Energia elétrica mais cara: como empreendedores podem lidar com o aumento na conta
Especialistas dão dicas para o empreendedor incluir os gastos no planejamento financeiro e estratégias para driblar o aumento da bandeira tarifária A escassez de chuvas, o clima seco e as temperaturas elevadas que têm acometido parte do país foram as motivações apresentadas pelo Governo Federal para a revisão da bandeira tarifária de energia elétrica ocorrida nos últimos dias. Em um primeiro momento, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) havia sinalizado a necessidade de acionar a bandeira vermelha patamar 2, mas voltou atrás na última quarta-feira (4/9), reduzindo a gradação para o patamar 1.
Com a atual vigência, serão cobrados R$ 4,46 adicionais para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. Especialistas consultados por PEGN dizem que o aumento tarifário pode influenciar diretamente os pequenos e médios empreendedores, que precisam revisar custos e processos para readequar seus negócios e equilibrar as contas.
Como a bandeira vermelha patamar 1 impacta as PMEs
Quanto mais o negócio depende de energia elétrica, mais será impactado. Empreendimentos que utilizem equipamentos devem sentir a diferença na conta, como empresas de alimentação, beleza e cuidados pessoais, lavanderia e maquinários em fábricas e oficinas, por exemplo.
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De acordo com Renato Claro, sócio-diretor da Kick Off Consultores Associados, esses aumentos nos custos podem reduzir as margens de lucro e forçar as empresas a reconsiderarem seus orçamentos operacionais. Um dos riscos potenciais é diminuir a competitividade no mercado, uma vez que parte dos custos pode ter que ser repassada para a clientela.
Como incluir esse aumento de custo no planejamento
É preciso que o empreendedor incorpore os custos adicionais de energia no planejamento financeiro, considerando sazonalidades que podem interferir diretamente no consumo de energia elétrica — e, consequentemente, no valor da conta que chega no final do mês.
“Por exemplo, o uso de ar-condicionado pode aumentar significativamente durante o verão, enquanto o aquecimento pode ser necessário no inverno. Além disso, em períodos de alta demanda, como datas promocionais, pode haver um aumento no consumo de energia devido à maior necessidade de refrigeração para produtos”, explica Claro.
Com as constantes ondas de calor, por exemplo, demandas sazonais podem surgir repentinamente durante o ano. A dica é incorporar as variações de bandeiras tarifárias nas projeções de fluxo de caixa e no orçamento anual, permitindo que a empresa esteja preparada para flutuações nos custos.
“Tratar a energia como um insumo fundamental, assim como outras matérias-primas, ajuda a garantir que os custos sejam geridos de forma eficaz. Implementar um fundo de contingência para lidar com aumentos inesperados nos custos de energia pode proteger a saúde financeira do negócio”, alerta Claro.
Quando é possível repassar preços para o consumidor
A elasticidade para aumentar ou diminuir preços durante períodos de alta nos custos depende do ramo em que a empresa atua. Quando o consumidor é menos sensível a mudanças de preço, o negócio pode ter mais facilidade de repasse. No entanto, quando a concorrência é mais apertada e o cliente tem o bolso mais curto, a situação é diferente.
De acordo com ele, segmentos com mais potencial para flexibilizar preços são cafeterias gourmet, clínicas de estética avançada, supermercados de bairro, lojas de conveniência, pet shops com serviços de banho e tosa, entre outros. Por outro lado, negócios como fast-food, salões de beleza, lavanderias e academias sofrem mais para mexer nos valores.
“Empresas que não conseguem gerenciar eficientemente esses custos podem perder competitividade, o que prejudica tanto os empresários, que veem suas margens de lucro reduzidas, quanto os consumidores, que encontram menos opções e potencialmente preços mais altos. Portanto, é crucial que as empresas adotem estratégias de eficiência energética e gestão de custos para mitigar esses impactos e manter sua posição no mercado”, reforça Claro.
Estratégias para reduzir os impactos do aumento na conta de luz
Algumas estratégias podem ser adotadas pelas empresas para driblar o aumento na bandeira tarifária, reduzindo o uso de energia no dia a dia. PEGN conversou com Roberta Chaves, especialista em gestão empresarial, e Zoltan Schwab, executivo da Vh Sys, empresa de tecnologia especializada em soluções de gestão empresarial online para pegar algumas dicas. Confira:
Modernize de equipamentos: optar por equipamentos que consumam menos energia elétrica é uma alternativa eficiente para reduzir a conta de luz. Lâmpadas de LED, por exemplo, são mais econômicas, com uma eficiência energética que pode superar em 60% as fluorescentes e em 90% as incandescentes.
Invista em energia solar: se for viável, considere a instalação de painéis solares como principal fonte de geração de energia elétrica para o seu negócio.
Automação e controle inteligente: utilize sistemas de automação para controlar o uso de energia em tempo real, ajustando automaticamente a iluminação e a climatização com base na ocupação e nas condições ambientais.
Parcerias estratégicas: colaborar com fornecedores e parceiros para criar soluções integradas que aprimorem o uso de energia em toda a cadeia de suprimentos pode levar à redução de custos, permitindo repassar essas economias aos consumidores.
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