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Da máquina de waffle de R$ 60 a restaurante temático, empreendedora explora estilo texano em Vinhedo

Da máquina de waffle de R$ 60 a restaurante temático, empreendedora explora estilo texano em Vinhedo


Há 13 anos, Carla Furlan começou a produzir na garagem de casa e hoje comanda o Barn Lodge & Café, que cresce 100% ao ano Vinhedo, no interior de São Paulo, tem entrado no GPS de centenas de famílias e grupos de amigos semanalmente. São clientes ou curiosos que se deslocam de toda a região para conhecer o Barn Lodge & Café, um restaurante com pegada texana a 70 quilômetros de distância da capital.
A empreendedora Carla Furlan é quem está por trás do empreendimento, inaugurado há menos de dois anos. A construção de 1 mil metros quadrados em formato de celeiro é a concretização do conceito desenvolvido por ela, que pensou em cada detalhe para tornar o Barn um espelho da sua ligação carinhosa com o sul dos Estados Unidos.
O que os mais de 7 mil visitantes mensais não imaginam é que o negócio começou com uma máquina de waffle comprada há mais de 15 anos, em uma loja norte-americana do Walmart, ao custo de US$ 10 dólares.
“O início do Barn tem a ver com nossa paixão pelo estilo rústico e aconchegante que encontramos no Texas. Ficamos encantados desde a primeira visita com o modo de vida de lá, a comida farta e os celeiros vermelhos”, diz Furlan. Foi numa das viagens da família — são duas por ano, mais ou menos — que ela descobriu uma comida diferente, que nunca tinha visto ou provado no Brasil: o waffle.
Quis trazer a experiência para casa. Adquiriu o eletrodoméstico na famosa rede de supermercados, a cunhada que reside por lá descolou a receita tradicional e, de volta ao interior paulista, passou a preparar o prato para as amigas. A aprovação foi unânime, e Furlan começou a ouvir conselhos para comercializar a novidade.
Formada em Direito, sem atuar na área, e à época com os dois filhos pequenos, ela decidiu seguir as recomendações. Em 2012, abriu a Original Waffle, sua fábrica de waffles, ainda em funcionamento. Dez anos depois, nasceu o Original Farmers Market, uma primeira versão do Barn Lodge & Café que era, na verdade, uma loja de venda direta da manufatura para apresentar os cerca de 50 produtos desenvolvidos até então. Apesar de instalada em sala comercial, a decoração interna mais rústica já remetia ao estilo texano.
O sucesso foi imediato e sinalizava a necessidade de mais espaço. Furlan sentiu a urgência e, conforme frisa, um chamado divino para uma empreitada muito maior.
“Sentia que era um incômodo, que eu tinha que fazer algo a mais, diferente, voltado para pessoas”, diz ela, cristã da Igreja Batista, que faz questão de valorizar seus valores dentro da empresa. No Barn, por exemplo, não são comercializadas bebidas alcoólicas nem é permitido fumar, inclusive na área externa.
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Zero grana e clientes grandões
A jornada de Carla Furlan no mundo dos negócios começou com a cara e a coragem, sem investimento nenhum, só os gastos para insumos que eram repostos conforme as vendas aconteciam. Ela lembra que, inicialmente, produzia os waffles sozinha na garagem de casa, após os filhos dormirem.
“A primeira batedeira profissional foi comprada só depois de um tempo, a crédito. Eu fazia tudo até de madrugada: preparava o waffle, assava, esperava esfriar, embalava, congelava e, no dia seguinte, eu mesma entregava para os clientes. O lucro era mínimo, mas a satisfação de estar criando algo me motivava”, segreda.
Certa do potencial do seu produto, bateu na porta de grandes marcas, sem revelar a estrutura que tinha, mas garantindo o fornecimento. Um dos primeiros clientes foi a Starbucks (para quem fornece o bolo red velvet até hoje), então com 60 lojas.
A linha de produtos só crescia, a produção caseira cedeu lugar à industrialização em espaço próprio e a cartela de clientes aumentava satisfatoriamente. “Vejo minha fábrica como uma linha ‘pré-industrial’, porque temos volume e escala, mas mantemos a produção mais natural, humana e artesanal em todos os processos”, argumenta.
Ao mesmo tempo, Furlan sentiu que precisava mostrar ao público o que produzia, criando a primeira versão do Barn Lodge & Café, em 2022. A loja de fábrica fez um grande sucesso mesmo com pouca divulgação. No primeiro mês faturou oito vezes o necessário para cobrir as contas operacionais.
A primeira batedeira profissional foi comprada só depois de um tempo, a crédito
Divulgação
Já no terceiro mês, com as sucessivas filas de espera, Carla Furlan e o marido Maurício — que havia deixado o cargo de executivo para empreender ao seu lado — saíram em busca de um terreno.
Adquiriram uma área de 30 mil metros quadrados (20 mil metros de área protegida), recrutaram profissionais e começaram a levantar a obra do jeitinho que a empreendedora imaginava.
Não fizeram alarde, evitando expectativas sobre data de inauguração ou mesmo o que estavam criando. Os próprios funcionários que seguiam no atendimento crescente do Original Farmers Market só souberam da “novidade” seis meses depois do início da construção.
Em julho de 2023, foi aberto o portão do Barn Lodge & Café, a operação que se tornou o maior empreendimento da família. Ocupando uma área de 8 mil metros quadrados do terreno, a estrutura contempla o salão em formato de celeiro, caixa d’água, moinho e estacionamento para cerca de 70 veículos.
“É a tradução de longos anos de inspiração norte-americana, tradições e gostos familiares, com o propósito maior de impactar pessoas. É um lugar em que os visitantes podem desfrutar de momentos únicos, viver uma experiência, cercados pela natureza, como muitos descrevem, ‘com uma paz diferente’ — e, claro, com sabores marcantes e deliciosos”, resume Furlan.
O Barn Lodge & Café funciona de quarta a domingo. O maior movimento é mesmo nos fins de semana, quando recebe em torno algo em torno de 800 pessoas por dia.
Os empreendedores não falam o faturamento mas, desde a abertura, o crescimento do Barn Lodge & Café cresce na casa dos 100% ao ano. A projeção para 2025 é a mesma.
Acesso livre, com exceção de pets
Não são cobrados ingressos nem consumação mínima para entrada no Barn. Os consumidores ficam ali, em média, por aproximadamente três horas, gerando um tíquete médio que vai de R$ 100 a R$ 120.
“Há quem passe o dia inteiro, lendo no sofá enquanto toma um chocolate quente, perto da lareira, ou na área externa, contemplando a vista, assando marshmallow na fogueira que temos no chão, durante o inverno”, cita a dona. O local não é pet friendly, principalmente porque a fábrica Original Waffle funciona no mesmo terreno, o que vai contra normas sanitárias.
Dos gastos, 80% vêm de consumo alimentar e 20% da loja no estilo farmhouse, com itens também desenvolvidos ali e provenientes de parcerias garimpadas pelos empreendedores, como velas, canecas, livros, mantinhas, itens decorativos e produtos congelados da Original Waffles.
No fim do ano, entrou em operação um e-commerce, com produtos selecionados, que são enviados para todo o Brasil. A loja virtual, aliás, é um dos projetos para expansão em 2025, incluindo aumento de portfólio e de vendas.
O Barn Lodge & Café funciona de quarta a domingo. O maior movimento é mesmo nos fins de semana, quando recebe em torno algo em torno de 800 pessoas por dia.
Divulgação
Desafio X crescimento
Crescer em tamanho não é expectativa para o Barn, segundo Carla Furlan. Seu objetivo maior é manter o padrão de atendimento e hospitalidade da equipe, que hoje reúne em média 60 pessoas.
“Sabemos que a venda vai acontecer porque, se o cliente se deslocou até aqui, ele vai consumir. Com nosso propósito de ser uma experiência, queremos atender bem, facilitar o bem-estar desse cliente, para que se sinta confortável e queira voltar. Dependo muito dos meus funcionários para isso, para que estejam envolvidos e levem aos clientes a sensação do que a gente vive aqui”, pontua.
Apesar de não pensar em ampliar o espaço principal, no fim do ano passado foi inaugurado o The Cabin, um deck suspenso construído bem próximo, para ser uma extensão do Barn e dar conta do volume de visitantes, sobretudo em datas especiais, como Dia das Mães — em maio passado, foram 1,7 mil só no domingo.
O desenvolvimento da área extra aconteceu após a empreendedora ver muitos clientes irem embora por não haver mais espaço no Barn, que comporta cerca de 280 pessoas sentadas.
“Teve dia que precisamos fechar os portões porque não cabia mais veículos no estacionamento e havia dezenas de carros alinhados, esperando entrar. Foi muito triste ver gente voltar para casa, pois eu sabia que as pessoas tinham saído de longe e não conseguiram ficar”, lamenta.
No The Cabin há mais 60 lugares, e o novo espaço traz uma proposta distinta, para também atender clientes recorrentes em busca de experiência diferente. Até o cardápio é outro, mas ainda na linha de comidinhas americanas, como sanduíche de lagosta, coxas de peru estilo Disney e outras opções que não estão disponíveis no Barn.
No prédio principal, o menu é formado por receitas que mesclam o tradicional café da manhã americano — leia-se waffle, bagel, american biscuit, panquecas, geleias, caldas, marshmallow, cookies, cheesecakes, torta de maçã, gingerbread, maple cream, bolo red velvet e muitos outros. Até uma linha própria de refrigerante foi desenvolvida. A maioria dos itens é produzida pela fábrica própria.
Alternativa para provar a maioria dos comes é optar pela Barn Board, a tábua com vários dos produtos mais frutas (R$ 299 para três pessoas), umas das mais pedidas. Há opções salgadas, também inspiradas na tradição texana, como brisket com milho, torta de frango, sanduíche com salmão defumado e mac’n cheese e por aí vai.
Franquias e Barn II? Não!
Carla Furlan é direta ao afirmar que não pretende trabalhar com franquias para o Barn Lodge & Café, nem construir uma segunda unidade. “Trata-se de uma colcha de retalhos da minha vida. É como se fosse uma coleção de memórias das minhas viagens, de coisas que vi e gostei no Texas. Fiz tudo, escolhi móveis, tecidos, forro de poltronas para que tudo ficasse do jeito que eu planejava e os clientes tivessem a sensação de estar numa casa aconchegante”, frisa.
A opinião muda quando o assunto é o The Cabin, a área nova recém-construída. “Por ter um formato menor, duplicável, se houver interesse, eu estaria aberta a pensar sobre a franquia deste projeto, que pode ser desenvolvido dentro de um parque, de um shopping”, exemplifica.
Para ela, porém, o sucesso não está nos ganhos financeiros ou expansões. “O que me move é ver que saí lá de trás, comecei minha vida nos negócios com meus 40 anos e hoje tenho 57 anos. Me sinto realizada, porque não sou exemplo do jovem que está começando, mas de uma pessoa mais madura que mostra que dá tempo, sim, de criar algo tão grande quanto tudo isso que construí”, finaliza Furlan.
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