A marca de streetwear que nasceu no quarto de um jovem e conquistou famosos
Vitor Guerreiro começou pintando jaquetas em casa e hoje vende cerca de 100 peças por mês, com clientes como o cantor Matuê e uma comunidade fiel nas redes sociais Era início de 2020 quando Vitor Guerreiro, então com 19 anos, decidiu descolorir uma jaqueta antiga no seu quarto, pintar com tinta que comprou em uma loja de artesanato e usar em festas com os amigos. O que começou como uma tentativa de ter uma peça exclusiva, já que não podia bancar marcas internacionais de streetwear, virou, sem querer, o primeiro passo da Bosy*Coys, marca que hoje vende cerca de 80 a 100 peças por mês, com faturamento médio mensal de R$ 40 mil.
A história da Bosy*Coys é marcada por improviso e muita criatividade. “Eu não tinha a intenção de criar uma marca, queria apenas ter as peças que eu gostava. Mas meus amigos começaram a perguntar de onde era a jaqueta, o moletom, e percebi que tinha algo ali”, lembra Guerreiro. Foi assim, com postagens orgânicas nas redes sociais e o apoio de amigos, que ele começou a mostrar seus trabalhos, uma peça por semana, sempre única, pintada à mão.
O boca a boca ganhou força quando, em uma estratégia ousada, o jovem enviou um moletom exclusivo para Luiz Navarro, diretor criativo da gravadora do cantor Matuê. O resultado? Matuê viu, curtiu, pediu um também e a marca ganhou visibilidade. “Ele usou o moletom por um mês inteiro, foi um divisor de águas”, conta o fundador.
Matuê foi o primeiro approach de Vitor para a visbilidade da marca
Redes sociais
Sem formação em moda ou marketing digital, o empreendedor se jogou no aprendizado autodidata: aprendeu Photoshop com colegas de faculdade quando cursava administração, fuçou o Premiere no YouTube, e até montou sozinho o site da marca usando código e o Shopify com a ajuda de um designer ucraniano para o visual. O site é uma extensão do quarto onde tudo começou: uma interface imersiva, onde o visitante navega clicando em objetos no cenário real de criação.
O marketing da BosyCoys é majoritariamente orgânico. Foram investidos menos de R$ 2 mil em tráfego pago, mas vídeos de processos criativos – como a pintura à mão de cada peça – viralizaram no TikTok e no Instagram. Em 2024, a marca ganhou 10 mil seguidores; nos primeiros quatro meses de 2025, foram mais de 15 mil. Nos comentários desses vídeos, uma pergunta é constante: “Qual é a tinta que você usa?”. O jovem, porém, prefere manter o segredo: “É uma receita da casa, uma dica da minha mãe, mas prefiro manter como parte da identidade da marca.”
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Os preços das peças reforçam o posicionamento premium: os moletons custam entre R$ 437,80 e R$ 487,80, enquanto as camisetas variam de R$ 217,80 a R$ 237,80, além de outros produtos que o fundador tem produzido, como calças, bonés, toucas etc. Famosos como o músico Yunk Vino (com quem a marca lançou uma collab esgotada em dois minutos), Franco, the Sir e Matuê ajudaram a impulsionar ainda mais o alcance.
Para o fundador, o segredo está na autenticidade: “A Bosy*Coys não nasceu como uma empresa, mas como uma extensão da minha personalidade. O storytelling do quarto, das peças pintadas à mão, não é marketing, é real. Quero que as pessoas se sintam parte da marca.”
E ele tem trabalhado para isso: responde a todas as mensagens diretas, grava áudios, criou um grupo no WhatsApp onde seguidores participam ativamente de decisões da marca, como a campanha de Dia dos Namorados, e planeja novas viagens de cocriação — como a que levou os amigos, apoiadores da marca desde o início, para Campos do Jordão (SP), para a última coleção de inverno, a maior já feita, com 40 peças entre camisetas, moletons, bonés, calças e acessórios.
Vitor alugou uma casa em Campos do Jordão para fotografar o lançamento da nova coleção de inverno junto aos seus amigos
Vitor Guerreiro
Apesar do crescimento, ele reconhece os desafios. “O maior deles hoje é transformar seguidores em clientes. O topo do funil cresce muito com os vídeos, mas a base, a conversão em vendas, precisa acompanhar esse ritmo. E temos o desafio da produção: antes eu pintava tudo à mão, mas agora, para escalar, terceirizei a confecção e uso serigrafia para manter a qualidade e o volume.”
Hoje, as peças são vendidas exclusivamente no e-commerce da marca, mas a Bosy*Coys está começando a entrar em multimarcas selecionadas. “É um caminho para dar sustentabilidade ao negócio, mas queremos escolher bem as lojas, para garantir que saibam comunicar nossa essência.”
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