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Como abrir um salão de beleza

Como abrir um salão de beleza


O segmento é promissor e, quando bem administrado, o negócio pode ser muito rentável Se tem uma coisa que o brasileiro valoriza é a aparência. Cabelo, então, está entre as principais preocupações com o visual. Não é por acaso que o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos desempenha um papel essencial na dinâmica da economia no país. De acordo com a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), o setor é responsável atualmente por cerca de 7,1 milhões de oportunidades de trabalho, que incluem áreas como indústria, franquias, consultorias de venda direta e salões de beleza, entre outros serviços.
Ainda segundo a entidade, os salões e beleza têm sido uma força propulsora do empreendedorismo no Brasil. Dados da PNAD/IBGE de fevereiro de 2025, consolidados pela Abihpec no seu estudo “Panorama do Setor” apontam registro de 2,8 milhões de oportunidades de trabalho em salões de beleza em 2024, um aumento de 3,4% em relação ao ano anterior.
Para 2025, a expectativa é de que o segmento continue a desempenhar papel central na geração de possibilidades de trabalho e no fortalecimento de novos modelos de negócios que promovem impacto econômico e social, na indústria, no comércio e na prestação de serviços, todos essenciais para a autoestima e o bem-estar.
Entre janeiro e abril de 2025, segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), foram abertas 91.235 empresas de “cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza”, um crescimento de 78,22% em relação ao mesmo período do ano passado. “Abrir um salão hoje pode ser uma iniciativa rentável a partir de um bom planejamento e uma preparação adequada, considerando seguir as exigências regulamentares de biossegurança, as normas técnicas e outras definições essenciais em relação ao negócio”, opina Consuelo Mello, analista do segmento de moda do Sebrae.
O mercado é promissor: “Mesmo em períodos de crise econômica, o setor [de salões de beleza] se mostra resiliente, impulsionado por fatores culturais e comportamentais: os brasileiros valorizam muito a estética, o autocuidado e a aparência. Além disso, o país tem uma grande diversidade de tipos de cabelo, pele e estilos, o que amplia o leque de possíveis serviços. Para o empreendedor, isso representa um cenário bastante favorável, com alta demanda e espaço para diferenciação”, afirma Pedro Luiz Batista Ferreira Junior, coordenador da pós-graduação de Gestão da Inovação nas Organizações Senac EAD.
Junior pondera que as altas taxas de juros e a inflação persistente podem ser prejudiciais ao crescimento do segmento de salões de beleza. “No entanto, se o empreendedor faz uma gestão empresarial eficiente, utiliza uma boa estratégia de atração e retenção de clientes, promove gestão financeira sistemática, controle de estoque dos insumos e dedica cuidados especiais à biossegurança do ambiente, esses desafios podem ser superados e os resultados positivos vêm”, diz.
14 passos para montar um salão de beleza
Assim como qualquer outro negócio, abrir um salão envolve providências básicas e específicas. A seguir, veja as principais dicas dos especialistas.
Faça um estudo de mercado. Ele é importante para entender o perfil dos consumidores da região onde pretende abrir o negócio, quais são os serviços mais procurados e quais são os salões concorrentes. A partir daí, defina o público-alvo, foco do serviço (se será premium, express, especializado em cacheados, barbearia, se também irá oferecer estética, depilação etc).
Observe a localização. Dê preferência a um lugar com boa circulação de pessoas, de fácil acesso, seguro e com estacionamento. “Também é importante checar a situação do imóvel, aspectos legais e financeiros; levantar custos de instalações que precisará fazer e de manutenção, além de despesas como IPTU, energia, água e condomínio, entre outras”, sugere Consuelo Mello, do Sebrae.
Planeje. Com as informações obtidas com o estudo de mercado, dá para elaborar um plano de negócios. É o momento de estabelecer metas, prazos e como vai chegar a eles. Além dos objetivos, é nessa fase que você deve projetar estimativas de investimentos, de receitas e despesas; e promover análise de viabilidades e ponto de equilíbrio. “Um P&L (demonstrativo de lucros e perdas) ajuda a prever os resultados financeiros do salão, inclusive considerando sazonalidades, promoções e campanhas de fidelização”, explica Pedro Ferreira Junior, do Senac.
Preste atenção ao trâmites burocráticos. Junior aponta que, entre as burocracias, está a escolha do regime da empresa – MEI, ME ou Ltda, por exemplo. A partir daí, é preciso obter registro da empresa (Junta Comercial), o CNPJ (na Receita Federal), alvará de funcionamento (Prefeitura Municipal), licença da Vigilância Sanitária e, dependendo do espaço, autorização do Corpo de bombeiros. “Em caso de contratação de empregados (CLT), é sugerido o enquadramento no sindicado da região. Se a contratação for de parceria com profissionais da beleza por meio da Lei do Salão Parceiro, o ideal é se afiliar a sindicatos patronais/profissionais para homologações dos contratos”, indica Consuelo Mello. Importante: a Lei do Salão Parceiro (13.352/2016) visa regulamentar a relação entre salões de beleza e profissionais autônomos. Na prática, permite que os salões contratem cabeleireiros, manicures e esteticistas como prestadores de serviço, sem vínculo empregatício, com segurança jurídica para ambas as partes.
Defina a estrutura do negócio. Quais serviços vai oferecer, quais marcas de produtos pretende utilizar (eles devem ser confiáveis e eficientes), qual o tamanho da equipe de que vai precisar, que tipo de experiências o cliente poderá desfrutar no seu salão. “De forma geral, um salão de beleza tradicional costuma oferecer corte, coloração, escova, hidratação, manicure, pedicure, depilação, sobrancelha e até estética facial e corporal. Já as barbearias, que vêm ganhando cada vez mais espaço no Brasil, focam nos cuidados masculinos, como corte, barba, sobrancelha, tratamentos capilares e em alguns casos, serviços de estética e bem-estar”, enumera o coordenador do Senac.
Planeje a montagem do salão. “O layout é importante do ponto de vista estético e funcional. O ambiente precisa ser acolhedor, confortável e, ao mesmo tempo, atender a exigências técnicas, como as sanitárias”, informa Pedro Ferreira Junior. A analista Mello dá sugestões pontuais para pensar na hora de arrumar o negócio: locais separados para armazenar materiais limpos e sujos, como toalhas, por exemplo; ambientes distintos para recepção, atendimento e área de esterilização de materiais; móveis ergonômicos para garantir saúde e conforto para clientes e atendentes. “Também vale levar em conta nichos de exposição de produtos, televisão para a recepção para entretenimento e para apresentação dos produtos e serviços; balcão para recepcionista, itens para decoração; mobiliário para acomodar clientes em espera, ar-condicionado e notebook e impressora para ajudar na administração”, enumera.
Considere equipar bem o local. Para Consuelo Mello, entre os principais móveis, equipamentos e ferramentas de trabalho no salão estão: bancada com gavetas e espelhos; cadeiras profissionais para clientes e cabeleireiros; lavatório; carrinhos auxiliares; luminárias para bancada; cadeiras para manicures; expositor de esmaltes; kits básicos para manicures; autoclave (para esterilização de materiais); insumos (como tinturas e outras químicas); modelador de cachos (babyliss); chapinha/prancha; secador de cabelos; kits de tesouras de corte; kits de escovas e pentes; kit de máquinas de corte e acabamento; acessórios diversos como tigelas e borrifadores; armários para estoque; cafeteira e purificador de água. “O investimento estimado para tudo isso fica entre R$ 30 mil e R$ 60 mil”, afirma Mello, que considerou um pequeno estabelecimento, com duas estações de atendimento.
Pense em inovação e diferenciação. Atualmente, o cliente busca mais do que um bom corte e uma unha bem-feita. “Ele quer viver uma experiência completa. Por isso, salões e barbearias que apostam em diferenciação saem na frente”, avalia Junior. Ele aponta que isso pode se traduzir em diversas frentes, uma delas, o foco em sustentabilidade, uma tendência para os próximos anos. “Alguns exemplos de boas práticas: utilizar produtos veganos ou cruelty free, mobiliário de madeira reaproveitada; economizar (e sinalizar) medidas que evitam desperdício de água nos lavatórios, bem como o descarte consciente de resíduos químicos, além de parcerias com marcas que tenham compromisso ambiental”, diz.
Use a tecnologia como aliada. Ela é fundamental, principalmente para contribuir com a gestão do negócio. Softwares e aplicativos para agendamento online, pagamentos digitais, CRM para fidelização de clientes são algumas das soluções que ela pode trazer.
Aposte em estratégias de marketing para turbinar o negócio. “As redes sociais funcionam como um portfólio da empresa, ainda mais no segmento de beleza. É importante disponibilizar dados de localização e de contato para agendamento. Além disso, também focar na descrição dos principais serviços oferecidos, exibindo fotos de qualidade. Cartões de fidelidade e divulgação boca a boca devem ser considerados para gerar relacionamento com os clientes”, sugere Luciana Macedo, analista de Gestão de Soluções do Sebrae. Além do marketing digital, o boca a boca ainda é poderoso nesse setor. Pedro Ferreira Junior, do Senac, afirma que oferecer um atendimento impecável e uma boa experiência, sobretudo no primeiro contato, é essencial. “Programas de indicação, onde o cliente ganha um benefício ao trazer um amigo, funcionam muito bem. Também vale pensar em ações promocionais sazonais, como combos em datas comemorativas, mimos para aniversariantes ou parcerias com influenciadores locais”, sugere.
Fique de olho no mercado. Nesse segmento sempre há novidades, tendências e modas. Acompanhe marcas e profissionais de beleza – nas redes sociais e ao participar de feiras e eventos. Tudo isso é importante para buscar inspiração e renovação e planejar estrategicamente os próximos passos da sua empresa.
Jamais descuide da gestão do negócio. Muitos profissionais de beleza têm dificuldade de “largar a tesoura” e se enxergar como empresário. “É importante investir em capacitação empreendedora. Cursos de gestão, controle financeiro, atendimento ao cliente, marketing e liderança podem fazer bastante diferença para a saúde do negócio”, explica Pedro Ferreira Junior. Se gerenciar o salão de beleza – cuidando das áreas administrativas como a financeira, contábil, jurídica etc. – não é a sua praia, busque se cercar de quem entende e pode tocar isso. Mas é fundamental ao menos ter noções sobre esses temas para poder acompanhar esses profissionais.
Valorize dados. Não basta saber que determinada cliente vai toda sexta-feira fazer escova e manicure. É interessante sistematizar esse tipo de informação para entender como o negócio funciona e implementar melhorias para crescer: “Monitore indicadores de desempenho, como tíquete médio, taxa de retorno de clientes, nível de satisfação e custos fixos. O empreendedor precisa ter um controle mínimo para tomar decisões baseadas em dados e não só em intuição”, esclarece Junior.
Invista em pessoas. Se a equipe está feliz, há mais chance de ela fazer o cliente feliz. Os profissionais de beleza são peças-chave do negócio. Como nesse segmento muitos deles são autônomos, é vital que os donos de salão criem um ambiente motivador, invistam em treinamento e capacitação (mesmo para quem for parceiro), ofereçam comissões justas e estabeleçam um canal de comunicação transparente e amistoso com a equipe.
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