Depois de virar vegano, ele criou uma startup de produtos plant-based que fatura R$ 100 milhões
Fundada em 2015, a Vida Veg produz mais de 40 tipos de produtos de origem vegetal, que estão presentes em mais de 6 mil pontos de vendas no Brasil Criar alimentos veganos com gosto igual — ou melhores — do que os produtos de origem animal é o objetivo de Anderson Rodrigues, sócio-fundador e conselheiro da Vida Veg, startup de alimentos plant-based. O motivo é simples, diz o empreendedor. “Nosso público-alvo não se limita ao vegano, queremos atingir também as pessoas que estão diminuindo o consumo de carne. E elas até podem experimentar, mas só farão a recompra se gostarem do sabor”, afirma em entrevista a PEGN.
A estratégia tem se mostrado eficaz. A Vida Veg produz mais de 40 tipos de produtos de origem vegetal, incluindo leite, requeijão, queijo e iogurte — que são vendidos em seis mil pontos de venda em todos os estados do Brasil, em grandes redes como Pão de Açúcar e Carrefour. A empresa faturou R$ 100 milhões em 2023.
“Sabemos que existia um forte estigma de que os produtos veganos eram ruins e tentamos quebrar esse preconceito ao fundar a Vida Veg, em 2015”, diz o empreendedor. “Ao longo dos anos, a indústria tem se aperfeiçoado, e os produtos disponíveis no mercado, inclusive de outras empresas, são muito bons. Isso ajuda a melhorar a imagem do setor.”
A vontade de fundar uma empresa de alimentos plant-based veio de uma própria dificuldade de Rodrigues, que se tornou vegano após começar a trabalhar em uma ONG de proteção aos animais em 2010. “Entendi que seria coerente parar de consumir produtos de origem animal e passei a procurar itens veganos. Porém, não encontrei produtos bons que fizessem parte da minha rotina, como iogurte, requeijão e queijo. Pensei que não era possível que ninguém estivesse fazendo um produto vegano saboroso.”
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Na época, o empreendedor estava fazendo mestrado. Ele iniciou uma pesquisa para entender o comportamento do consumidor vegano e percebeu que mais pessoas passavam pela mesma dificuldade. “Com essa ideia confirmada, pensei em construir uma empresa para isso, mas não tinha dinheiro e experiência de mercado para empreender”, afirma. Então, Rodrigues, que é formado em Administração, começou a trabalhar como coordenador de marketing em uma grande empresa.
Em 2014, o empreendedor voltou a considerar a ideia de abrir um negócio. Pediu demissão e convidou o amigo Álvaro Gazolla, que é engenheiro de alimentos, para ser seu sócio e ajudá-lo no desenvolvimento dos produtos — cada um investiu R$ 80 mil para alugar e reformar uma antiga fábrica de laticínios na cidade de Lavras, Minas Gerais.
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“Olhamos para os produtos que já existiam fora do Brasil, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, que já estavam muito avançados em questão de qualidade. Vimos quais eram suas formulações e ingredientes para fazer parecido no Brasil”, diz Rodrigues. Cada produto era testado por uma média de seis meses até ter um resultado satisfatório. O primeiro produto lançado foi um iogurte de leite de coco.
Desde o início, a empresa focou nas vendas B2B, por meio de pequenas lojas de produtos naturais e redes de supermercado. “Inicialmente, as varejistas consideraram nossos produtos muito nichados, apenas para veganos. Nossa estratégia foi provar que atingimos todos os públicos, mostrando pesquisas com dados da tendência de consumo de pessoas buscarem alternativas de alimentos sem origem animal.”
Segundo Rodrigues, ao longo dos anos, os próprios consumidores passaram a pressionar as varejistas por alternativas veganas — o que tornou mais fácil a expansão da empresa em redes de supermercados.
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A Vida Veg chegou a abrir um e-commerce no início de 2021, em decorrência da pandemia, mas foi encerrado apenas dois anos depois.
“Para ter uma fábrica e pagar todos os seus custos, é preciso ter um grande volume de vendas, que vem deredes de supermercados. O e-commerce, enquanto aberto, era responsável por 5% do faturamento. Ao mesmo tempo, demandava um grande trabalho de logística, separando pedido por pedido de pessoa física”, diz Rodrigues. “O tíquete-médio do e-commerce era R$ 150, enquanto no B2B varia de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil por loja.”
O empreendedor diz que a Vida Veg já alcançou a maior parte dos pontos de venda que planejava no início do negócio. “Temos potencial para expandir em lugares em que já estamos, melhorando nossa exposição e fazendo ações de degustação. Também estamos analisando possibilidades de exportação para os EUA e a Europa”, conta Rodrigues. A previsão é que a empresa fature R$ 125 milhões neste ano.
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