Caçadoras de achadinhos: Influenciadoras especializadas revelam suas estratégias
Profissionais são peças fundamentais na engrenagem de vendas de muitas empresas e plataformas Quem resiste a uma boa promoção, a uma ótima chance de compra ou àquele objeto que fica mais barato com cupom de desconto? É esse desejo de ter – de preferência, imediatamente – que o trabalho das criadoras de conteúdo de “achadinhos” provoca.
Elas são peças fundamentais na engrenagem de vendas de muitas empresas e plataformas porque estimulam a necessidade do consumo e endossam aquela aquisição: “As influenciadoras de ‘achadinhos’ se tornaram verdadeiras curadoras de produtos e serviços acessíveis. A seu favor, têm a capacidade de facilitar o canal de comunicação entre marcas e consumidores que buscam por oportunidades”, afirma Nohoa Arcanjo, cofundadora e CEO da Creators LLC, de soluções de marketing de influência.
Além do senso de urgência na compra, essas profissionais criam a necessidade de pertencer ao grupo de pessoas que acompanha as tendências do mercado e se destaca ao experimentar primeiro as novidades, de acordo com Fernanda Vicentini, professora de marketing digital da ESPM. “A forma de comunicação autêntica dessas criadoras de conteúdo ajuda a criar um vínculo com os seguidores, o que, somado à linguagem próxima e informal, estabelece uma relação de confiança e identificação com o público.”
O segmento de “achadinhos” é promissor para influenciadoras, em boa medida impulsionado pelo crescimento massivo do marketing de afiliados (saiba mais a seguir). “Os gastos nesse ecossistema nos Estados Unidos ultrapassaram, pela primeira vez, US$ 10 bilhões no ano passado, e a expectativa é chegar a quase US$ 12 bilhões neste ano”, afirma Thalia Ferretti, gerente regional da América Latina da empresa de pesquisa EMARKETER.
Retorno financeiro
O começo pode nem sempre ser estruturado. Muitas pessoas entraram nessa área “como uma maneira de incrementar o orçamento e ingressar em um ramo de atividade”, informa Egnalda Côrtes, fundadora e CEO da aceleradora de negócios Côrtes e Companhia. O sucesso, porém, depende de os criadores de conteúdo e de quem os publica encontrarem pontos de diferenciação e oportunidades mais eficientes.
As formas de monetização variam. Há três modalidades mais comuns, explica a professora da ESPM. A primeira é o programa de afiliados, em que as lojas oferecem comissões sobre as vendas geradas pelos links compartilhados pelas influenciadoras. Outra são as parcerias com marcas, que desembolsam para ter seus produtos ou serviços destacados nas redes sociais das criadoras de conteúdo. Existe ainda a possibilidade de ganhar com as plataformas, já que redes sociais como Instagram, TikTok e YouTube remuneram com base no engajamento e nas visualizações.
O sucesso do marketing de influência na divulgação de “achadinhos” envolve conquistar seguidores a ponto de moldar seu comportamento de consumo. Para isso, há um conjunto de fatores, destaca Arcanjo: “Conteúdo de qualidade, que oferece informações úteis e relevantes, como comparações de preços e promoções, é um deles”.
A cereja do bolo, diz a CEO da Creators LLC, “é quando há parceria com as marcas e a influenciadora oferece cupons de desconto”. Ser autêntica ao compartilhar experiências reais e opiniões honestas, além de interagir de forma direta e constante com as seguidoras para gerar engajamento, são outros pontos importantes.
Trabalhar com “achadinhos” exige dedicação para garimpar novidades, identificar tendências e se antecipar ao máximo para receber informações exclusivas dos próprios varejistas. Ainda há o desafio de depender dos algoritmos das redes sociais, que podem mudar do nada e derrubar o alcance dos posts. “Por isso, é preciso inovar o tempo todo e manter a credibilidade – o que significa cuidar para que a promoção e o produto que está indicando sejam confiáveis”, conclui Vicentini, da ESPM.
Saiba mais
Rainha do Brás
Tyane Aline Benetti: “Tenho uma equipe de sete pessoas para checar a idoneidade dos comércios e para garantir que os seguidores estejam sempre assistidos e seguros””
Divulgação
Em 2015, quando começou a falar sobre “achadinhos” do Brás – tradicional bairro de comércio popular de São Paulo (SP) –, Tyane Aline Benetti, 34 anos, não tinha ideia de que esse seria o negócio da sua vida. Tudo ainda era desconhecido: internet, marketing de influência, comerciantes dispostos a experimentar novas formas de divulgação. Foi esse cenário que ela enfrentou nos primeiros anos como criadora de conteúdo na área.
O universo das compras e das oportunidades, no entanto, era familiar para ela desde a infância. Ainda menina, acompanhava a avó em viagens de Campinas, no interior de São Paulo, até a capital para fazer compras. Na adolescência, criou um blog para compartilhar novidades sobre as “coisinhas do Brás”.
“Era um tempo difícil. Cansei de ser expulsa de lojas, de levar spray de pimenta no rosto e de correr de seguranças que exigiam apagar imagens da minha câmera. Os comerciantes achavam que eu queria espionar e fazer réplicas”, lembra.
Benetti conta que não desistiu, porque o blog fazia sucesso. Na época, pesava 103 kg e estava vencendo uma depressão. Sentir que sua audiência gostava dos posts a ajudava: “Vinha para São Paulo por prazer, mas muitas vezes não podia comprar nem um café”.
HISTÓRIA – As andanças com a avó por um bairro de comércio popular da capital paulista foram o início de Tyane Benetti no mundo de influenciadores digitais
Divulgação/Reprodução
Foram quatro anos trabalhando de graça, em troca da admiração das seguidoras e, de vez em quando, de uma peça “presenteada” por um lojista – aos poucos, eles notaram seu poder de influência. A criadora de conteúdo afirma que não sabia cobrar. Na loja, fazia permuta: tinha 300 mil seguidores, mas diz que aceitava um sutiã ou uma blusinha.
Em 2019, largou o emprego em um escritório para se dedicar profissionalmente aos “achadinhos”. Criou perfil no Instagram e encarou o desafio que continua grande até hoje: acorda de madrugada e anda 12 horas todos os dias para selecionar as indicações.
“Tenho um escritório no Brás e trabalho na rua mesmo, quando não estou produzindo conteúdo contratada por lojistas. É importante verificar tendências e saber o que está nas vitrines, porque as seguidoras me cobram.” Esse hábito, ressalta, também pode gerar novos negócios: “Acontece de eu divulgar algo de graça, o comerciante ter resultado e me chamar para trabalhar para ele”.
Em um mês “fraco”, a influenciadora atende cerca de 50 clientes. Quando o movimento aquece, esse número chega a 90, e o faturamento alcança R$ 80 mil no período. Para Benetti, divulgar os “achadinhos” do Brás é uma grande responsabilidade. “Teve gente que pegou rescisão de trabalho ou vendeu carro para comprar nas lojas que indiquei. Por isso, tenho uma equipe de sete pessoas para checar a idoneidade dos comércios e para garantir que os seguidores estejam sempre assistidos e seguros”, conclui.
Estilo Gravado
Thays Jubé: “Minhas amigas ficavam impressionadas como eu conseguia comprar itens tão baratos. Mas era uma necessidade, eu buscava o que cabia no meu bolso””
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A influenciadora digital Thays Jubé, 30 anos, de Goiânia (GO), já passou por diversas atividades: diarista, babá, vendedora em floricultura. Começou a trabalhar com “achadinhos” por acaso, quando decidiu desapegar e vender alguns pertences.
“Minhas amigas ficavam impressionadas como eu conseguia comprar itens tão baratos. Mas era uma necessidade, eu buscava o que cabia no meu bolso. Ela conta que frequentava uma feira hippie, por exemplo, e adquiria peças por R$ 10.
Em 2018, Jubé começou a filmar suas andanças atrás de “achadinhos”. Já estava no Instagram, mas, no início, postava de graça ou em troca de um produto. No ano seguinte, decidiu fazer disso um negócio, convencida de que seria vantajoso para ela e para o comerciante. “Não houve uma grande virada, foram passos de formiguinha.”
A empreendedora lembra que encontrava meninas muito bonitas e cheias de acessórios fotografando nas lojas. “Eu tinha questões com meu rosto, fiz seis cirurgias, e me achava fora do padrão de beleza.” Além disso, conta, não tinha um acervo de bolsas, sapatos e bijuterias para incrementar o visual. “Então, além de fotos, passei a produzir vídeos. Estudava as peças e falava sobre elas. Me sentia mais confortável narrando”, diz.
MERCADO – A criadora de conteúdo Thays Jubé, que atende lojas de shopping e de comércio popular, diz que há espaço para mais influenciadores digitais dispostos a “entregar bem-feito”
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O diferencial emplacou. Na pandemia, seu conteúdo explodiu. Com as pessoas em casa, ávidas por consumir, as dicas de oportunidades cresceram. “Achadinhos é meu quadro preferido no Instagram, mas hoje faço apenas para dez clientes – um story por mês por loja. E faço bastante ‘provador’ [experimentação de peças em frente ao espelho]. O pacote que ofereço inclui de quatro a oito looks por lojista.”
Hoje, ela circula entre lojas de shopping e da 44, um bairro de comércio popular de Goiânia. Cobra R$ 1,5 mil por story e R$ 5 mil por um provador. Atua também como apresentadora de palco (uma espécie de mestre de cerimônias em shows) e entrevistadora.
A criadora de conteúdo tem três pessoas na equipe: no financeiro, na assessoria e na edição de vídeos. “Muita gente pergunta se o mercado para influenciadores está saturado. Digo que está só começando. Na minha cidade, importante polo atacadista, tem lojista disposto a pagar, mas falta gente para entregar bem-feito. Há espaço para crescer.”
É exatamente isso que ela espera para 2025. Quer consolidar seu nome e atuar com marcas em nível nacional. “Estou no caminho. Comecei apresentando eventos para 500 pessoas e hoje já faço para 50 mil.”
Expert em laces
Natalia Balduino: “Quero, no mínimo, dobrar meu faturamento [chegando a R$ 80 mil por ano]”
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Natalia Balduino, 37 anos, de São Paulo (SP), começou sua transição capilar em 2021. Enquanto o cabelo recuperava a forma original, ela adotou perucas e laces (modelo que consiste em rede com fios naturais ou não aplicada sobre a cabeça). Assim como ela, imaginou que outras mulheres também gostariam de saber mais sobre os acessórios.
“Eu tinha dúvidas se ia gostar, se ia funcionar, se ficaria bonito, natural ou artificial. Não sabia preços nem como comprar. À medida que fui aprendendo, mostrava no TikTok”, diz. E foi desse processo que, um ano depois, surgiu o tema dos seus “achadinhos”.
A influenciadora passou a buscar por diferentes tipos de laces em termos de comprimento, cor, formato (cacheado, ondulado, liso), qualidade e preço, compartilhando as descobertas com sua audiência. “Até que, num dado momento, pensei: ‘Não é possível eu dar tantas dicas e não ganhar nada!’ Então, pesquisei como me tornar afiliada da plataforma onde costumava adquirir meus cabelos, a AliExpress”.
A etapa seguinte foi postar também no Instagram. Mirou nas potenciais parcerias com marcas, tendo em mente que essa rede social seria ótima para divulgá-las. “Criei uma conta do zero e, em menos de um ano, tinha 15 mil seguidores”, recorda.
MUDANÇA – Com a transição capilar e o uso de perucas e laces, Natalia Balduino criou uma conta em rede social para compartilhar suas descobertas
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A monetização só veio depois que se tornou afiliada, em 2023, quando recebeu suas primeiras comissões. Ter se aliado à plataforma turbinou o negócio: “Foi bem importante porque, quando as campanhas mensais acontecem, gero cupons de desconto, o que é vantajoso para minha audiência”. Suas estratégias são divulgar nos stories e no link da bio do TikTok e fazer muitos vídeos com os cabelos para incentivar as seguidoras a se interessarem pelo assunto e a pedir links.
Aliás, a conversa sobre perucas e laces é diária. Com ou sem campanha, ela cria conteúdo para fazer com que o assunto fique em alta – afinal, a visibilidade impulsiona parcerias pagas. “Dou dicas de como comprar, usar, manter o cabelo bonito e limpo, mostro as minhas laces – são cerca de 40!”
Também aproveita as dúvidas recebidas por direct para respondê-las em vídeo e se dedica a deixar o Linktree (ferramenta que abriga todos os links importantes para compartilhamento) sempre atualizado e funcionando.
A meta de Balduino para 2025 é expandir o site em que comercializa cabelo e cola. Além disso, a criadora de conteúdo está estudando sobre importação para buscar produtos da China. “Quero, no mínimo, dobrar meu faturamento [chegando a R$ 80 mil por ano]”, planeja.
Queridinha dos Atacadistas
Janaína Quirino: “Filmava, colocava links direcionando à marca e postava. O retorno de clientes impressionou a todos, e os donos das fábricas começaram a me chamar mais. Foi então que comecei a postar os ‘achadinhos’”
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Ela mora em uma cidade onde a maior parte das pessoas produz roupas ou conhece alguém que faz isso: Santa Cruz do Capibaribe, localizada no agreste pernambucano, um dos maiores polos têxteis do país. “Meus pais têm fábrica, e eu também trabalho com uma confecção de moda feminina”, conta Janaína Quirino, 35 anos.
Ainda que a economia e a vida do município girassem em torno desse segmento, o foco da empreendedora nas redes sociais era outro. Após viver um relacionamento abusivo e se separar, há sete anos, ela resolveu compartilhar sua rotina: a luta para dar conta da casa, dos três filhos e da vida profissional. “Como as crianças cresceram e pediram para eu não falar mais sobre elas, foquei na moda.”
Com a crescente audiência, passou a divulgar empresas locais. De repente, estava inserida no time de influenciadores do Moda Center, um polo atacadista de confecções que contabiliza mais de 10 mil pontos comerciais, e assumiu a apresentação de lives semanais, o que aumentou o engajamento e trouxe novos seguidores.
“Filmava, colocava links direcionando à marca e postava. O retorno de clientes impressionou a todos, e os donos das fábricas começaram a me chamar mais. Foi então que comecei a postar os ‘achadinhos’”, conta. Era uma forma de valorizar o que havia de mais vantajoso para os consumidores naquele momento.
NOVO RUMO – Janaína Quirino reorientou as publicações de sua conta em rede social, trocando os relatos sobre a vida pessoal pela divulgação de oportunidades de atacadistas têxteis
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Hoje, Quirino os divulga no seu Instagram – alguns, diretamente das fábricas. Faz questão de conhecer todas as marcas que indica para se certificar de que são sérias e que o produto tem qualidade.
“Além de usar a rede social, também publico nos 13 grupos de sacoleiras de todo o Brasil que criei no WhatsApp. Faço um catálogo com foto, descrição do produto, preço…”, explica.
O trabalho da influenciadora ainda inclui fabricantes do município vizinho, Toritama, especializado em jeans, e de Caruaru (PE) e Fortaleza (CE). Seus clientes a procuram para fazer divulgação online, making-of de produção, live shopping e provador.
“Eu me encontrei nessa profissão, amo me comunicar com as pessoas e sei que o que faço funciona. Um cliente me contratou para divulgar a coleção e, no dia seguinte à primeira postagem nos grupos de atacado, ele me avisou que tinha vendido tudo e precisava dar um tempo para produzir mais, antes da segunda postagem. É uma realização”, finaliza.
Garimpeira de oferta
Renara Nogueira: “Nos primeiros 15 dias como influenciadora divulgando ofertas do Magalu, consegui 10 mil seguidores e recebi R$ 490”
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“Sempre empreendi”, resume Renara Nogueira, 28 anos, de Osório (RS). “Minha mãe era sacoleira e eu segui esse caminho também. Aos 19 anos, tinha o meu próprio negócio. Ainda criança, levava bolo de pote para vender na escola.”
Essa veia de negócios a fez enxergar o potencial do mercado de “achadinhos”. O insight veio na pandemia, quando ficou impedida de viajar para São Paulo, onde comprava peças no Brás (bairro de comércio popular) para revender em sua cidade. Não conhecia nada de internet ou de Instagram: “Só sabia vender”. Fuçando aqui e ali, descobriu um perfil de uma influenciadora que comercializava blusas baratinhas de um magazine. Passou a estudar esse mercado.
Foi uma “aluna” observadora. Logo criou o primeiro dos cinco perfis que administra, o @espiadeofertinhas. “Nos primeiros 15 dias como influenciadora divulgando ofertas do Magalu, consegui 10 mil seguidores e recebi R$ 490.” Como sacoleira, ganhava dez vezes mais do que esse valor, mas agora já não precisava mais viajar para São Paulo. “Podia ganhar dinheiro apenas usando meu celular.”
Dedicada a aprender como usar outros marketplaces e plataformas, ela chegava a trabalhar 18 horas por dia. A recompensa veio. Em novembro de 2021, na sua primeira Black Friday, faturou R$ 10 mil com apenas um marketplace.
DO ZERO – Para entrar no negócio de influenciadora de ‘achadinhos’, Renara Nogueira estudou o mercado; hoje tem também um curso para quem quer empreender na área
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Depois de um problema de doença na família que interferiu na regularidade dos conteúdos, seu perfil perdeu engajamento. Nogueira, então, criou o @ofertinhasdaespia.
Lá, publicava três vídeos diários. No segundo mês, com 400 mil seguidores, ganhou R$ 53 mil de comissão – vendeu mais de R$ 3 milhões para a Shopee.
De lá para cá, a influenciadora virou uma máquina de vender “achadinhos”. Ela conta o segredo: “Posto vídeos, em geral asiáticos, produzidos pelos fabricantes dos produtos que demonstram como eles funcionam. Faço títulos chamativos e gravo uma narração convincente, explicando por que eles são a solução para o que você precisa”.
Atualmente, a influenciadora trabalha para mais de 15 plataformas, como AliExpress, Amazon, Awin, C&A, Magalu, Shein, Shopee e ZZMall, para as quais também faz publicidade. Tem uma equipe de 12 pessoas, a maioria familiares – diz que não aceita que eles não participem desse negócio de sucesso.
Ela gosta de compartilhar o que tem, inclusive o conhecimento. Por isso, além do CNPJ dos “achadinhos”, possui outro para programas de formação, em que ensina futuros influenciadores a vender como ela. “Muita gente ainda vê o marketing digital como um meio de tirar dinheiro dos outros, o que não é verdade. Meus cursos servem, inclusive, para desmistificar essa visão equivocada”, considera a empreendedora.
Energia da vida real
Eli Maria: “Mostro vida real, e isso me conecta com a minha comunidade. Amo o que faço e quero ser referência na criação de conteúdo”
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Desde 2020, Eli Maria, 28 anos, de Recife (PE), atua como criadora de conteúdo. Leva para as redes sociais sua vibração e sua energia, que são peças-chave para conquistar e encantar seguidores.
A identificação com a profissão veio na pandemia. Enquanto conciliava a faculdade de enfermagem com o trabalho celetista como auxiliar administrativa, começou a produzir vídeos para o YouTube mostrando seu dia a dia. “Acho que sempre fui da comunicação. Senti que seria mais feliz e útil nesse segmento”, avalia.
Não fugiu do desejo e entrou de cabeça na criação de conteúdos para o YouTube (a primeira rede a monetizar), o Instagram e o TikTok. O primeiro salto veio em 2021, quando optou por se estabelecer formalmente: “Abri uma empresa porque vi que precisava me profissionalizar”. A partir daí, conta ela, surgiram diversas oportunidades de marcas que contratam influencers para divulgar seus produtos.
A influenciadora digital tem um contrato com um atacarejo da Região Nordeste, produzindo conteúdo todos os meses. Também cria material para marcas de autocuidado e de beleza – faz parte da equipe do grupo L’Oréal, por exemplo. Acredita que a ligação com a sua audiência é especial porque faz questão de se comunicar com transparência e de ser exatamente quem ela é: “Mostro vida real, e isso me conecta com a minha comunidade”.
NÚMEROS – A influenciadora digital Eli Maria trabalha com programa de afiliados e acompanha com cuidado os relatórios das marcas para verificar comportamento do público e comissão
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Ao contar sua rotina, Maria também inclui os “achadinhos”, compras que às vezes faz por conta própria, sem encomenda de marcas. Aconteceu quando precisou de um carregador de celular. “Gravei um vídeo mostrando comparação de preços, a decisão por determinado item, a performance do produto e qual foi o custo-benefício”, conta.
Como participa do programa de afiliados do Magalu, postou com o link da plataforma: “Só do YouTube, recebi R$ 1 mil de comissão”. Ela afirma que seu maior volume de trabalho com “achadinhos” vem de marketplaces – ela também é afiliada de outros, como AliExpress e Amazon. Para ela, “é importante acompanhar os relatórios que eles disponibilizam para saber como a venda está se comportando e de quanto deve ser a comissão”.
Produtos de beleza e de higiene pessoal, artigos para casa e equipamentos eletrônicos costumam ser o foco de seus “achadinhos”. Ela afirma que faz questão de testar tudo antes de postar, porque daí vem a credibilidade transmitida aos seus seguidores.
“Amo o que faço e quero ser referência na criação de conteúdo”, planeja. Outro objetivo para este ano é aumentar o faturamento: “[Quero] sair de MEI para ME. Tenho tudo para isso”.
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