Ela vendia caipirinha na praia e criou um drink de caldo de cana que bateu 200 mil latas em três meses
Sthella Lima lançou a Xá de Cana em dezembro de 2023 depois de um ano desenvolvendo o produto. Pontos de venda saltaram de 25, em dezembro de 2024, para mais de 200 este ano “Tudo começou com uma bicicleta e um sonho”. É assim que Sthella Lima, 33 anos, define o início da Xá de Cana, marca de bebida em lata à base de caldo de cana, limão e cachaça que produziu e vendeu mais de 200 mil unidades nos três primeiros meses deste ano. Com pouco mais de um ano de existência, o negócio surgiu da adaptação de diferentes tentativas de empreendimentos de Lima no setor de bebidas alcoólicas. Para este ano, a previsão é de um crescimento de mais de 50 vezes no volume de produção em relação a 2024.
A ideia do negócio partiu de uma dor da empreendedora, que sentia falta da oferta de bebidas alcoólicas diferentes nas praias de Vila Velha (ES). Em 2021, quando ainda trabalhava como gerente de auditoria de uma distribuidora de gás natural, ela decidiu vender caipirinha de limão em uma bicicleta nas areias da região. “Apesar da vontade, logo percebi que isso não daria certo a longo prazo e dei um passo para trás”, diz.
Ainda decidida a empreender no setor, Lima encontrou no caldo de cana um caminho para produzir um produto com um insumo menos comum no mercado e com potencial para ser congelado, o que poderia facilitar a escala do negócio. Assim, ela começou a produzir caipirinhas com caldo de cana na cozinha de casa. “Com o tempo, acabei até produzindo a bebida para um casamento, quando fiz 24 litros. Nesse momento, notei o potencial da ideia e decidi investir para industrializar”, afirma.
Com um investimento inicial de cerca de R$ 50 mil, de capital próprio, a empreendedora deixou Vila Velha e foi para Belo Horizonte (MG). Lá, levou nove meses até chegar à primeira lata teste. De acordo com Lima, foram necessários ajustes desde a receita do produto, para adaptar a matéria prima às condições de industrialização, até a identidade visual da marca. Em dezembro de 2023, as primeiras latas foram vendidas, com uma produção de cerca de 3 mil unidades.
A empreendedora ressalta que a ida para a capital mineira foi essencial para conseguir consolidar a marca nos meses seguintes. “Eles já têm o know how de produção de drinks prontos. Além disso foi muito mais fácil encontrar mão de obra e empresas parceiras”, conta. Atualmente, com exceção da lata, aroma e suco de limão, os demais insumos são comprados em Minas Gerais, sendo a maioria de Belo Horizonte. O processo de fabricação é terceirizado, com dois parceiros para execução da produção e envase da bebida.
Belo Horizonte, a cidade escolhida por Lima para empreender, já vem se consolidando nos últimos anos como um celeiro de bebidas RTDs (Ready-to-Drink ou, em português, pronta para beber), com o sucesso de marcas como Xeque Mate, Lambe Lambe e Stone Light.
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O boom do Carnaval
No início de 2024, poucos meses após a produção das primeiras latas, a empresa viveu o primeiro Carnaval com a bebida nas ruas. “Na época, ganhamos prêmios e tivemos uma expectativa sobre a marca. Mas como o produto era novo e ainda não estávamos em muitos pontos de venda, as pessoas não conseguiam encontrar a Xá de Cana. Então foi um período importante, mas frustrante, por saber do potencial, mas não ter estrutura para suprir a demanda”, diz Lima.
Para a empreendedora, o primeiro ano completo de operação do negócio foi essencial para a adaptação do produto – com mudanças, por exemplo, na redução do teor alcoólico do drink – e para a preparação para expandir a escala de produção. Este ano, com atuação ainda focada em Minas Gerais, a empresa produziu mais de 200 mil latas em três meses.
“Já tínhamos o produto mais validado, novas estratégias de divulgação, agora até mesmo com influenciadores digitais, além de parceiros comerciais bem estabelecidos”, comenta Lima sobre o Carnaval de 2025. Até agora, o total de investimentos feitos na marca já passa de R$ 500 mil. O número de PDVs (pontos de venda) também aumentou. Em 2024, eram 25, contra mais de 200 este ano. De acordo com Lima, as vendas no e-commerce próprio também vêm crescendo, representando, atualmente, cerca de 5% do total de vendas.
A empreendedora afirma que os planos para o Carnaval de 2026 ainda estão sendo traçados. Até o final deste ano, ela projeta um crescimento de 200% no faturamento, em relação à receita obtida no primeiro trimestre de 2025, além da chegada em novos estados. Em São Paulo (SP), as vendas devem começar ainda neste semestre.
“Nós somos uma empresa de quase um ano e cinco meses, mas, ao mesmo tempo, com uma aceitação e crescimento muito altos para o período. Então, internamente, estamos nos adaptando e aumentando nosso nível de maturidade. Por isso, estamos demandando mais tempo para o planejamento estratégico daqui para frente, avaliando a possibilidade de entrada de investidor e ainda traçando as metas para 2025 e 2026”, conclui Lima.
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