Com maquetes que recriam reconstruções antigas, artista consegue renda de até R$ 15 mil por mês
Artista transforma memórias afetivas em maquetes hiper-realistas e fatura com miniaturas autorais vendidas até para o exterior Foi em 2016 que João Pedro Perassoli, o Pêra, deu os primeiros passos no universo das miniaturas. Na época, ainda no ensino médio, ele unia duas paixões: o grafite, descoberto em uma aula na escola, e os carrinhos de coleção que acumulava desde criança. A ideia de transformar essas referências urbanas em arte começou como hobby, mas ganhou contornos profissionais durante a pandemia, em 2020, quando decidiu deixar o emprego e se dedicar integralmente à arte.
Além de atuar como estagiário na prefeitura da cidade, o jovem também trabalhou como cartazista em um supermercado, função que ajudou a desenvolver seu senso visual e habilidades com tipografia e composição, elementos que hoje aparecem nos grafites e detalhes das maquetes. Mais tarde, teve contato com softwares gráficos durante uma passagem por um escritório de arquitetura, o que o incentivou a investir em sua formação.
Motivado pela possibilidade de viver da própria arte, ele fez cursos de modelagem manual (clay), modelagem 3D, Photoshop e Illustrator. Hoje, aos 24 anos, ele comanda sozinho um ateliê em São José do Rio Preto (SP), onde cria maquetes de casas que muitas vezes nem existem mais. São reconstruções baseadas em fotos antigas, relatos dos clientes e até imagens do Google Maps. Cuidadoso com a produção, cada detalhe importa: do trincado na parede ao desgaste da pintura. “É uma arte que toca a memória das pessoas”, diz.
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Além das maquetes, ele também desenvolve miniaturas autorais dentro de latas de spray, como se o universo do grafite estivesse encapsulado ali. As ideias vêm tanto de sua imaginação quanto de pedidos inusitados de seguidores nas redes sociais. Uma dessas criações viralizou no Instagram com mais de 60 mil curtidas e impulsionou sua presença internacional, com encomendas chegando de lugares como Japão, Canadá, Estados Unidos e Europa.
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Os preços das maquetes variam de R$ 1 mil a R$ 4 mil, com valores maiores para projetos mais estruturados. Já as latas saem entre R$ 350 e R$ 500, podendo ultrapassar R$ 600 quando a modelagem é exclusiva. A produção, feita totalmente à mão e com uso de impressão 3D, pode levar de duas semanas, para as latas, a um mês, para a maquete, dependendo da complexidade.
O artista que já contou com a ajuda da esposa nos processos do negócio, comenta que apesar da correria para cuidar de tudo, prefere gerenciar tudo. “Faço tudo sozinho. A arte é uma extensão do artista. Prefiro que tenha meu toque do começo ao fim.”
Com faturamento médio de R$ 5 mil por mês e picos de R$ 15 mil, Pêra lançou recentemente seu primeiro curso online. Com seis módulos, o conteúdo ensina desde escolha dos materiais até técnicas de envelhecimento e grafite aplicadas às fachadas. Em um mês, o curso rendeu cerca de R$ 1 mil. “É uma forma de democratizar o acesso à arte e criar uma renda passiva”, afirma.
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Todo o negócio é movido, principalmente, pelas redes sociais. O Instagram é principal vitrine e fonte de pedidos, embora o TikTok também renda bons números. Nessas redes, ele ganhou reconhecimento dos internautas como criador de uma arte que representa a “arquitetura do povo”, um olhar afetuoso e realista para os espaços onde a maioria dos brasileiros vive.