190 anos depois, o mate industrializado mais antigo do Brasil ainda é um dos mais vendidos
O CEO da Mate Real, uma das líderes na fabricação de chás do país, conta com orgulho sobre a história da empresa familiar centenária Tradição. Esse é o segredo da longa jornada da Mate Real, que começa em 1834 e atravessa quatro gerações nas mãos da família Fontana. “Quando foi comprado, o negócio tinha outro nome e era focado na produção de erva-mate, na época chamada de ouro verde, já que movimentava a economia do Paraná”, conta Henrique Fontana, atual CEO.
Com uma visão inovadora, o primeiro familiar à frente da empresa, Francisco Fasce, revolucionou o sistema de moagem da erva e criou equipamentos avançados para a época. Um espírito empreendedor que se manteve na segunda geração, quando Francisco Fido Fontana fundou a primeira emissora de rádio do estado e revolucionou o negócio, incluindo a industrialização da produção de mate tostado.
“Diz a lenda que as pessoas secavam a erva pendurando-a em cima dos fogões a lenha e que um dia um dos galhos caiu sobre o fogo, revelando a potência do mate tostado. Na década de 1930, fomos pioneiros em lançar o primeiro chá-mate tostado”, conta o CEO.
Fido ainda foi responsável pela expansão com a construção de uma nova fábrica com muito mais capacidade produtiva. A localização escolhida levava em conta a ferrovia, que passava na porta da indústria, o que facilitava o escoamento, permitindo levar a marca pelo Brasil.
O problema é que nos anos seguintes, perto de 1950, o café começou a ganhar protagonismo no estado, tirando o mercado do chá. “Foram trinta anos de queda, até que meu avô tomou a decisão de fundir o negócio a outras empresas, incluindo a do famoso Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, ganhando força para escalar”, diz Henrique. Nascia assim, em 1953, a Moinhos Unidos do Brasil-Mate S.A, razão social vigente até hoje.
Entretanto, o fôlego que o conglomerado ganhou não foi suficiente para manter o negócio estável e a geração de Aramis Fontana, atual presidente, pegou a companhia em uma situação de concordata. “Mas meu pai acreditou na força da nossa história, comprou a empresa integralmente e conseguiu colocá-la em pé de novo”, se orgulha o atual CEO.
A partir daí, o negócio voltou a crescer. A chamada Mate Real se reinventou com o lançamento de uma linha de chás multiervas, se modernizou com tecnologias de ponta, voltou a ganhar espaço e reconhecimento, e, hoje, registra uma receita bruta de R$ 50 milhões ao ano, se posicionando novamente entre as líderes de mercado do segmento de chá.
O herdeiro explica que, há décadas, o apoio do Itaú Empresas tem sido fundamental na manutenção da saúde do negócio. “Temos muita confiança no banco e contamos com suporte muito especial, com uma equipe que está sempre de portas abertas, nos dando completa assistência”, diz.
Agora, ele acredita que a Mate Real está pronta para dar os próximos passos e chegar aos 200 anos ainda maior. “Minha missão é a expansão da empresa, é retomar a fatia de mercado que sempre foi nossa, mantendo nossa história longeva”. Afinal, atravessar dois séculos, sobrevivendo a cenários políticos e econômicos desafiadores que incluíram revoluções, guerras e as mais diversas crises, não é para qualquer um.