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Chocolate na terra do açaí: como o cacau tem se tornado um doce atrativo turístico no Pará

Chocolate na terra do açaí: como o cacau tem se tornado um doce atrativo turístico no Pará


Plantações e fábricas em locais como a Ilha do Combu, em Belém, abrem as portas para visitação Dos pés de cacau paraenses não brota apenas o fruto que dá origem ao chocolate, um dos produtos mais apreciados no mundo, mas também uma nova alternativa de roteiro turístico na Região Norte. Muitas das plantações de cacau do país estão localizadas no Pará, estado que detém mais de 53% da produção do fruto no território brasileiro, segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará. Nos últimos anos, o insumo tem se tornado atrativo para os agricultores e chocolatiers da região, já que o produtor utiliza outras árvores nativas, como o açaizeiro, para sombrear e fortificar o solo em que está o cacaueiro.
Há oito anos, o casal Manoel Gomes da Silva, de 53 anos, e Lia Fernandes, 57, iniciou a produção do fruto no Sítio D. Manoel, hoje referência na região de Castanhal, região metropolitana de Belém. Eles abriram recentemente a propriedade para visita de turistas com o objetivo de dividir experiências sobre o ciclo da amêndoa do cacau, que vai desde o plantio da árvore até a secagem. Mas antes de descobrir os benefícios da cultura e atingir a marca anual de 15 toneladas de frutos, a família precisou se reinventar. Se antes eles viram minguar o cultivo de mamão e maracujá, ao passar por uma crise financeira, encontraram a salvação no cacau,
— O cacau surgiu na nossa vida como uma transformação financeira e social. A gente estava buscando alternativas e ele foi fundamental para a gente sair de uma situação muito complicada. O cacau salvou minha família. Ele foi a virada de chave. Agora a gente compartilha experiências com visitantes — conta Lia.
Do pé à máquina
A cerca de 70km dali está localizada a Fábrica Da Cruz Chocolates, em Ananindeua, também na Grande Belém. O lugar recebe visitantes diariamente para uma experiência sensorial na produção do chocolate artesanal. Ao chegar no espaço, as pessoas são recebidas com um café da manhã recheado de produtos com cacau, como brigadeiro e chocolate quente, e também iguarias típicas da região Norte. No tour, um funcionário leva as pessoas por uma pequena plantação, ao lado da fábrica, para o visitante conhecer a produção, fermentação e secagem das amêndoas. Ainda é mostrado como o cacau se transforma no chocolate e, ainda, o produto final, que pode ser degustado no passeio. O próprio dono da fábrica conta para os visitantes o segredo do ciclo produtivo.
— Sempre tive interesse pelo campo e pela natureza e acabei influenciando meus filhos, ainda mais depois que resolvemos transformar o amor ao cacau em um negócio — destaca o proprietário, engenheiro-agrônomo Flavio Cruz, de 62 anos.
Para além do chocolate, a matéria-prima serve de base para diversos produtos, como doces, farinha e até calçados. A gastronomia, no entanto, é onde o fruto tem seu lugar mais apreciado. O chef de cozinha Léo Modesto, 38 anos, participante da terceira temporada do “Mestre do sabor” (2021), talent show de culinária da TV Globo, descobriu o cacau há seis anos, quando começou a inserir o ingrediente em receitas. Mais recentemente, criou uma pasta com a iguaria, que, misturada com castanha e macaxeira, se transforma em um produto inovador.
— Quis provar para todo mundo que minha pasta não endurece quando vai para a refrigeração. Consegui estabilizar o produto depois de muita pesquisa — revela Léo, que mostra para turistas o segredo da culinária do Norte em suas oficinas. — Consegui juntar toda a biodiversidade da cozinha amazônica.
O cacau também tem sido a matéria-prima dos produtos de Izete Costa, a Dona Nena, 59 anos, produtora rural e proprietária da Filha do Combu, marca oriunda da Ilha do Combu, área ribeirinha de Belém. A propriedade, que já era referência na região e ficou ainda mais famosa após a visita de Lula e o presidente da França, Emmanuel Macron, em março deste ano, recebe diariamente turistas apaixonados pelo cacau, principalmente por causa do brigadeiro, iguaria mais procurada por visitantes.
— Meu negócio vem crescendo de 10% a 20% ao ano. As visitas também aumentaram. A minha iniciativa incentivou muitas mulheres a começarem seus negócios. É legal ver que as pessoas acreditam no meu trabalho e que servi de inspiração para elas — pontua.
Festival de chocolates
Paixão mundial, o chocolate chegou a ganhar um evento que valoriza seu componente principal. Recentemente, o Chocolat Festival passou por Belém e já prepara para desembarcar em Vila Nova de Gaia, na região do Porto, em Portugal, nos dias 24 e 27 de outubro.
— Queremos mostrar o cacau como protagonista, um produto tão importante e saudável que ele é. A gente quer levar um espaço para o chocolate de verdade, para discutir a cadeia produtiva, sustentabilidade e a beleza que é o fruto, que é paixão mundial — explica Marco Lessa, de 54 anos, CEO do grupo M21 e idealizador do Chocolat Festival.
Além do cacau paraense que vem se tornando a nova sensação do norte do Brasil, Belém também encanta com sua variada gastronomia. Do famoso tacacá, passando pelo pato no tucupi e o açaí, a tradição também tem seu lugar cativo. O Saldosa Maloca, na Ilha do Combu, está prestes a receber o selo de primeiro restaurante “lixo zero” do Pará. Lá, o visitante consegue ter contato mais próximo com a Amazônia autêntica, com uma imersão na vivência do açaí e dos peixes da região, como o tambaqui, o prato mais pedido pelos visitantes.

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