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Braskem confirma proposta de Tanure para assumir controle da empresa

Braskem confirma proposta de Tanure para assumir controle da empresa


Negociação envolve fatia da Novonor, que assinou acordo de exclusividade com fundo ligado ao empresário A gigante da indústria petroquímica Braskem confirmou que o empresário Nelson Tanure está negociando a compra da participação acionária de seu acionista controlador, a construtora Novonor (antiga Odebrecht).
Se for à frente, a transação, revelada na sexta-feira pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim, poderá por fim a uma novela que se arrasta há anos e envolve a Petrobras, dona de uma fatia de 47% da companhia, e os principais bancos do país, que cobram da Novonor dívidas da época da Lava-Jato.
A revelação das negociações fez as ações da Braskem subirem mais de 10% na sexta-feira. Ao fim do pregão, os papéis eram negociados a R$ 11,09, alta de 9,15%.
A Novonor detém 50,1% das ações com direito a voto da Braskem. Nos bastidores, a avaliação é de que a ex-Odebrecht continuará como acionista minoritária, com uma participação de 3% a 5%.
Em fato relevante divulgado na noite de sexta-feira, a Braskem informou que a Novonor assinou um acordo de exclusividade para negociar os termos da transação com o fundo Petroquímica Verde, um veículo de investimentos de Tanure.
Petrobras e bancos serão decisivos
Embora não participe diretamente das tratativas, a Braskem afirmou que acompanha o processo de perto. Procurada neste sábado, a Petrobras não comentou sobre as negociações.
A operação ainda vai exigir o aval de cinco grandes credores da Novonor – Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, BNDES e Santander –, além da própria Petrobras.
A Odebrecht, que entrou em recuperação judicial, em 2019, por causa dos problemas causados pelo escândalo de corrupção investigado na Lava-Jato, ofereceu as ações que possui na Braskem como garantia da dívida com os bancos.
Em nota, Tanure afirmou que a proposta tem o objetivo de contribuir “com a estabilidade e o futuro dessa companhia estratégica para o Brasil e com enorme potencial de crescimento”. Segundo ele, a Braskem, sexta maior petroquímica do mundo, tem condições de subir para a quarta posição global a partir de investimentos em inovação e transição energética.
O empresário reconhece que o primeiro grande obstáculo para o negócio acontecer será chegar a um acordo com os bancos. “O primeiro grande desafio é o acordo com os principais credores, sem dúvida”, diz a nota. Além desse aval, a proposta também depende da Petrobras.
Com o acordo de exclusividade firmado, as partes iniciarão uma fase de diligência, na qual o fundo de Tanure terá acesso a informações sobre a Braskem.
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Novela se arrasta há anos
Os insumos produzidos pela indústria petroquímica são essenciais para uma série de produtos, principalmente os plásticos em geral. A Braskem é destaque no mercado de resinas termoplásticas (polietileno, polipropileno e PVC) em todas as Américas, com operações no Brasil, no México e nos EUA.
A mudança do controle da Braskem se arrasta há anos, desde que a situação financeira da Odebrecht se tornou insustentável. Segundo João Zuñeda, sócio fundador da consultoria MaxiQuim, sem uma solução, a companhia perde a capacidade de investir e, assim, vai ficando para trás:
– A Braskem está perdendo participação de mercado, cada vez mais. A empresa já teve mais de 70% de participação no mercado polietileno no Brasil. Hoje, está menor do que 50%.
Em meados de 2023, a petroquímica Unipar, destaque na produção de cloro e soda no Brasil, fez uma oferta pela fatia da Novonor. Concorreu com outra, da empresa de participações americana Apollo e da Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), a estatal de petróleo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Cenário mudou no setor
De lá para cá, o interesse de investidores estrangeiros pela Braskem diminuiu, segundo Zuñeda. Em parte, porque o cenário global do setor mudou. A inauguração de fábricas nos EUA e na China aumentou a oferta, enquanto a demanda, especialmente por conta da desaceleração da economia chinesa, arrefeceu. Esse ciclo derrubou os preços dos insumos produzidos pela indústria química, tornando os investimentos menos atrativos.
A guerra comercial deflagrada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, adicionou ainda mais incerteza aos investimentos no setor.
O quadro, segundo o consultor, deixa a solução para o controle da Braskem mais nas mãos de algum grupo nacional, completou Zuñeda. E Tanure é conhecido no mercado por investir em empresas em crise, em situação limite.
As 3 prioridades de Tanure
Na nota sobre as negociações, Tanure diz que teria três prioridades para a Braskem. A primeira seria resolver de forma definitiva o passivo de Alagoas.
Em 2018, houve um tremor de terra em Maceió, que resultou em afundamento de cinco bairros da capital alagoana, em decorrência da mineração feita pela Braskem na região e pelo qual o governo local cobra indenização da companhia no Judiciário.
O segundo passo seria transformar o polo de Camaçari, na Bahia, em um centro de inovação voltado à petroquímica verde, com foco em tecnologias sustentáveis.
A terceira prioridade envolve ampliar o uso do gás do pré-sal no polo do Rio de Janeiro, em parceria com a Petrobras. “Por fim, a construção de um plano consistente de redução da alavancagem será essencial para fortalecer a estrutura de capital da Braskem”, acrescenta a nota do empresário.
Tanure é conhecido pelo histórico de investimento em companhias em situação financeira delicada. Ele se tornou um dos principais acionistas da Oi em 2016, quando a empresa entrou com um dos maiores processos de recuperação judicial do país. Mais recentemente, assumiu participação relevante na Light, concessionária de distribuição de eletricidade do Rio.

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