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Aposentados? Investidores ou pessoas que complementam a renda? Veja o perfil dos anfitriões do Airbnb no Rio

Aposentados? Investidores ou pessoas que complementam a renda? Veja o perfil dos anfitriões do Airbnb no Rio


Só pelo aplicativo, cidade do Rio receberá mais de 60 mil visitantes, de 1.748 cidades e 66 países durante feriadão com direito a Lady gaga na Praia de Copacabana Embalado pelo megashow de Lady Gaga amanhã, o Rio tem mais um feriadão para comemorar. Restaurantes, bares e mercados estão cheios. Ipanema, Leblon, Copacabana e Leme têm acima de 95% dos quartos de hotéis ocupados, segundo o HotéisRIO. E só o Airbnb calcula que os cariocas que anunciaram imóveis em seu serviço on-line receberão, nestes dias, mais de 60 mil visitantes, de 1.748 cidades e 66 países. Esses locadores são chamados na plataforma de anfitriões, e um levantamento feito pela empresa mostra que, para eles, os aluguéis por curta temporada se tornaram uma importante fonte de renda — mesmo que eventual para muitos — não só nos períodos de turismo hiperaquecido como agora, mas ao longo do ano inteiro.
O perfil traçado por pesquisas do Airbnb revela, por exemplo, que, no Rio, quase 30% dos anfitriões são aposentados, e mais da metade (55%) afirma que os ganhos obtidos os ajuda a permanecer nas casas onde moram. Além disso, para 45% deles, o valor recebido serve para pagar contas do dia a dia.
A advogada Márcia Beserra, de 54 anos, trabalhava com importações e estava num momento de transição profissional quando viu no setor turístico uma oportunidade. Hoje, vive do aluguel de dois imóveis em Copacabana.
— No início, era para ter uma fonte de renda e poder acompanhar minha filha, que é atípica. Hoje, o Airbnb me possibilitou mudança de carreira — diz ela.
Um dos imóveis que Márcia aluga é uma cobertura numa rua atrás do Copacabana Palace, com vista para o palco do show de Lady Gaga. Fora da alta temporada, ela costuma atender executivos. Já em feriados e eventos, recebe turistas estrangeiros e cobra até R$ 1 mil por diária. Nesta passagem da popstar pelo Rio, conta que a disputa pelo apartamento foi acirrada.
— Quando surgiram os rumores sobre a Lady Gaga, já tinha gente procurando. Hóspedes antigos começaram a me escrever perguntando se tinha vaga — relata ela, destacando a importância dessa modalidade de aluguel em Copacabana. — É um bairro de idosos. Muitas senhoras alugam quartos para complementar a renda.
Regulação em debate
Neste sentido, o levantamento do Airbnb indica que, dos anúncios cariocas, 21% são quartos privados em imóveis ocupados, cujos anfitriões buscam uma fonte extra de recursos. Já 90% dos locadores têm somente um ou dois anúncios no serviço, o que, no Rio, contrariaria a ideia de que o mercado é dominado por grandes investidores.
Este, aliás, é um dos pontos debatidos na polêmica sobre a atuação do Airbnb como concorrência à rede hoteleira. E faz parte das discussões que ocorrem na Câmara do Rio sobre um projeto de lei para regulamentar a plataforma na cidade, com propostas como o registro dos proprietários no Cadastro Municipal de Agentes de Hospedagem e a cobrança de Imposto Sobre Serviços (ISS) sobre os aluguéis. Entre as alegações está uma possível concorrência desleal com os hotéis, que pagam ISS de 5%. O tema, porém, não deve ir a plenário antes do fim do ano e ainda há a previsão de 12 reuniões, como audiências públicas, nos próximos meses.
O Airbnb, por outro lado, argumenta que a atividade de aluguel por curta temporada já é regulada pela Lei do Inquilinato. E aponta outro dado de suas pesquisas: 76% dos espaços estão disponíveis por menos de um terço do ano, o que indicaria o aluguel ocasional da ampla maioria na plataforma.
— O Airbnb e o setor hoteleiro respondem a diferentes necessidades, de diferentes tipos de hóspedes e momentos das vidas brasileiras. Acreditamos que o Rio é o principal exemplo disso no Brasil — afirma Aleksandra Ristovic, gerente de Relações Institucionais e Governamentais do Airbnb no país, ao defender que as hospedagens de curta temporada ajudam milhares de famílias e que a regulação precisa preservar essa alternativa.
No caso de Roberlin de Carvalho, de 35 anos, ele se juntou ao pai, ao irmão e ao namorado para administrarem, em sociedade, oito imóveis. E diz que o show de amanhã na praia animou — e muito — o setor. Ele relata, porém, haver diferenças até entre bairros vizinhos:
— Copacabana tem muita oferta. Então, não dá para cobrar tão alto como em Ipanema. Mas, ainda assim, estamos com boa ocupação. Tenho hóspede pagando R$ 1.400 hoje e R$ 1.500 amanhã. Em Ipanema, os valores chegam a R$ 2.500.
Os números do Airbnb confirmam a demanda em alta. Indicam que, com o anúncio do megashow gratuito, as buscas por hospedagens no Rio, com check-in entre 30 de abril e 3 de maio, cresceram mais de 150 vezes em relação ao mesmo período do ano passado. Copacabana lidera o ranking de bairros com mais reservas, seguido por Botafogo e Leme. A movimentação supera o impacto gerado pelo show da cantora Madonna, realizado também na orla, em maio de 2024. As buscas foram 2,5 vezes maiores do que as registradas após o anúncio da apresentação da Rainha do Pop. De acordo com a plataforma, dois em cada dez usuários que reservaram acomodações para o período são estreantes no Airbnb.
— Assim que iniciaram os rumores de que a Lady Gaga viria para o Rio, comecei a procurar vaga. Optei pelo Airbnb. Estamos em um grupo de amigos de cinco pessoas — contou a estudante de Medicina Patrícia Rudosvisktf, de 27 anos, que veio do Rio Grande do Sul para o show.
Galeão e rodoviária
A maior parte das reservas no Airbnb é para grupos de até quatro pessoas, com destaque para os Millennials (pessoas de 30 a 45 anos), com 44%. Os principais emissores nacionais são São Paulo, Belo Horizonte e Niterói, enquanto os estrangeiros vêm, na maioria, da Argentina, do Chile e dos Estados Unidos.
Outras plataformas de aluguel por temporada, como Booking.com, Vrbo e TemporadaLivre, também foram opções para quem desembarcou na cidade neste período. A alta temporada alavancada por Lady Gaga também fez crescer o número de voos no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Entre pousos e decolagens, serão 4.192, um aumento de 19% em comparação ao registrado para o show de Madonna em maio do ano passado. Entre 29 de abril e 6 de maio, são esperados 363 mil passageiros — 256 mil no terminal doméstico e 107 mil no internacional —, 26% a mais do que no show de Madonna. Já pela Rodoviária do Rio, devem passar 240 mil passageiros na semana do evento.
— A estratégia da prefeitura de apostar em megashows é fundamental. Traz visitantes, beneficia hotéis e comércio, e melhora a imagem do Rio — afirma Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO.

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