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Casa Godinho, mercearia centenária de SP, se adaptou às mudanças da cidade e ainda recebe mais de 200 clientes por dia

Casa Godinho, mercearia centenária de SP, se adaptou às mudanças da cidade e ainda recebe mais de 200 clientes por dia


Fundado em 1888, estabelecimento é patrimônio cultural imaterial da cidade de São Paulo, e ainda preserva objetos centenários Com móveis originais que há mais de cem anos ocupam o Edifício Sampaio Moreira, na rua Líbero Badaró, região central da capital paulista, a mercearia Casa Godinho é sinônimo de tradição em uma região que concentra edifícios históricos na cidade de São Paulo (SP). Para Miguel Romano, atual proprietário do negócio, o segredo para se manter de pé por tantos anos é saber conciliar a inovação com as heranças a serem preservadas.
Fundado em 1888 pelo imigrante português José Maria Godinho, o negócio começou na Praça da Sé, sendo transferido para o atual endereço em 1924. Ainda hoje, o lugar preserva itens centenários, como a balança de prata que pesa frutas secas e frios, o piso de ladrilho hidráulico e as prateleiras de imbuia do século XIX.
Os produtos, que continuam embrulhados em papel, e os temperos, que seguem sendo vendidos a granel, fazem parte da rotina de Romano, que aos 66 anos passa até 13 horas por dia ativo na Casa Godinho. O empreendedor, que cresceu nos arredores da mercearia, entrou para o negócio em 1995, como sócio, e, em 2001, se tornou o único proprietário. Em 2013, o estabelecimento se tornou patrimônio imaterial pelo Conpresp, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.
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Segundo Romano, “mudar sem mexer no básico” foi essencial para o sucesso do empreendimento, que sob o comando do empreendedor passou a oferecer novos produtos, aceitar novas formas de pagamento e contar com novos canais de venda. A primeira mudança no negócio aconteceu assim que Romano se tornou o único proprietário, com a adoção de uma nova tabela de preços.
“Na época, estávamos com um movimento de cerca de 30 pessoas por dia, o que era muito baixo. Nossa margem nos produtos era alta, por isso, fiz uma pesquisa nos concorrentes e abaixei todos os preços para sermos mais competitivos, e funcionou”, diz Romano. No mesmo período, o empreendedor apostou no crescimento de uma nova frente, a padaria. “Filas se formavam antes de abrirmos a casa, o que mostra que essa região de São Paulo carecia desse serviço. Com o aumento de pessoas circulando, somado a preços mais justos, voltamos a crescer.”
O empreendedor afirma que as mudanças geraram um fluxo de caixa mais saudável para o estabelecimento, o que ajudou na prosperidade do negócio nos anos seguintes. O espaço, que então já contava com um bom movimento na visão de Romano, ainda viu a demanda crescer em 2006 após outras duas mudanças: um balcão na entrada da loja para as vendas da padaria e o lançamento da empada de bacalhau, que se tornou um ícone do estabelecimento.
“Muita gente passava andando por ali e o balcão prometia chamar mais atenção. Era caro, mas decidi apostar e fiz um financiamento para pagar. Em questão de dois meses o movimento dobrou”, diz. No mesmo ano, o empresário lançou um salgado próprio da mercearia. De acordo com ele, a ideia era lançar um produto que diferenciasse a loja da concorrência. Assim o bacalhau, que já era um insumo tradicional do lugar, se tornou a estrela do salgado.
Romano afirma que a demanda pelo produto superou as expectativas de modo que, mesmo com novas contratações, não era possível produzir o suficiente para atender a clientela. Logo, o empreendedor investiu em uma máquina, possibilitando a produção de até 200 salgados por hora. No auge do sucesso da receita, a Casa Godinho chegou a vender cerca de 1,2 mil unidades em um dia. Hoje, o item continua disponível no cardápio, com cerca de 300 vendas por dia.
Para o empreendedor, a história do estabelecimento esbarra com a história de São Paulo e, sobretudo, com a história do centro da cidade. “Quando aumentou o número de pessoas trabalhando na região, por exemplo, passamos a incluir o café no cardápio, já que as pessoas frequentemente passavam aqui após o almoço. Além disso, quando a violência na região cresce, o movimento cai, o que vinha acontecendo. Agora, o bairro está mais seguro, mas as pessoas precisam ficar sabendo disso para voltarem a frequentar”, aponta.
Após a pandemia, Romano diz que o movimento da loja caiu como reflexo do aumento de trabalhos remotos na cidade. Contudo, os desafios não intimidam o empreendedor, que afirma que está de ouvidos abertos para os pedidos dos consumidores e trabalhando em novos lançamentos, como tortas com os recheios que já são conhecidos nas empadas. Com cerca de 200 clientes por dia e tíquete médio de R$ 30 reais, o espaço ainda aposta nas vendas por delivery.
“Hoje, só penso em passar esse lugar para frente se tiver certeza de que a pessoa tem o comprometimento de manter, e de abraçar a tradição que esse espaço tem”, diz Romano.
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