidores, que aguardavam o conteúdo. Hoje, os vídeos não aparecem mais semanalmente. “A gente não é influenciador, eu não vivo disso. E dá um trabalho, sabe. Não é assim fácil pegar e fazer de qualquer jeito”, diz.
A atuação de Ribas nas redes atraiu a atenção de outros franqueados da rede, que passaram a procurá-lo para pegar dicas de como viralizar. Agora, ele planeja retomar a produção regular de conteúdo, com postagens a cada 15 dias.
5 cuidados ao apostar na visibilidade de franqueados para expansão
Estimular a utilização de redes sociais pelos franqueados pode ajudar a trazer resultados para as unidades e para a rede. No entanto, alguns cuidados são necessários — afinal, o empreendedor representa a marca em sua região.
“Em geral, boa parte dos que se tornam franqueados já eram consumidores encantados pelas marcas em que empreenderam. Reforçam o posicionamento e buscam interação. No entanto, não deve ser dada total liberdade à criatividade de franqueados, pois pode ser perigosa. Gosto não se discute, nem branding”, afirma Ana Vecchi.
Confira alguns pontos de atenção indicados pelas especialistas:
Estabeleça uma política que pode e deve ser atualizada de tempos em tempos. “Cada rede tem a sua, claro. E essa política não significa nada sem sua ampla divulgação à rede”, diz Thais Kurita.
Faça previsões contratuais do que acontece com o perfil da rede social em caso de término ou rescisão do contrato de franquia.
Se houver captação de leads, firme um contrato deixando todas as regras muito claras, inclusive os discursos de venda.
Determine se a operação desse franqueado/influencer é um exemplo para a rede. “Se esse influencer tiver uma operação ruim, é de se pensar se ele seria uma boa escolha para falar da marca”, diz Kurita.
Mantenha os critérios no processo de seleção de franqueados, de forma estruturada e responsável, independentemente do canal de onde o candidato venha.
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