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Após dois anos com saldo recorde no comércio exterior, Trump vai dificultar o ano do Brasil em 2025? Entenda

Após dois anos com saldo recorde no comércio exterior, Trump vai dificultar o ano do Brasil em 2025? Entenda


Resultado do ano passado, de US$ 74,55 bilhões, foi o segundo maior da história, mesmo com a queda de preços de produtos relevantes para as exportações brasileiras A balança comercial brasileira encerrou 2024 com um saldo positivo (diferença entre importações e exportações) de US$ 74,55 bilhões. O dado divulgado ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) traz um recuo de 24,6% em relação a 2023, quando foi registrado um recorde de US$ 98,8 bilhões.
O resultado do ano passado foi segundo o maior da série histórica, iniciada em 1989, e ocorre mesmo com a queda de preços de produtos relevantes para as exportações brasileiras, como soja, petróleo e minério de ferro. Em 2025, especialistas consideram que a manutenção do ritmo depende da política econômica interna do Brasil e de medidas do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ao longo de 2024, as exportações do país caíram 0,8% em relação ao ano anterior e somaram US$ 337 bilhões. Mas uma alta de 3% no volume exportado ajudou a compensar a queda dos preços.
Pelo lado das compras externas, com a economia aquecida, as importações totalizaram US$ 262,4 bilhões, um aumento de 9%.
A secretária de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Prazeres, afirmou que a queda das exportações brasileiras deve-se ao recuo nos preços dos produtos embarcados, já que houve aumento do volume exportado. Por isso, destacou, 2024 “foi um ano muito positivo para o comércio exterior brasileiro”, com “manutenção do patamar elevado das exportações”.
Demanda por importados
No total, o preço de venda dos alimentos caiu 7,9% no ano. Esse cenário fez o petróleo superar a soja e se tornar, pela primeira vez, o principal produto de exportação do Brasil — responsável por 13,3%, contra 12,5% da soja.
O produto agrícola teve queda de 3% no volume e de 16,9% no preço. Para o governo, dificilmente o petróleo manterá a liderança neste ano.
Ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e PhD em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP), Welber Barral projeta um saldo positivo acima de US$ 60 bilhões em 2025, mas com aumento no volume de importação novamente.
— O aumento de importação, como aconteceu em 2024, refere-se muito à importação de máquinas e equipamentos. Tem a ver principalmente com o aumento da demanda interna do Brasil, que leva a esse aumento de importação apesar de um dólar muito alto.
Por outro lado, ele aponta que se a moeda americana se mantiver em um patamar elevado, como atual, as exportações brasileiras devem ser beneficiadas:
— A gente viu em 2024 uma exportação muito grande de café e celulose, principalmente por conta do preço do mercado internacional, enquanto caiu o preço do milho e da soja. Então o Brasil acaba refletindo esses preços internacionais, e os exportadores se beneficiam com o dólar mais alto.
Enquanto isso, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, teme um cenário de incertezas para o mercado externo no ano que vem, diante das promessas de medidas protecionistas de Trump.
— Se o Trump realmente implementar o que ele está dizendo vai ficar complicado, porque os EUA são os maiores importadores do mundo. Então quando eles retraem suas compras, automaticamente o mundo retrai e procura mercados alternativos, só que isso não existe mais hoje em dia, todos querem ser mercados alternativos — afirma Castro.
Para o economista e professor do Insper Augusto Chaia, no entanto, eventuais medidas implementadas por Trump terão menos efeito sobre a balança do que uma possível piora no cenário fiscal da economia brasileira:
— Se não for para os EUA, conseguiremos vender para outro mercado, só vão mudar os parceiros comerciais.
Chaia projeta um 2025 forte na balança comercial:
— Neste ano teremos uma safra maior, e talvez com manutenção ou estabilidade no preço. Não devemos ter novamente um impacto de queda nos preços, a não ser que haja problemas em grandes produtores, como os Estados Unidos. Provavelmente teremos uma balança muito mais positiva do lado do agronegócio.
Venda menor para China
O Mdic prevê que o saldo da balança comercial este ano ficará entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões, com aumento da safra agrícola e maior oferta de bens exportáveis. As importações devem atingir entre US$ 260 bilhões e US$ 280 bilhões, enquanto as exportações devem somar de US$ 320 bilhões a US$ 360 bilhões.
No ano passado, alguns números chamaram atenção do governo. Por exemplo, no caso das importações, as compras de bens de capital — como máquinas e equipamentos —, que subiram 200,6% em comparação a 2023. No total, foram US$ 35,7 bilhões.
— É o maior valor importado para bens de capital em mais de dez anos, Isso sinaliza investimentos produtivos no Brasil — disse Tatiana Prazeres, do Mdic.
Entre os parceiros comerciais, as vendas para Argentina caíram 17,6% e, para a China, recuaram 9,3%. Mas houve crescimento nas vendas para os Estados Unidos, de 9,2%, e para a União Europeia, de 4,2%.

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