Ela fazia tranças como renda extra e hoje tem estúdio focado em cabelos crespos que deve faturar R$ 1,5 milhão
À frente do Urbi Afro, Gabriely Beraldo aposta em gestão profissional para apoiar economia periférica e cultura afro-brasileira Com um ofício herdado de sua avó e tias, Gabriely Beraldo, 22 anos, apostou nas tranças para fazer renda extra durante a pandemia. Apaixonada pelo poder de expressão cultural e empoderamento do penteado de origem africana, ela viu na atividade uma oportunidade de negócio. Mas o que começou com atendimento domiciliar logo migrou para um espaço próprio. Batizado de Urbi Afro, o empreendimento faturou R$ 700 mil em 2024 e deve alcançar R$ 1,5 milhão neste ano.
Apesar da entrada no mundo do empreendedorismo por necessidade, Beraldo afirma que não demorou para que ela entendesse a importância e o potencial da profissionalização do seu trabalho. Fundado em 2020, o Urbi Afro começou enquadrado como MEI (microempreendedor individual), com a operação na casa da empreendedora, na região de Guianases, Zona Leste de São Paulo.
Em 2021, o negócio migrou para um espaço inteiramente dedicado, na mesma região, e a empreendedora viu a demanda pelos serviços crescerem. “Atendendo em casa, a cliente passava por todos os cômodos até chegar ao meu quarto. Senti que essa não era a imagem que eu queria passar e já tinha a vontade de me profissionalizar”, diz.
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Para divulgar o negócio, ela apostou nas redes sociais, compartilhando dicas sobre cabelo, resultados de clientes e registrando parte do seu dia a dia. Atualmente, o Urbi Afro conta com mais de 70 mil seguidores apenas no Instagram e uma média mensal de 32,1 mil visualizações orgânicas nos stories. Para Beraldo, a conexão com as clientes acontece em razão do propósito por trás do negócio.
“O Urbi Afro vai muito além de um salão de beleza. É um espaço onde as pessoas podem se reconectar com suas raízes e se sentirem mais confiantes e empoderadas. Cada trança que fazemos é carregada de história, cultura e um propósito maior”, afirma a fundadora.
Com o objetivo de aprimorar a visão estratégica e a gestão da empresa, em 2023, Renato Sousa, advogado e empreendedor de impacto social que também cresceu na periferia paulistana, uniu-se ao projeto. “Embarquei porque vi o entendimento da Urbi Afro de que, não é porque um negócio nasceu e está na periferia que a gestão não será profissional. Além disso, quis contribuir para um projeto que realmente apoia a economia local”, diz Sousa.
Segundo os empreendedores, o estúdio já conta com 22 trancistas parceiras e duas atendentes. Todas as colaboradoras moram próximo à região, exigência de Beraldo para apoiar a qualidade de vida das trabalhadoras. De acordo com a empresária, dez delas conseguiram deixar de participar de programas de assistência social com o retorno financeiro da atividade. A expectativa do negócio é chegar a 40 profissionais parceiras até o final de 2025.
Com um maior número de colaboradoras, novos serviços começarão a ser oferecidos neste ano, como atendimento 360º para cabelos crespos, incluindo cortes especializados, alongamento com cabelos humanos, próteses capilares, tratamentos naturais e serviços complementares, como manicure. Atualmente, 90% do faturamento do negócio vem do serviço de tranças. Com as novas frentes, a expectativa é manter a demanda pelo carro-chefe, mas fazer com que 50% da receita seja proveniente de outros serviços.
Para somar conhecimentos à estratégia de gestão, Beraldo afirma que deve ingressar em breve em um curso superior de administração. “Sei que para meu negócio crescer preciso crescer e aprender junto”, diz. A projeção é encerrar o ano com um faturamento de R$ 1,5 milhão. A partir de 2026, a expectativa é dar início a um projeto de expansão, levando o estúdio para outras periferias de São Paulo.
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