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Associação de mulheres indígenas preserva tradição ancestral e gera renda com artesanato no Amazonas

Associação de mulheres indígenas preserva tradição ancestral e gera renda com artesanato no Amazonas


Instituição Numiã Kurá foi criada há 38 anos e envolve a participação de 71 mulheres indígenas do Alto Rio Negro, em Manaus (AM) No coração da floresta amazônica, a Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn) – Numiã Kurá une tradição e empreendedorismo na produção e venda de artesanatos que preservam a cultura ancestral e sustentam suas comunidades. As mãos habilidosas das artesãs transformam fibras naturais em brincos, colares, pulseiras, itens decorativos e roupas, que até já foram desfiladas na Semana de Moda de Nova York em setembro de 2024. Atualmente, a instituição possui 71 integrantes.
Criada em 1987 em Manaus, no Amazonas, a instituição nasceu com o propósito de acolher meninas e mulheres expostas à violência após serem tiradas das suas comunidades. De acordo com a presidente Clarice Tukano, a Amarn transformou a dor na oportunidade de impulsionar e empoderar mulheres indígenas para buscar condições dignas de sobrevivência. Ela afirma que muitas delas eram levadas para Manaus para estudar e atuar como empregada doméstica antes mesmo da fase adulta.
“A Amarn surge como uma possibilidade para esse cenário de injustiça, pois muitas mulheres ainda eram violentadas e expulsas dessas casas e ainda com filhos. Então, a associação vai atuar na potencialização delas por meio da geração de renda social e formação política e cultural”, diz.
Antes da produção das peças, as mulheres entendem a história e importância daquele objeto para a cultura local. Todos os itens são inspirados em tradições, formatos e aspectos da natureza. Um deles, por exemplo, é o cesto Ayahuasca. O artigo homenageia a bebida sagrada pelos pajés dos povos indígenas. Em um mês, as artesãs produzem cerca de 200 peças, que custam a partir de R$ 8.
Quanto à distribuição e remuneração dos trabalhos, a presidente diz que a associação considera a quantidade de peças produzidas pelas artesãs. Para isso, elas fizeram oficinas de precificação e passaram a fazer fichas técnicas do produto, que consideram o tempo de produção e matéria-prima. No mês de março, ela conta que o faturamento com artesanato chegou a R$ 6,6 mil.
Cestos produzidos pelas artesãs da Amarn- Numiã Kurá
Reprodução/Instagram
Contudo, ela reitera que nem todas as integrantes exercem esse ofício integralmente. Isso porque algumas possuem outros empregos na cidade, entre elas professoras, acadêmicas, enfermeiras e funcionárias públicas.
Após a produção, as peças são vendidas na sede da associação e na loja online. Além disso, as artesãs também recebem pedidos e produzem peças sob encomenda. “A gente fala: ‘quem compra nossas peças está abraçando e apoiando a nossa causa’. Os clientes se sensibilizam muito conosco e se tornam parceiros importantes. Eles acabam fazendo propaganda e levando a nossa história pelo mundo. Temos clientes do Brasil e de países como a Alemanha”, frisa.
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Tukano enfatiza a atuação educacional e política da instituição, que oferece diversas capacitações para as integrantes ao longo do ano. A Amarn ainda mantém uma escola que ensina a língua, tradição, cultura, grafismo e outros elementos do povo Tukano. Com aulas gratuitas, o projeto atende mais de 35 alunos.
“Nossa ideia com as capacitações é de construir um futuro melhor para as próximas gerações. A questão socioeconômica com o artesanato é importante, mas é muito mais que isso. É protagonizar a luta e a defesa dos direitos das mulheres indígenas no contexto local e nacional.”
Com o olhar para o futuro, a presidente destaca que a associação deverá lançar uma campanha para arrecadar fundos para dar continuidade aos projetos e auxiliar na reforma da sede. “Já conseguimos fazer o arquiteto e precisamos levantar os fundos para reformar a casa em prol da qualidade de vida das mulheres, da nossa convivência nesse espaço”, afirma.
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