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4 motivos por que a IA é uma oportunidade para o Brasil, segundo investidores internacionais

4 motivos por que a IA é uma oportunidade para o Brasil, segundo investidores internacionais


Principal tema nos eventos de tecnologia, a inteligência artificial se apresenta como terreno fértil para a criação de negócios A inteligência artificial está no centro das atenções, com startups que oferecem produtos e serviços com a tecnologia captando o interesse de fundos e gestoras: um relatório da consultoria norte-americana CB Insights mostrou que, no terceiro trimestre de 2024, as startups que oferecem produtos e serviços com IA receberam um de cada três dólares investidos.
O assunto também foi o principal tema do GITEX Global, evento de inovação e tecnologia realizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos – o primeiro país do mundo a criar um ministério de inteligência artificial – entre 14 e 18 de outubro. PEGN esteve presente na 44ª edição da feira, conversou com investidores internacionais sobre a tecnologia e traz opiniões deles sobre o potencial do Brasil no mercado global.
1. IA é um assunto quente
Com a democratização do tema IA após o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022 – a plataforma atraiu mais de 100 milhões de usuários em dois meses –, o tema virou o principal assunto dos grandes eventos de tecnologia, mas também é tópico de conversa fora do meio.
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Steven Hoffman, investidor e CEO do Founders Space, hub para empreendedores e investidores no Vale do Silício, acredita que a IA é uma bolha, mas pontua que, diferentemente da realidade virtual e do metaverso, há menos risco porque já existem casos de uso real no mercado. “Até a sua avó está falando sobre isso”, brinca.
“Existe um grande hype em torno do valor da IA, mas ela já está sendo usada no dia a dia, então não se trata de uma bolha puramente especulativa. Isso significa que, mesmo que essa bolha estoure, muitas startups se manterão ativas se tiverem descoberto como gerar valor real para ter receita”, afirma.
Uma pesquisa realizada pela editora norte-americana Clarivate, divulgada em agosto, mostrou que o Brasil está entre os 20 países com maior volume de pesquisa em inteligência artificial. Foram 6.304 publicações científicas registradas entre 2019 e 2023, número semelhante a países como Taiwan e Holanda. O ranking é liderado pela China, seguida por Estados Unidos e Índia.
2. Alta injeção de capital
No início de outubro, a OpenAI, empresa por trás do fenômeno ChatGPT, anunciou uma rodada de investimento de US$ 6,6 bilhões, sendo avaliada em US$ 157 bilhões após o aporte. E ela não está sozinha: de acordo com o estudo The Gen AI Impact in LatAm, da gestora Grão, 54% dos investimentos feitos nos últimos anos em IA generativa foram para OpenAI (21,4%), Anthropic (18,9%) e xAI (13,3%).
Na América Latina, o tema também já tomou conta dos ecossistemas de startups, com aplicações sendo desenvolvidas a partir de modelos de IA já existentes. Segundo a plataforma de dados Sling Hub, até o terceiro trimestre deste ano, startups de IA da região receberam US$ 899 milhões em investimentos, em 140 rodadas.
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3. Soluções são bem-vistas
Em um cenário de “jogo ganho” com as big techs dominando a competição da criação de infraestrutura e modelos de linguagem, a oportunidade para startups é utilizar a tecnologia para criar soluções e produtos.
Brandon Allen, sócio da gestora TXV Partners, dos Estados Unidos, ressalta que apesar do alto capital investido na empresa por trás do ChatGPT, a empresa “só” gera US$ 2 bilhões de receita atualmente. Ele vislumbra mais oportunidades de retorno financeiro ao investir em startups que aplicam a tecnologia em suas soluções.
“A OpenAI é fantástica, nem estaríamos falando de IA se não fosse pelo ChatGPT, mas vejo mais oportunidades nas camadas baixas, seja com modelos de linguagem ou big data, incorporando dados proprietários para criar novas aplicações interessantes. A IA é real e está chegando para todos os setores”, afirma. A TXV Partners investiu na brasileira Tabia, plataforma que usa IA para aumentar a aderência de pacientes com doenças crônicas ao tratamento, em 2022 e reforçou a posição no cap table em 2024.
O investidor pontua que o Brasil tem uma grande oportunidade para adotar IA no setor do agronegócio. “Nem todos vão participar da criação dos modelos fundamentais, mas não significa que não existem oportunidades para o Brasil participar no mercado de IA. Se a tecnologia será implementada por todas as indústrias, o agro é uma frente interessante para startups brasileiras construírem soluções”, diz.
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4. O Brasil é um grande mercado
Com 220 milhões de habitantes, o Brasil se apresenta como um grande mercado para desenvolver negócios tecnológicos. Francesco Cracolici, CEO da aceleradora e gestora inglesa Nomadic Minds, pontua que o país é um dos principais mercados entre as nações emergentes. “O Brasil tem um dos melhores mercados, é grande o suficiente para construir um decacórnio [startup que vale mais de US$ 10 bilhões].”
Uma pesquisa da Microsoft Brasil divulgada em março de 2023 mostrou que 74% das micro, pequenas e médias empresas entrevistadas afirmaram usar inteligência artificial sempre ou muitas vezes e 90% buscavam adotar a tecnologia. Outro estudo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 84,9% das médias e grandes empresas industriais usaram pelo menos uma tecnologia digital, como computação em nuvem (73,6%), internet das coisas (48,6%) e inteligência artificial (16,9%).
A PNAD Contínua indicou que, em 2023, 72,5 milhões de domicílios no Brasil (92,5%) tinham acesso à internet e 96,7% dos brasileiros tinham telefone celular.
A barreira existente
Apesar de existirem no Brasil boas oportunidades de investimento em startups que são “AI enabled” – ou seja, usam a tecnologia para melhorar seus produtos, serviços ou processos –, as grandes somas de dinheiro são direcionadas para a infraestrutura. Para isso, segundo o especialistas, é preciso investir mais em educação.
“Você precisa de gênios e eles geralmente vão para os Estados Unidos para frequentar escolas como Harvard, Stanford, MIT. É onde está o financiamento, o conhecimento e a rede para construir coisas enormes. Não significa que não há gênios brasileiros, mas não há como competir com esse nível de tecnologia e investimento”, disse Cracolici.
O Brasil tenta correr atrás do prejuízo. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), apresentado em julho, prevê investimentos de R$ 23 bilhões entre 2024 e 2028 para equiparar o país a outras nações a partir do investimento em infraestrutura tecnológica, incluindo a compra de um supercomputador alimentado por energias renováveis e o investimento de R$ 817 milhões em ações educacionais.
O peruano José Garcia Herz, sócio da gestora Winnipeg Ventures, aponta que esse cenário é semelhante em toda a América Latina. “Não é apenas com IA, mas com tecnologia no geral, porque nossa educação é baixa, nossos orçamentos de P&D são pequenos se comparados a Israel, Estados Unidos ou países da Europa. Se não resolvermos isso, será muito difícil criar comunidades tecnológicas. Não poderemos competir se tivermos esses problemas estruturais”, comenta.
*A jornalista viajou a convite do Dubai World Trade Centre.
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