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Com dívida de R$ 528 milhões, rede Saint Marché pede na Justiça homologação de seu plano de recuperação extrajudicial

Com dívida de R$ 528 milhões, rede Saint Marché pede na Justiça homologação de seu plano de recuperação extrajudicial


Empresa vai receber empréstimo e fundo americano que controla varejista terá posição reduzida Dono de 31 supermercados na capital paulista, e nas cidades de Santos e Campinas, o grupo varejista Saint Marché entrou na Justiça de São Paulo, na noite desta quarta-feira, com pedido de homologação de seu plano de recuperação extrajudicial. Trata-se de um procedimento que permitirá à empresa renegociar dívidas diretamente com seus credores financeiros, sem a necessidade de um processo judicial. As dívidas financeiras do grupo somam R$ 528 milhões.
“O ajuizamento do pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial, para reestruturação de seu passivo financeiro se mostrou como o caminho viável, sem penalizar os demais credores, em especial seus colaboradores e fornecedores –, o que contou com a concordância do principal credor financeiro”, diz o pedido elaborado pelo escritório de advocacia TWK, ao qual O GLOBO teve acesso.
Voltado para o público de alta renda, o Saint Marché também é dono em São Paulo de duas unidades do Empório Santa maria, além de ter uma operação de e-commerce. Segundo especialistas, as dívidas da varejista cresceram com uma expansão mais acelerada durante a pandemia, com investimentos superiores a R$ 100 milhões.
Nesse período, o juro estava em 2%, mas começou a subir até chegar em 11,7%, naquela época. O Saint Marché também fez um investimento elevado numa sociedade com o Eataly, um empreendimento gastronômico de luxo, em São Paulo, onde inaugurou uma unidade do Empório Santa Maria.
Processo já vinha sendo preparado
O processo de recuperação extrajudicial já vinha sendo preparado desde fevereiro, quando o grupo obteve na Justiça a suspensão, por 60 dias, da execução de suas dívidas. Ao mesmo tempo, os sócios controladores do fundo de investimento americano L Catterton, com cerca de 65% de participação nas ações, já buscavam um comprador para sua fatia. Mas as questões financeiras pforam um obstáculo para que o controle da rede trocasse de mãos.
Um fundo de investimento gerido pelo BTG Pactual é o principal credor, com R$ 275 milhões a receber. Segundo os advogados, a varejista já tem apoio do fundo para a reestruturação financeira e agora deverá buscar apoio dos demais credores. O plano de recuperação prevê um empréstimo de R$ 127,5 milhões e aqueles que se dispuserem a emprestar para o grupo terão bônus de subscrição, título que dá ao seu titular o direito de comprar participação em uma empresa.
O fundo L Catterton vai entrar com um terço do empréstimo, mas perderá a posição majoritária e não terá direito ao bônus de subscrição. O fundo do BTG também entrará com uma participação de um terço do empréstimo. Com o processo de reestruturação em andamento, a expectatuiva agora é que a rede seja vendida. Segundo pessoas a par das conversas, já há grupos de varejo interessados no Saint Marché, entre eles players nacionais e estrangeiros.
Os recursos injetados no grupo serão utilizados para pagar fornecedores, que têm em torno de R$ 40 milhões a receber, além de repor estoques. Além dos novos recursos, está previsto um alongamento das dívidas aos credores financeiros. Uma parte das dívidas será paga em sete ano e outra parte em até trinta anos, com correção pelo CDI e pela TR.
O Saint Marché foi fundado em 2002 pelos empresários Bernardo Ourto Preto e Victor Leal, hoje sócios minoritários. Em 2016, os americanos do L Catterton adquiram o controle desembolsando R$ 226 milhões. Com cerca de 2 mil funcionários, o faturamento do grupo chegou a R$ 1,1 bilhão em 2023. No ano passado, até setembro, o faturamento foi de R$ 971 milhões. Mas o grupo operava no vermelho. Procurada, a varejista não se pronunciou.

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