Candidata afirma ter sido rejeitada por roupa ‘inadequada’ em entrevista de emprego; especialista comenta
Caso viralizou e gerou debate nas redes. Nos comentários, muitos internautas, principalmente mulheres, compartilharam situações parecidas Com uma calça preta e um suéter marrom claro, uma internauta identificada nas redes sociais apenas como Asel, 37 anos, viralizou no TikTok ao relatar que foi rejeitada em uma entrevista de emprego por estar “vestida de forma inadequada”. O vídeo, publicado no dia 28 de abril, já conta com com 3,1 milhões de visualizações e 76 mil curtidas.
Com a chamada “O gerente que me entrevistou disse: ‘Você se vestiu de forma inadequada para a entrevista de emprego’. O que há de errado com minhas roupas?!”, Asel mostra o que teria vestido na ocasião e escreve na legenda: “Eu realmente não entendo”.
Asel, que prefere não revelar seu nome completo, é uma imigrante do Quirguistão (país na Ásia Central) e há dois anos se mudou com o marido e os três filhos para os Estados Unidos. Para o Newsweek, ela afirmou que mesmo com experiência anterior na área financeira, seu primeiro emprego foi como caixa no Walmart.
“Não foi fácil”, disse. “Passei muito tempo procurando emprego. Eu sempre fui reprovada em entrevistas — e muito”, acrescentou.
De acordo com Asel, após muitas entrevistas por telefone e videochamada, ela percebeu que os obstáculos eram sua falta de experiência de trabalho no mercado americano e sua fluência limitada em inglês corporativo.
Entretanto, a esperança voltou após ela receber um convite para uma conversa presencial. Mas, de acordo com Asel, a experiência não saiu como o esperado: os entrevistadores pareciam distraídos, ela ficou nervosa, se confundiu nas respostas e, no final, ouviu um comentário sobre sua roupa.
“O gerente disse que minha roupa não era apropriada para uma entrevista”, afirmou. “Levei isso com calma, encarei como um conselho, não uma crítica”, destacou.
Então, para desabafar, ela resolveu compartilhar a experiência em um vídeo curto. “Não esperava que viralizasse, pois eu estava apenas contando minha história. Isso repercutiu e as pessoas começaram a compartilhar as suas próprias experiências”, destacou para a Newsweek.
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Nos comentários do TikTok, muitos internautas, principalmente mulheres, começaram a compartilhar situações parecidas como “não usar saltos, deixar o cabelo solto e não parecer ‘corporativa’ o suficiente”.
“Já me disseram isso uma vez. Nunca fiquei tão feliz por não conseguir o emprego”, destacou uma usuária. “Você não quer trabalhar para uma empresa que disse que essa roupa era inapropriada. Você escapou de uma cilada”, afirmou outra.
Outros afirmaram que ela estava muito casual e que talvez um blazer ajudaria. Profissionais de recursos humanos também deram sua opinião sobre a roupa escolhida para a entrevista. “RH aqui. Corre! isso é sinal de uma cultura tóxica. Não há nada de errado com a sua roupa”, disse uma internauta. “Sou de RH no Brasil (cultura e regras diferentes) e mesmo daqui, você parece perfeita para uma entrevista de emprego. Ele provavelmente mentiu só para não te dar o emprego”, destacou uma segunda.
“Acho que a história tocou tantas pessoas porque muitos de nós estamos simplesmente exaustos, cansados de ser julgados por padrões de RH irrealistas, cansados de ser ignorados após entrevistas e cansados de sermos rejeitados por razões vagas e subjetivas, mesmo quando somos totalmente qualificados”, afirmou Asel.
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Empresas podem avaliar a roupa do candidato em uma entrevista de emprego?
De acordo com Fabio Cassettari, sócio diretor da Career Group, na hora de avaliar um candidato, uma empresa deve observar se ele demonstrou cuidado e profissionalismo em sua apresentação, se entendeu o nível de formalidade esperado para a vaga e a cultura da organização.
“No entanto, o que não deve entrar em pauta e ser avaliado são expressões culturais ou religiosas, a identidade de gênero da pessoa e, obviamente, qualquer inferência sobre status socioeconômico baseada em marcas de roupa”, diz o especialista. “A competência e as habilidades do candidato sempre devem falar mais alto do que qualquer etiqueta”, acrescenta.
Para Cassettari, o currículo ainda deve ser levado em consideração mais do que a roupa. O especialista destaca que a vestimenta é um aspecto facilmente ajustável, mas lacunas técnicas ou comportamentais são muito mais complexas de preencher. Para ele, “descartar um profissional qualificado por algo tão facilmente corrigível seria um erro e uma perda para a empresa”.
“Em uma situação como essa, eu daria um feedback claro e construtivo sobre o dress code esperado para a posição e observaria a reação do candidato. Se ele demonstrar abertura, humildade e capacidade de adaptação, isso revela uma competência de aprendizado ágil. Habilidade extremamente valorizada no mercado de trabalho atual” diz.
Entretanto, o especialista explica que a roupa funciona como um ‘cartão de visita silencioso’. Que precisa ser adaptado ao setor. Por exemplo, setores mais tradicionais como o financeiro ou jurídico, ainda exigem formalidade. Já em áreas de tecnologia ou criação, algo mais casual é aceito.
“O ponto-chave é equilibrar seu estilo pessoal com a cultura da empresa. Quando em dúvida, minha recomendação é sempre optar por um grau acima do dress code que você imagina encontrar. É melhor pecar pelo excesso de formalidade discreta do que pela falta”, destaca o especialista.
Cassettari também destaca que a primeira coisa que o candidato deve ficar atento é em relação a higiene: roupa limpa, passada e sem amassados. Além de sapatos e tênis bem cuidados. Em seguida, o especialista recomenda que acessórios devem ser discretos e complementares.
“Se possível, tenha um blazer, uma camisa reserva na mochila pode ser um ‘coringa’ para lidar com variações de temperatura ou adaptar o nível de formalidade ou até um imprevisto de sujar. Esses detalhes transmitem atenção, organização e respeito pelo processo seletivo”, diz.
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