Cantora faz desabafo sobre dificuldade para fazer shows em bares após aumento de cachê e gera debate nas redes
Camilla Medeiros relatou que valor, dividido entre cinco músicos, mudou de R$ 400 para R$ 500. Post já soma 725,4 mil visualizações no TikTok A cantora Camilla Medeiros resolveu compartilhar os desafios que tem enfrentado como artista independente e a dificuldade de tocar em estabelecimentos na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, após uma mudança no valor do cachê da sua banda. Em um vídeo recente no TikTok, a jovem chega a falar que está em crise por não conseguir fechar contratos e explica os motivos do aumento na remuneração. O desabafo já soma 725,4 mil visualizações e 45,5 mil curtidas.
No vídeo, ela diz que o valor cobrado passou de R$ 400 para R$ 500 e corresponde a três horas de apresentação da banda, que reúne mais quatro músicos. À frente dos vocais das bandas Milla e os Camaleões e Brazilian Seeds, ela costuma compartilhar registros das apresentações nas redes sociais.
“É uma banda completa, [são] R$ 500 para três horas. Eu não consigo fechar nenhum show. A minha banda não é ruim, não sou uma cantora ruim. Todo mundo que escuta elogia, mas eu não consigo fechar”, diz aos prantos na publicação.
Diante das dificuldades no meio artístico, a artista ainda relata que tem buscado outras possibilidades para sua carreira profissional. Atualmente, ela está cursando a graduação de Letras Língua Portuguesa na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. No entanto, revela o desejo de conseguir se manter com a música.
“E não é que não quero trabalhar, não é isso. Até porque estou aqui me esforçando. Quem disse que estou conseguindo? O dono do bar enchendo o bolso dele, enquanto a gente tem que se humilhar por um cachê de quinhentos conto [sic]”, declarou.
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A publicação gerou debate entre os internautas. Nos comentários, alguns deles criticaram a postura da cantora. “Quem faz o que gosta é criança.. Adulto faz o que precisa, infelizmente”, disparou uma pessoa. “Entendo o desabafo! Mas de verdade, o que as pessoas podem fazer? Contratar por pena?”, opinou outra.
Apesar das críticas, outros usuários apoiaram o desabafo da artista. “A falta de empatia e conhecimento das pessoas nos comentários me assusta. R$ 500 para uma banda completa? Isso é mixaria [sic]”, comentou. “É frustrante e desgastante demais, mas não desista. Acredito muito em você e na sua banda”, afirmou.
Como é feita a precificação de cachê shows em bares?
No Brasil, o cachê dos músicos é variável e envolve diversos fatores, que vão desde o tipo e a localização do evento e a experiência do profissional. Contudo, a Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) e sindicatos da categoria estabelecem valores mínimos para a contratação. Neste ano, o Sindicato dos Músicos do Estado do Rio de Janeiro (SindMusi-RJ) divulgou uma tabela para servir como referência para músicos e contratantes, onde fixa o valor de R$ 400 para cachê mínimo de bares e restaurantes, por exemplo.
A contratação de apresentações artísticas é uma estratégia para entreter e atrair mais clientes. Para Marcelo Gabriel, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comportamento do Consumidor da ESPM, os estabelecimentos que oferecem atrações musicais costumam se destacar, pois a experiência não envolve não só o consumo de produtos.
“A música ao vivo serve como um chamariz e também como um posicionamento para o bar. Olha, aqui é um bar de música sertaneja ou um bar de samba. E na medida que se coloca isso, identificamos até o perfil das pessoas que vão frequentar”, diz.
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Já Percival Maricato, diretor institucional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), explica que o valor do cachê segue as regras do mercado, considerando a relação custo-benefício.
“O preço de apresentação pode depender de vários fatores, principalmente da fama da banda, de seu poder de atração e entretenimento. Muitos estabelecimentos as contratam pagando apenas o valor do couvert artístico que será cobrado dos clientes, outros estabelecem um valor fixo que é acordado com a banda”, pontua.
O couvert artístico, prática de bilheteria comum entre bares e restaurantes, consiste na cobrança de uma taxa para custear o valor da apresentação e remunerar a banda. Nesse caso, o estabelecimento deve informar previamente o valor cobrado aos clientes, conforme estabelece o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Maricato ainda alerta que os estabelecimentos não devem cobrar os consumidores que tiveram pouco ou nenhum acesso à apresentação.
Outra possibilidade é a combinação entre a cobrança de couvert artístico e o pagamento de um cachê fixo, segundo Gabriel. O docente ainda aponta que a definição da estratégia tende a ser proporcional ao faturamento e tamanho do estabelecimento.
“Obviamente, que nos dias de mais movimento, como sexta-feira e sábado à noite, teoricamente esse cachê deveria ser maior do que os outros dias da semana. Então, é comum os bares oferecerem dias menos nobres pagando um cachê menor ou vinculando apenas a bilheteria”, afirma.