Eats for You investe em congelados para se recuperar no pós-pandemia e atinge breakeven
Foodtech mudou modelo de negócios para se adaptar ao trabalho híbrido e registrou crescimento de 183% na receita bruta no primeiro semestre de 2024 Testar e validar produtos e serviços com os clientes é uma prática normal para startups, assim como pivotar o modelo de negócios. No caso da Eats for You, foodtech de alimentação caseira para colaboradores de empresas, foram três mudanças em 7 anos de existência. Com a última pivotagem, no pós-pandemia, a startup chegou a um modelo bem-sucedido, que a ajudou a crescer em 59% de empresas atendidas, aumentou a receita bruta em 183% e a levou a atingir o ponto de equilíbrio.
“Só encontramos o product market fit quando entendemos o que o cliente quer pagar e se esse valor viabiliza o pagamento das nossas contas. Não significa que estamos livres do perigo, é um mercado de risco, nos reinventamos três vezes desde a fundação, mas o nosso modelo mental está preparado para os obstáculos”, afirma Nelson Andreatta, fundador e CEO da Eats for You.
Fundada em 2018, a foodtech nasceu com uma proposta de produção de marmitas caseiras, conectando donas e donos de casa que buscavam uma fonte de renda com quem queria se alimentar melhor durante o expediente de trabalho. Os pedidos precisavam ser feitos até certo horário e eram retirados em pontos de encontro. No segundo ano de operação, a startup cresceu 230% em relação ao ano anterior e fechou um investimento pré-seed de R$ 1,7 milhão com GVAngels e Bossa Invest. Mas a pandemia forçou a Eats for You a repensar o modelo de negócio.
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“Vínhamos muito bem, mas fizemos um modelo para atender dentro das empresas e as pessoas estavam em casa. O negócio se tornou obsoleto em dois anos. Depois da pandemia, voltamos com o modelo original, mas ele não se sustentou, o trabalho híbrido veio para ficar, algo que só esperávamos acontecer lá para 2030”, relembra.
O CEO diz que a essência continua a mesma: fornecimento de alimentação, geração de renda e fomento ao empreendedorismo. No pós-pandemia, a startup desenvolveu o produto de comidas congeladas, sem uso de conservantes – além de donas e donos de casa, a foodtech também trabalha com pequenas e médias cozinhas profissionais no novo modelo.
O delivery, que foi testado durante a pandemia, foi descontinuado. A startup só usa motoboys no frete das cozinhas até as empresas contratantes – toda a parte de embalagem e logística é gerida pela Eats for You. “Não vemos futuro [no delivery], a não ser para grandes companhias que fazem investimentos massivos. O formato B2B tem custo de aquisição de clientes e valor vitalício do cliente (LTV) muito mais saudável, por isso encontramos um modelo sustentável”, aponta.
A Eats for You trabalha com dois modelos atualmente. No B2B, há a implementação de um ponto da startup dentro da empresa, com pagamento da instalação e mensalidade para disponibilização de refeições para café da manhã, almoço, lanche e jantar para os funcionários, que não precisam pagar pela alimentação. No B2B2C, a empresa paga para ter o serviço disponível, mas é o colaborador quem arca com os custos de cada refeição.
Geladeira com os produtos Eats for You em empresa
Divulgação
Inicialmente, a startup previa chegar ao ponto de equilíbrio em cinco anos de operação, o que foi adiado por causa da pandemia, segundo o fundador. A Eats for You gerou lucro pela primeira vez em fevereiro de 2024 – e se mantém no positivo desde então. Para chegar ao breakeven, Andreatta disse que tudo se baseou em governança, “palavra de ordem que sempre faltou nas startups”, de acordo com ele.
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“Abrimos a Eats for You sabendo que íamos queimar caixa por cinco anos, mas estourou a pandemia. Quando você tem metas claras, sabe quanto precisa vender para ter margem e ser lucrativo, você monta um plano para alcançar. A conta de crescer a qualquer custo não fecha mais, o consumidor não tem essa fidelidade”, opina.
No primeiro semestre de 2024, a foodtech cresceu 59% em pontos ativos dentro de empresas, de 119 para 189. O GMV (volume bruto de mercadoria) subiu 113%, de R$ 1,7 milhão para R$ 3,6 milhões em comparação com o primeiro semestre de 2023, com margem de contribuição aumentando 152%, ultrapassando R$ 1,8 milhão. No período, 500 mil refeições já foram comercializadas.
Apesar da experiência prévia como empreendedor, Andreatta diz que aprendeu que os números são um oráculo com a sócia da Eats for You, Ester Scheffer, que trouxe a maturidade de uma pessoa com mais de 60 anos para o negócio. “Quando o indicador está ruim, precisamos tomar uma decisão na hora. Ver o que deu certo e descobrir como potencializar isso”, indica.
Para chegar ao ponto de equilíbrio, a foodtech otimizou a operação, deixando de investir em ideias que não pareciam sustentáveis a longo prazo, analisando a fundo se seriam viáveis financeiramente. Também houve redução de 39% nas despesas fixas, como embalagem e frete – com o novo modelo de comidas congeladas, a reposição das refeições deixou de ser diária, diminuindo o custo da logística em 50%.
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A Eats for You atua em cinco estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná – e vai iniciar a operação no Distrito Federal em novembro. A expansão geográfica deve se acentuar em 2025, segundo o fundador. São cerca de 200 empresas clientes, com mais de 150 colaboradores. A startup não divulgou o número de profissionais que produzem refeições atualmente, apenas declarou que 3 mil produtores estão cadastrados na plataforma, número que também contempla aqueles que não estão ativos.
Com a última captação feita em 2022, quando recebeu um aporte da Alelo de valor não divulgado, a startup vai voltar ao mercado para uma nova rodada no futuro. Andreatta diz que pretende testar novos canais, como a abertura de restaurantes próprios dentro das empresas, o que vai demandar capital. “Estávamos muito focados no breakeven e ainda estamos colocando a casa em ordem antes da próxima reforma. Ainda não temos data para captação, nem sabemos o tamanho do cheque, mas a escolha do investidor é muito importante”, finaliza.
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