10 pontos de atenção para quem quer transformar seu negócio em franquia
Franchising brasileiro registrou crescimento nominal de 13,5% em 2024, conforme dados da ABF. Especialistas apontam a necessidade de planejamento estratégico para investir nesse modelo Franquear um negócio pode ser uma opção interessante para quem deseja expandir operações, alcançar novos mercados e aumentar os lucros. Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o mercado de franquias no Brasil registrou crescimento nominal de 13,5% em 2024, chegando a um faturamento de R$ 273,083 bilhões.
Com uma ampla variedade de segmentos, as franquias oferecem grandes oportunidades para empreendedores, de alimentação até saúde e beleza. No entanto, especialistas ouvidos por PEGN alertam para a necessidade de um planejamento estratégico, que inclui etapas como análise detalhada do negócio, viabilidade financeira e até condições de suporte. Confira a seguir:
1. Fortalecimento da marca
Antes de pensar na expansão, o empresário precisa investir no fortalecimento da marca por meio das estratégias de operação do negócio. Segundo Glauco Nunes, coordenador de Mercado do Sebrae-RJ, a entrada no franchising deve ser motivada pelo sucesso da empresa e pela possibilidade de crescimento.
“É sinal de que o modelo de negócio está dando certo, que têm pessoas interessadas. Por isso, é importante que a empresa tenha seus processos bem documentados para que consiga ser replicado em outras praças”, reitera.
2. Capacitação
Nunes ainda destaca a necessidade de capacitação para maior entendimento da expansão da empresa por meio do modelo de franquias. De acordo com ele, o próprio Sebrae pode ser uma fonte para consultoria e suporte para os empreendedores que desejam investir nesse modelo.
“Temos uma trilha de capacitação para quem quer comprar franquia, para quem quer transformar o seu negócio em franquia, para aquele franqueador que está com dificuldade de expandir a marca”, afirma.
3. De olho no lucro
Eduardo Santinoni, diretor da Regional Centro-Oeste da ABF, explica que o interesse pelo franchising começa por uma análise detalhada do negócio. De acordo com ele, é fundamental que a empresa apresente resultados positivos, a exemplo do faturamento.
“O primeiro sinal é o lucro, porque a franquia é a multiplicação de um modelo de negócio de sucesso. Então, para poder fazer essa transformação, é importante que a empresa tenha bons resultados e uma boa gestão”, afirma.
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4. Avaliação detalhada do negócio
Abkeila Santos, docente da Pós Graduação Gestão de Negócios do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, corrobora que a entrada no modelo de franquias exige uma avaliação detalhada da estrutura da empresa.
“O negócio já deve ter uma consistência, ou seja, lucros comprovados, processos bem definidos, uma operação, atendimento, marketing, comercial, extremamente bem estruturados para que possam ser replicados”, pontua.
5. Maturidade
Santinoni destaca a importância da maturidade da empresa para a entrada no franchising, embora a legislação brasileira não estabeleça um tempo mínimo de atividade. Isso porque, segundo ele, o negócio precisa ter processos claros e testes bem definidos para serem replicados no modelo de franchising.
6. Atratividade
Para Santos, do Senac, outro aspecto fundamental no processo de análise é a identificação do potencial de atratividade da marca. Segundo ela, o empresário deve se perguntar se o negócio gera demanda e provoca interesse em possíveis franqueados.
“É importante que a marca já tenha alguma visibilidade significativa no mercado, para que tenha apelo e exista realmente esse interesse.”
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7. Diferencial
Claudio Cruz, professor de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), ressalta que a empresa deve apresentar diferenciais para se destacar no mercado e atrair possíveis franqueados, considerando a alta competitividade.
“O negócio já precisa ter uma maturidade grande na parte de processo. Então, o que diferencia dos outros? Porque o processo é tão bom que consigo repeti-lo. Dá resultado? Aí ele precisa explicar e mostrar para os franqueados que eles também vão ter sucesso”, frisa.
Para auxiliar no processo, o especialista recomenda a realização de uma pesquisa de mercado para entender as necessidades dos consumidores, além da inovação nos produtos ofertados e atenção às tendências do mercado.
8. Viabilidade financeira
Quem deseja investir no modelo de franquias deve se preparar para o investimento que o movimento exige, que vão desde o processo de planejamento até a estruturação das franquias.
“Um dos atributos muito importantes para a marca expandir é ter o caixa necessário para dar conta dessa expansão. Mesmo sem investimentos em cada loja, há apontes em equipe e na estruturação, por exemplo”, diz Santinoni, da ABF.
9. Consultoria especializada
Quanto ao planejamento estratégico, Neander Souza, especialista em estruturação de empresas, sugere que o empreendedor busque uma consultoria especializada para auxiliar no processo, que abrange todas as ações que irão conduzir à expansão do negócio.
“Esse profissional precisa ter capacidade técnica sobre negócios, empreendedorismo, a parte financeira de retorno de investimento, ponto de equilíbrio, lucratividade, rentabilidade, que é o que chamamos de especialista em expansão”, afirma.
Diante do atual cenário de inovação, ele destaca que essa consultoria deve se beneficiar do uso de tecnologias como a inteligência artificial para alavancar o processo, além de pensar soluções de atendimento e suporte.
“A IA pode potencializar e deixar a franqueadora mais preparada, com mais conhecimento. É uma ferramenta que acelera os processos de expansão, de atendimento e suporte ao franqueado”, ressalta.
10. Aspectos legais
Thais Kurita, advogada especializada em franchising, alerta para a atenção com os requisitos legais como a elaboração da Circular de Oferta de Franquia (COF), que é um documento obrigatório previsto na Lei de Franquias (Lei nº 13.966/2019). A COF deve apresentar informações detalhadas sobre a franquia: histórico da rede, estrutura da empresa, dados financeiros, obrigações das partes, suporte e acompanhamento, entre outros.
De acordo com Kurita, o documento assegura a transparência na relação entre a franqueadora e o candidato a franqueado e até pode reduzir conflitos no futuro.
“A lei diz que o franqueador precisa transferir know-how e ter um método. Ou seja, ele deve estar devidamente constituído e apresentar seus balanços de dois anos anteriores. Se não tiver, precisa declarar que acabou de reconstituir a empresa”, pontua.