Bar na periferia do Recife aposta em ancestralidade e valorização da comunidade
Criado na periferia da Zona Norte do Recife, Cantinho do Axé entrega pratos saborosos, carregados de significado e pertencimento Morador do Vasco da Gama, bairro periférico da Zona Norte do Recife, Diego Soares dos Santos abriu o Cantinho do Axé, estabelecimento que funciona há sete anos. O bar resgata a cultura ancestral por meio dos pratos oferecidos e do compartilhamento de vivências. Além disso, de acordo com o proprietário, “o axé representa a comunidade na empregabilidade, no turismo e em diversos outros quesitos”.
O empreendimento foi criado com intuito de ser uma fonte de renda para arcar com as despesas no dia a dia, mas Diego foi entendendo a importância da luta nas periferias e criou esse espaço de integração para ajudar a mudar a história da comunidade. Atualmente, eles oferecem refeições inspiradas na culinária ancestral, alimentos que eram feitos pelas pessoas que foram escravizadas, como sarapatel, mocotó e feijoada. Então, para o empreendedor, o diferencial do seu negócio é “resgatar a cultura ancestral por meio do ambiente, dos alimentos e gerar a interação social entre as pessoas da comunidade por meio do compartilhamento de suas vivências”.
Para o dono do pequeno negócio, o desafio tem sido empreender em meio a tantas dificuldades financeiras e de competitividade com grandes estabelecimentos. Porém, ainda de acordo com Diego, o principal desafio dentre todos, é “tentar empreender na comunidade, que é um lugar de difícil acesso, longe de tudo e que sofre muitos preconceitos, então empreender aqui é uma das coisas mais desafiadoras que já vivi”. Apesar das dificuldades, o comércio serve de inspiração e ajuda a circular a economia dentro da localidade.
Leia também
“Empregamos predominantemente pessoas da comunidade, 80% a 90% do nosso pessoal é daqui, pois o nosso foco é promover essa inclusão e gerar renda em um local que antes não teria nenhuma oportunidade”, diz.
Além de gerar emprego de forma direta, o empreendimento também tem ajudado outros comércios de diversas formas. Um exemplo são os dois estacionamentos do local, cujos lucros vão para os proprietários do terreno cedido e dos fornecedores de gelo caseiro. O Cantinho do Axé tem ajudado na movimentação de outros comércios, pois quando estamos fechados ou com a demanda alta, as pessoas vão para os outros pequenos negócios que funcionam nas proximidades e isso mantém a economia girando”, afirma o responsável pelo bar.
Esse pequeno negócio também tem trazido novas expectativas, olhares, realidades e vivências, fortalecendo o turismo dentro da localidade. Diego relata que é muito prazeroso enxergar as diversas importâncias do seu bar para a população e destaca: “Uma das principais coisas que o Cantinho do Axé tem ocasionado é a mudança de paradigma através do turismo”.
A equipe do Cantinho do Axé tem muitos planos para o futuro do negócio, como gerar mais empregos e mudar a visão que as pessoas têm das periferias, mas a ideia principal deles é transformar o Axé em um Projeto Social que fomente cultura e turismo e que acolha e disponibilize capacitações para a população. “O nosso pensamento é de crescimento do Axé com a comunidade, tornando um ambiente de acolhimento que possa continuar abraçando os moradores locais que sofrem bastante com a falta de oportunidades e com o estereótipo negativo”, reforça Diego.