39% dos bares e restaurantes do Rio Grande do Sul precisarão demitir funcionários, diz Abrasel
Levantamento indica que 25% dos negócios ainda não reabriram e mais da metade não conseguiu acesso a crédito para reconstrução O impacto das enchentes que inundaram 90% dos municípios do Rio Grande do Sul ainda está sendo medido no estado. Segundo pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) nesta segunda-feira (24/6), 39% dos estabelecimentos do setor terão de demitir funcionários por não conseguir arcar com a mão de obra. Dentro eles, 46% devem dispensar entre três e cinco colaboradores.
O cenário é resultado da queda acentuada no faturamento dos negócios: 84% dos respondentes afirmaram que as vendas em maio foram menores do que em abril. Os principais danos sofridos pelos estabelecimentos foram com insumos (33%), maquinários (21%) e imobiliários (17%).
Quando questionados sobre formas de evitar as demissões, mais da metade dos entrevistados (51%) citou o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), lançado pelo Governo Federal durante a pandemia, com suspensão de salário e pagamento de piso proporcional. Em 20 de junho, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Portaria nº 991, que prevê o pagamento de duas parcelas do salário mínimo (R$ 1.412) nos meses de julho e agosto para os funcionários das empresas afetadas, com a condição de que eles sigam empregados por quatro meses, pelo menos.
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Maria Fernanda Tartoni, presidente do Conselho de Administração da Abrasel no RS, criticou a portaria, apontando que a publicação aconteceu dois meses após as enchentes e que, neste período, demissões já aconteceram. Para ela, o texto não é claro sobre os estabelecimentos que poderão usufruir do benefício. Além disso, o piso salarial da categoria no estado é de R$ 1.665, fazendo com que os empreendedores precisem inteirar o valor disponibilizado pelo governo.
“Pequenos empresários não têm reservas financeiras e não conseguem arcar com três folhas de pagamento. Muitos já enfrentaram dificuldades para pagar a folha de maio sem ter faturado e agora não têm recursos para cobrir os salários de junho e julho. E ainda tem o fator de que muitos negócios vão precisar começar do zero. O Pronampe oferece até R$ 150 mil para apoio aos negócios, mas a liberação não acontece em menos de uma semana. Se reconstruir uma empresa novamente já é um desafio, imagine fazer isso enquanto tem que arcar com as folhas de pagamento”, declarou.
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62,5% dos respondentes afirmaram estar com dificuldade para acessar crédito para reconstruir os negócios. Para 64% dos empreendedores, o custo para retomar as atividades é estimado em até R$ 500 mil, enquanto 25% dos entrevistados ainda não conseguiram reabrir.