Aos 25, ele já fundou duas startups e acaba de vender uma delas para um grande grupo educacional
Enrico Gazola fundou a ASF para resolver uma dor que percebeu entre alunos pré-vestibulandos. Plataforma escalou com o uso de inteligência artificial e atraiu o CPV como comprador Enrico D’Angelo Gazola tem apenas 25 anos, mas já fundou duas startups, ASF e nero.AI, e acaba de anunciar o acordo de venda da primeira delas, uma plataforma online voltada à preparação pré-vestibular com foco em soft skills, para o CPV Educacional, grupo que integra cursinho preparatório, escola e sistema educacional. O valor da transação não foi divulgado.
Gazola iniciou o negócio aos 20, quando estava no primeiro ano de economia no Insper – além das questões tradicionais do vestibular, focadas no conteúdo que se aprende no ensino médio, a prova da instituição avalia soft skills na segunda fase. Ele quase gabaritou o teste e, por isso, passou a dar aulas particulares para amigos.
“Tudo na vida é possível treinar. Eu não sou o maior orador do mundo, mas sempre tive mais facilidade do que outros colegas. E para um cursinho tradicional é difícil treinar entrevistas, a logística é complicada”, comenta o jovem. O que começou como uma forma de renda extra, ganhou corpo quando o número de interessados saltou de 20 para 100 pessoas buscando ajuda para passar nos vestibulares de instituições como Fundação Getulio Vargas (FGV) e Link Business School.
De família empreendedora, Gazola diz que sempre quis construir a carreira da mesma forma. Dentro do Insper, entrou para o clube de empreendedores e recebeu mentorias de ex-alunos da instituição que fundaram startups como QI Tech, Shopper e Conta Simples. “Sempre procurei seguir esse caminho e me cercar de pessoas que trilharam o que eu queria para mim”, afirma.
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Foi nesse ambiente que ele conheceu Gabriel Valentim, com quem trocava ideias sobre inteligência artificial. Dessa conexão surgiu o desenvolvimento da plataforma da ASF, o que trouxe escala ao negócio, a partir de licença da OpenAI. Totalmente autônoma, a ferramenta permite que o aluno faça as simulações que quiser, a qualquer hora do dia, com feedbacks na mesma hora.
A IA foi alimentada com os dados públicos de correção dos vestibulares das instituições e com a metodologia desenvolvida por Gazola ao longo dos anos. Até então, a plataforma era disponibilizada como feature para os alunos que adquiriam algum curso da startup.
Paralelamente, também ao lado de Valentim, ele fundou a nero.AI, consultoria e software house para criar projetos de IA sob demanda para empresas, como sistemas de conversação, modelos de análise de dados e software para produção de conteúdo, em 2023. “A ASF nasceu comigo na faculdade, a partir de algo que identifiquei no meu microcosmo. Apesar de ter muito apego e ser grato, era algo que eu já via com horizonte curto”, declara.
O jovem já tinha a intenção de vender a startup para focar os esforços na Nero, empresa para a qual enxerga mais oportunidades e está mais alinhada ao seu perfil, e decidiu apresentar o negócio ao CPV, onde estudou. Ao longo dos últimos dois anos, ele se aproximou de Alexandre Chumer, vice-presidente da instituição – eles se conheceram nas portas dos vestibulares, acompanhando alunos.
“Eu já tinha ouvido falar da ASF porque estavam em expansão e acompanhamos nossos concorrentes. Eu tive interesse em conhecer, trocar experiências e fui vendo o crescimento. O Enrico mostrou a plataforma e, para nós, tudo fez sentido”, diz o executivo.
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O CPV surgiu em 1959, como um projeto do Diretório Acadêmico da FGV e, posteriormente, tornou-se um negócio à parte pelas mãos do pai de Chumer. Hoje em dia, atua em quatro frentes: colégio, voltado ao ensino fundamental II e ensino médio, com 200 alunos; cursinho, com cerca de 1,8 mil alunos por ano; sistema de ensino, com mais de 8 mil alunos em escolas parceiras; e plataforma Alfred, solução tecnológica adotada por 64 escolas.
A tecnologia da ASF vai se integrar justamente à Alfred, que contém um banco de dados com mais de 100 mil questões resolvidas e apresenta para as escolas parceiras as estatísticas de acertos dos alunos. Com a entrada da plataforma, a preparação se estenderá também para o treinamento de soft skills.
“A IA traz uma escalabilidade gigantesca e se encaixa como uma luva no que precisamos. É a combinação perfeita de tradição e inovação”, pontua Chumer. Esta foi a primeira aquisição de uma startup pelo CPV, mas, segundo o VP, não houve uma criação de fundo ou estratégia nesse sentido. Por ora, trata-se de algo pontual.
A plataforma será disponibilizada para os alunos CPV a partir do segundo semestre de 2025. Com a novidade, o grupo espera atrair novas escolas para o ecossistema.
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