Família dá cara nova a tradicional rede de lanchonetes carioca e espera faturar R$ 23 milhões em 2025
Geneal combina sabor de nostalgia com novidades para manter o cardápio mais interessante A Geneal está há seis décadas na vida do carioca. Na época em que foi fundada, no início dos anos 1960, a marca era conhecida pelo “cachorro-quente do carrinho com o toldo listrado”. Chegou a estar em mais de 100 pontos da cidade do Rio de Janeiro, grande parte na orla, mas também em locais como o estádio do Maracanã, cantinas de escola e eventos, como festivais de música.
Desde então, mudou de dono três vezes. Na primeira, foi comprada pela Brahma, na década de 1990. Por questões estratégicas, a indústria de cerveja acabou deixando a marca de lado. A Geneal passou, então, para uma rede de postos de combustível que tinha intenção de torná-la sua marca de loja de conveniência. Mais uma vez houve uma mudança de planos e o projeto foi cancelado.
No final de 1999, a Geneal foi adquirida pelo empresário Dimas Corrêa Filho, hoje no Conselho do negócio. Ele trabalhava no segmento de petróleo, soube que a rede de postos de combustível não ia mais trabalhar a marca e enxergou a oportunidade de retomar a história da Geneal. Quem toca a empresa hoje são seus filhos, Luciana Palhares, 36 anos, e Paulo Palhares, 28.
“Comecei como estagiária, em 2010, quando ainda estudava Administração. Logo que me formei, embora eu tivesse planos de ir para o mercado, meu pai me pediu para ficar e ajudá-lo a fazer o negócio crescer”, conta Luciana Palhares, diretora geral da Geneal.
É o que vem fazendo desde então. Com carta branca para implementar mudanças e novidades, foi responsável por dois rebrandings, o último, em 2020. Para ela, era importante rejuvenescer a marca sem perder a essência.
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Isso porque, claro, é importante se reinventar e criar coisas novas, mas respeitar a história. A empreendedora conta que a marca é muito forte na memória dos cariocas. Ela cansou de ouvir clientes contando que se recordam nitidamente de momentos com a Geneal na infância, na adolescência e na fase adulta. “Ela realmente acompanhou a vida de muitas pessoas. Já ouvi histórias de quem ia a jogos de futebol com o pai e sempre comia nosso cachorro-quente no estádio. Tem gente que vai à loja e chora”, diz.
Quiosque da Geneal
Divulgação
De geração em geração
Atualmente, são 15 lojas, cinco próprias e dez franquias. Os pontos principais ficam no Pão de Açúcar, nas praias do Leblon e de Copacabana, no aeroporto do Galeão e no shopping Rio Sul. Além disso, eles vendem seus quitutes nos estádios do Maracanã, São Januário e no Engenhão.
A Geneal também está presente em eventos – de todos os portes. “Fazemos mais de cem por mês”, conta Luciana. Vai de comemorações para dez convidados, festas privadas e corporativas, àqueles que reúnem milhares de pessoas como o Rio Open (torneio de tênis) e o Rock in Rio. Também é ativa no delivery.
Tanta demanda tem razão de ser. Nos últimos anos, a diretora focou na estratégia de ampliar o cardápio e aquecer o braço do atendimento a eventos. O cachorro-quente, marca registrada, continua sendo o carro-chefe e é feito com capricho: o pão é produzido em fábrica própria, que fornece também para os franqueados. E a salsicha vem de um fornecedor que fabrica uma receita exclusiva para a marca.
Além do sanduíche, os quiosques e as lojas oferecem salgados como coxinha, bolinha de queijo, esfiha, empanadas, croissant e pão de queijo. Têm ainda açaí e o Mate da Praia, bebida de fabricação própria que leva um blend exclusivo de ervas e que faz bastante sucesso. Nas lojas, o tíquete médio é de R$ 28.
Para os eventos, leva carrinhos (aqueles com o famoso toldo listrado) ou monta estações para servir os quitutes, de acordo com a necessidade do cliente. Neste caso, os salgados são menores, tamanho “coquetel”. Luciana afirma que tudo é customizável. Os projetos são criados para atender o que o contratante quiser e da forma que preferir. Em geral, eles encomendam um mix de produtos, mas não abrem mão do cachorro-quente e do mate, pontos fortes da casa.
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Espírito carioca
Graças à sólida fase de expansão – só neste ano serão mais três lojas físicas na cidade – e de estruturação, tanto dos pontos de venda quanto da atuação com eventos, a Geneal registrou um faturamento de R$ 20 milhões em 2024 e projeta atingir R$ 23 milhões em 2025.
Para a empreendedora, o trabalho árduo vem dando frutos, e não apenas em termos financeiros. “Nossa ideia sempre foi trazer a admiração pela marca de volta”, diz. Seguindo a ideia “tudo que o carioca gosta”, oferece comidas, bebidas, mas também afago na memória afetiva. A Geneal investe na roupagem carioca, resgatando cada vez mais a essência e a força do Rio – tanto, que faz parcerias com outras joias da cidade, como biscoitos Globo e sorvetes Itália, que também são comercializados por eles. “A Geneal é alto-astral e isso, junto com nossas delícias, também atrai os clientes”, afirma Luciana.
No ano passado, conta a diretora geral, a Geneal foi considerada patrimônio imaterial do Rio de Janeiro (título concedido pela Câmara dos Vereadores e validado pela prefeitura da cidade). “É uma conquista para a marca, um reconhecimento do trabalho que fazemos para levantar a cidade que a gente tanto ama. É uma assinatura do orgulho carioca”, aponta.
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